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A natureza e o desempenho das células tumorais são determinantes para o prognóstico e definição do tratamento, explica o neurocirurgião Dr. Claudio Fernandes Corrêa
O diagnóstico de um tumor cerebral sempre gera grande apreensão, dado os prognósticos gerais que ele apresenta em termos de possibilidades ou não de cura e sequelas. Existem mais de uma centena de tipos de tumores, classificados entre benignos e malignos, sendo este um fator determinante para a condução e os resultados esperados.
“As células de um tumor benigno crescem de maneira lenta, permanecendo no local de origem, o que facilita o seu tratamento, baseado essencialmente em sua extração cirúrgica”, explica o neurocirurgião com mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP, Dr. Claudio Fernandes Corrêa.
Já os tumores malignos, na sua maioria formado pelas células da glia, apresentam um comportamento agressivo, com a capacidade de invadir rapidamente áreas adjacentes do encéfalo. Ainda temos as metástases cerebrais, especialmente provenientes de tumor primário da mama, pulmão, entre outros. São potencialmente fatais, especialmente se não forem diagnosticados e tratados precocemente.
“Se identificamos algum tipo de massa, a biópsia (coleta de uma pequena amostra de tecido para análise laboratorial) é uma excelente conduta para definir qual o melhor tratamento a ser proposto. As estratégias terapêuticas podem incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia, muitas vezes combinadas para potencializar os resultados”, conta o médico que também é idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho.
Identificando os sinais de um tumor cerebral
Os sintomas dos tumores cerebrais podem variar, dependendo do tamanho, localização e tipo, mas em geral causam dor de cabeça persistente de leve para média intensidade, alterações na visão, convulsões, vômitos em jato, dificuldades de coordenação motora e possíveis mudanças na personalidade. A ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada (TC) são exames essenciais para o diagnóstico, pois proporcionam imagens detalhadas.
A imunoterapia, que estimula o sistema imunológico do corpo para identificar e atacar seus agressores, tem sido experenciada no campo dos tumores cerebrais, empregando substâncias como inibidores de check points imunológicos, terapias celulares como as CAR-T cells, e vacinas. O objetivo é que a terapia se concentre em atacar características específicas das células cancerígenas, como proteínas ou genes que impulsionam o crescimento tumoral.
Essa abordagem visa minimizar danos às células saudáveis, evitando-se assim as sequelas decorrentes dos tratamentos tradicionais.
A terapia-alvo deve ser altamente personalizada, adaptando-se às características genéticas únicas de cada tumor, representando um avanço significativo na busca por tratamentos mais eficazes e menos invasivos. “De forma promissora, alguns avanços da medicina passam a oferecer novas perspectivas de cura para uma doença ainda bastante complexa”, conclui Dr. Cláudio Corrêa.
O médico, que tem um canal de podcast onde aborda doenças neurológicas tratou do tema em seu último episódio, que pode ser acessado aqui: Neuro em Dia.
Mais sobre o podcast Neuro em Dia
Com mais de 30 de atuação como neurocirurgião, Dr. Claudio Correia tem amplo conhecimento e experiência no âmbito da doença de Parkinson, aliando os procedimentos neurocirúrgicos para o tratamento do distúrbio. Por isso, em seu podcast Neuro em Dia, dentre outros assuntos, aborda a temática dos tumores cerebrais a fim de esclarecer dúvidas comuns e conscientizar os ouvintes. O programa está disponível nas principais plataformas de streaming de áudio, clique aqui para escutar.