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Atinge em torno de 20% da população pediátrica e 60% dos casos já aparecem no primeiro ano de vida
São Paulo, julho de 2024 – “É uma alergia”. “É uma irritação passageira”. São frases como essas que pais e mães de crianças com dermatite atópica (DA) escutam com frequência até chegarem ao diagnóstico correto. A dermatite atópica é uma doença crônica e sistêmica, e entre 1.9 a 6,9% das crianças entre 6 meses e 5 anos de idade apresentam a forma grave da doença[1] .
Conviver com a DA é um desafio, e para as crianças mais ainda, considerando a falta de maturidade e discernimento em relação aos sintomas. Nos casos mais graves da DA, as lesões aparecem em vários locais do corpo principalmente nas dobras, s, deixando a pele avermelhada, com rachaduras e uma coceira intensa que não dá trégua nem à noite, o que pode impactar o sono[2].
Segundo a Dra. Silvia Soutto Mayor, médica dermatologista pediátrica, além dos sinais que a pele apresenta, alguns outros sintomas podem se manifestar ao longo da fase de crescimento. “Caso a DA não seja diagnosticada precocemente e os sinais e sintomas da doença não sejam tratados de forma rápida, o quadro pode evoluir para o seu nível mais grave com inflamação persistente e acometimento respiratório (bronquite, asma, rinite) ”.
Para conhecer melhor sobre a doença e como ajudar as crianças que têm o diagnóstico, veja a seguir alguns dos principais fatos sobre DA em crianças, explicados pela Dra. Silvia Soutto Mayor.
Coceira excessiva
A doença é caracterizada principalmente por uma pele extremamente seca e uma coceira (prurido) intensa, que evolui para lesões inflamatórias (eczema)4. No caso das crianças pequenas, muitas coçam excessivamente e podem arrancar a pele e piorar as lesões4. A coceira é comum e mais intensa nos casos moderados a graves da doença4.
Durante os primeiros anos da criança, as lesões aparecem principalmente nas bochechas e nas “dobrinhas” como a do pescoço, dos braços, punhos e atrás dos joelhos, que são também regiões de maior transpiração, e o suor pode agravar a coceira, o eczema e causar dor1.
Dificuldade para dormir
As lesões da DA frequentemente evoluem para feridas e infecções da pele que podem gerar dor e incômodo, principalmente na hora de dormir[3]. Isso acontece devido à coceira intensa, que costuma piorar durante a noite e impede a criança de conseguir ter um sono contínuo o que, consequentemente, atinge seus pais e cuidadores. “Outros fatores também podem gerar mais incômodo na pele da criança, como mudanças bruscas de temperatura, ar-condicionado, ventilador com poeira,” explica a Dra. Silvia Soutto Mayor.
Bullying e isolamento social
Adolescentes entre 14 e 17 anos perdem, em média, 26 dias de aula por ano em consequência de sintomas causados pela DA devido à vergonha, sensação de rejeição e até bullying3.
Quando diagnosticados na fase inicial da doença, muitos pacientes com DA têm quadros leves e conseguem manejar os sintomas com hidratação e uso de corticoides tópicos,e os sintomas tendem a melhorar ao longo da fase de crescimento.
Porém, há uma parcela menor de pacientes que apresenta a forma grave da doença, e costuma demorar mais para receber o diagnóstico e o tratamento adequado. “Para os casos moderados a graves, o diagnóstico precoce é mais importante ainda para definir o tratamento adequado, que nesses casos, geralmente exige o uso de terapias mais avançadas como imunobiológicos, já que esses pacientes não costumam responder bem aos tratamentos inicialmente recomendados” explica a Dra. Silvia.
O conhecimento sobre a doença serve de alerta para que os pais procurem um pediatra ou dermatologista assim que notarem os primeiros sinais e sintomas da DA a fim de obterem o diagnóstico correto e iniciarem o tratamento precoce.
A Dra. Silvia enfatiza que a DA é tratável: “Coceira excessiva, pele muito seca e áspera, eczema na face e nas dobras, sono perturbado e mudanças bruscas de humor não são normais. Por isso, é essencial que os pais procurem um especialista e ajudem seus filhos a ter uma melhora na qualidade de vida. Seja qual for a gravidade da doença, é possível controlar os sintomas com o tratamento adequado”.
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[1] .Laughter MR, Maymone MBC, Mashayekhi S, Arents BWM, Karimkhani C, Langan SM, et al. The global burden of atopic dermatitis: lessons from the Global Burden of Disease Study 1990-2017. Br J Dermatol. 2021;184(2):304–9.
[2] Eichenfield et al. Guidelines of Care for Atopic Dermatitis. J Am Acad Dermatol. 2014;70(2):338-51. Acesso em: 11 jun. 2024.
[3] Simpson EL et al. J Am Acad Dermatol 2016;74:491-498.