30 de novembro de 2024

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Agência reguladora dos Estados Unidos aprova vacina contra chikungunya do Butantan e da Valneva

Crédito: Mateus Serrer / Comunicação Butantan

Butantan busca a aprovação também no Brasil e está conduzindo testes em adolescentes; imunizante gerou anticorpos em 98,9% dos voluntários americanos

A vacina contra a chikungunya desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva, foi aprovada nesta quinta (9) para maiores de 18 anos pela agência reguladora dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA). Trata-se do primeiro imunizante autorizado no mundo contra a doença. A avaliação levou em conta os dados americanos do ensaio clínico de fase 3 publicados em junho na revista The Lancet, que mostraram que a vacina é segura e induziu anticorpos em 98,9% dos participantes da pesquisa.

A conquista demonstra o potencial do imunizante e fortalece a possibilidade de sua futura liberação no Brasil. A previsão é que o Butantan submeta o pedido de aprovação para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no primeiro semestre de 2024. O Butantan também está conduzindo estudo de fase 3 no Brasil, que é considerada uma região onde tem transmissão do vírus, desta vez em adolescentes. Os resultados, esperados para breve, podem substanciar a ampliação da indicação da vacina para este grupo etário.

“É uma ótima notícia para todos. Estamos cada vez mais próximos de oferecer uma vacina contra chikungunya para a população. O Butantan tem muito orgulho de participar ativamente deste processo de desenvolvimento”, afirma o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás.

No Brasil, a vacina está sendo testada em 750 adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos que residem em áreas endêmicas nas cidades de São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR).

No ensaio clínico conduzido nos Estados Unidos, uma única dose da vacina da chikungunya induziu produção de anticorpos neutralizantes em 98,9% dos participantes e se mostrou segura. As reações adversas foram majoritariamente leves, sendo as mais comuns dor de cabeça, fadiga, dores musculares, dores nas articulações, febre, náusea e sensibilidade no local da injeção. Depois de seis meses da vacinação, a proteção ainda foi mantida em 96,3% dos voluntários.

Doença pode deixar sequelas graves

A chikungunya é uma doença viral transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Alguns casos podem ser assintomáticos e outros podem causar febre acima de 38,5° e dores intensas nas articulações de pés e mãos, além de dor de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas na pele.

O principal impacto de saúde pública são as sequelas deixadas pela chikungunya – as fortes dores articulares podem se tornar crônicas e durar anos. “Muitos desses casos ocorrem em pessoas jovens, que não conseguem mais nem trabalhar. Então essa arbovirose acaba tendo consequências não só na saúde, mas na economia”, aponta a diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus chikungunya já foi identificado em 110 países na Ásia, África, Europa e nas Américas. No Brasil, os casos aumentaram 78% entre 2021 e 2022. Ainda não existe tratamento específico para a infecção.

A principal forma de prevenção atualmente é o controle dos vetores, assim como no caso da dengue. Isso inclui esvaziar e limpar frequentemente recipientes com água parada, como vasos de plantas, baldes, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e descartar adequadamente o lixo.

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