Estudantes e professores questionam o formato do sistema de ensino brasileiro
Com a proposta de possibilitar voz aos alunos e professores que querem um sistema educacional e de aprendizagem diferente, o administrador e empreendedor soteropolitano, Kenzzo Lui (25 anos) juntamente a um grupo de alunas que conquistaram a nota máxima no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) decidiu unir suas vozes em prol de um pedido de reformulação profunda no sistema educacional brasileiro.
“Quando eu era aluno, sempre questionava os professores: “Pra que eu tô estudando isso se não vou usar em nada na minha vida além de fazer uma prova?”. Mesmo concordando com o questionamento do aluno, geralmente a resposta dada pelos professores era: “Pra você passar de ano e passar no ENEM”. Os adolescentes concluem a escola sem saber gerenciar suas emoções, muitas vezes não sabem falar em público, não sabem o básico dos seus direitos, políticas públicas, educação financeira ou imposto de renda. Aos 18 anos, recém formado no ensino médio, me senti completamente despreparado para a vida. Menos de um ano depois eu já tinha esquecido a maioria dos assuntos dados no ensino médio, o que é algo extremamente comum entre os estudantes. A partir dos 18, desenvolvi habilidades de comunicação (sou um ex-tímido), finanças, vendas, inteligência emocional, dentre outras. Minha vida seria muito melhor se eu tivesse aprendido isso na escola”, conta Kenzzo Lui.
De acordo com dados, compartilhados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), dois milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos não estão frequentando a escola no Brasil. A Pesquisa realizada pelo IPEC para o UNICEF com pessoas de 11 a 19 anos que estudam em escolas públicas, ou que não estão na escola e não completaram a educação básica aponta trabalho infantil e dificuldades de aprendizagem como os principais motivos da evasão escolar.
Em casos de dificuldade de aprendizagem, alguns sinais podem ser notados pelos professores antes que um aluno abandone a escola, como baixa frequência e o baixo desempenho sucessivo nas avaliações, são uma indicação muito clara de que o aluno não está envolvido com os desafios de aprendizagem da escola.
Pedido de mudança
O movimento se agrupou com a missão de levantar uma discussão sobre a atual estrutura do sistema de ensino brasileiro e sobre o formato proposto pelo ENEM. Sabendo a força e o potencial que existe na transformação através da educação, o pedido é de análise das abordagens e da maneira de levar a educação para os estudantes. Muitos assuntos tratados deixam de ser utilizados fora do ambiente escolar e são mais decorados para passar nas provas do que realmente aprendidos. Existe uma proposta com mudanças significativas, que possam beneficiar tanto os alunos como os educadores e diminuir a evasão das escolas.
“Tiramos nota máxima na redação do Enem, ou seja, somos o resultado perfeito daquilo que é almejado como objetivo do sistema. Se estamos abordando esse assunto, é porque temos credibilidade para questionarmos aquilo que aprendemos”, conta Maria Fernanda, de Santa Catarina. Aprovada em Medicina pela UFPEL ( Universidade Federal de Pelotas).
As alunas protagonistas desta iniciativa e que obtiveram a pontuação máxima (1000) no ano de 2022, argumentam que o atual sistema de avaliação não reflete completamente o real potencial dos estudantes, elas acreditam que não é a melhor maneira de preparar os jovens para os desafios da sociedade contemporânea.
“Decidimos nos juntar para falarmos do nosso sonho para a educação no Brasil”, enfatiza Rilary Manuela. Natural de Itapiranga, interior do Amazonas, a estudante, de 18 anos, que foi nota mil na redação, aprovada no curso de engenharia civil na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Para assistir o vídeo que já alcançou mais de cem mil visualizações nas redes sociais, acompanhe aqui: https://www.instagram.com/p/CzE9crSuwM4/