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Atualmente, a região contempla mais de 1 mil startups e tem grande potencialidade de expansão para se tornar polo tech referência no Brasil
O Nordeste está experimentando um surpreendente avanço tecnológico, que inclui o impulsionamento e o desenvolvimento econômico, além da criação de oportunidades para os talentos locais. Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Startups (AbStartups), a região abriga atualmente mais de 1.100 startups. Se no passado o local exportava talentos para outras partes do país, hoje ela abriga um verdadeiro ecossistema de inovação, que segue em constante evolução.
Não à toa, nascem projetos para impulsionar a capacitação e o desenvolvimento desses novos talentos tech, é o caso do Mulheres In Tech, iniciativa apoiada pela Alura, maior ecossistema de ensino em tecnologia do Brasil, e desenvolvida pela Fly Educação, ONG que ensina conteúdos socioemocionais em escolas latino-americanas. A parceria consiste em capacitar em educação socioemocional e científica a mulheres em situação de vulnerabilidade em prol da diminuição das desigualdades e a geração de renda por meio da empregabilidade no mercado tech.
Para Alejandra Yacovodonato, fundadora e diretora executiva da Fly Educação, a inclusão digital do nordeste já coloca a região no mapa da inovação, não à toa, o estado do Ceará é reconhecido com uma case de revolução na área de educação. Neste sentido, o Mulheres in Tech desempenha papel fundamental na promoção do desenvolvimento e evolução pessoal e profissional de mulheres, além de prepará-las para o mercado de trabalho.
“A mulher nordestina enfrenta desafios econômicos significativos, sendo a que menos ganha dinheiro no Brasil. Iniciativas como essa têm um impacto transformador, não apenas porque preenchem o vazio histórico de desigualdades no Nordeste, mas também porque capacitam essas mulheres com competências socioemocionais e conteúdo técnico, permitindo que elas alcancem seu potencial tecnológico. É uma abordagem crucial para reduzir a desigualdade de oportunidades e de gênero na região”, avalia.
A fundadora da ONG ainda abre alguns dos resultados do projeto por meio de dados. Até o momento, mais de 52% das estudantes do Projeto Mulheres in Tech estão empregadas na área de tecnologia em um prazo de até 6 meses após formadas. Até janeiro deste ano, parte das estudantes já estavam ganhando salários entre R$ 1 e R$ 3 mil (70%), enquanto outra parcela possui remuneração entre R$ 3.600 e R$ 7 mil (12%). Além disso, 23% já cresceram até 3 posições. “No último ano, foram quase R$ 1 milhão em salário recebidos pelas formadas, imagina esse potencial sendo escalado na região, com investimentos e promoção de mais iniciativas como essa”, revela Yacovodonato.
Para Jussara Teixeira, residente do interior do Ceará e uma das participantes do projeto, a iniciativa não só quebrou as barreiras da distância, como as conectou com outras estudantes de diversos estados do Nordeste. “As técnicas e ferramentas estão me beneficiando não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente”. Já para Nycole Pereira, a capacitação foi uma grande oportunidade para desenvolver algumas soft skills. “Os exercícios socioemocionais se mostraram ferramentas úteis no meu cotidiano. Ao refletir sobre o impacto do projeto em mim até agora, percebo que uma das principais lições foi a paciência, aprendi a valorizar essa virtude”.
O projeto, vai ao encontro de uma demanda crescente da região nordestina: a contratação de talentos tech. Segundo o Mapa de Negócios de Impacto do Nordeste, mais de duzentas empresas adotam tecnologias de impacto, como Inteligência Artificial, Machine Learning, Big Data, Internet das Coisas, energias renováveis, dentre outras. O movimento tem se tornado tão importante na região que, a partir de 2024, as escolas estaduais de Ensino Médio do Piauí passarão a incluir em seu currículo a disciplina de Inteligência Artificial. Só 11 países fizeram isso até agora e o Brasil será o 12º por meio do pioneirismo piauiense.