Para além da preservação de áreas verdes, a discussão sobre mudanças climáticas também deve abranger as metrópoles e a construção civil
Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Reciclagem de Resíduos (Abrecon), em 2022, a construção civil produziu no país cerca de 120 milhões de toneladas de entulho. Desse número, 70% dos resíduos foram descartados de forma inadequada, afetando diretamente a poluição do ar e da terra. À medida que o desenvolvimento urbano avança sem integrar práticas sustentáveis, os efeitos das mudanças climáticas não só colocam em risco as populações humanas, mas também comprometem a estrutura de cidades, exigindo a implementação de medidas de adaptação para lidar com eventos extremos.
Para a geógrafa, especialista em gestão ambiental e fundadora da Singular Ambiental, Susi Uhren (foto), o desenvolvimento urbano sustentável é imprescindível. Isso porque o avanço da urbanização, somado às mudanças climáticas, interfere diretamente no clima das metrópoles. Embora também haja influência do aquecimento global, a impermeabilização do solo e altas taxas de emissões atmosféricas são determinantes para a promoção de ilhas de calor.
Esse fenômeno ocorre, sobretudo, em regiões metropolitanas. A especialista explica que
“A urbanização pode alterar os padrões naturais de precipitação, resultando em maior escorrimento superficial, devido a impermeabilização do solo, e menor infiltração de água, isso pode levar a enchentes repentinas, erosão do solo, contaminação da água e destruição de habitats naturais, exacerbando os impactos das chuvas intensas e das tempestades”.
De modo geral, a urbanização desempenha um papel significativo na amplificação dos efeitos das mudanças climáticas, criando condições que intensificam os efeitos negativos sobre o meio ambiente e sobre as próprias comunidades urbanas. De acordo com dados divulgados pela ONU, os espaços urbanos aglomeram cerca de 70% das emissões globais de dióxido de carbono e aproximadamente dois terços do consumo de energia. O dado chama atenção para a necessidade de cidades mais verdes e que utilizem, por exemplo, energia renovável, programas de gerenciamento de resíduos, reutilização da água e controle de poluentes.
Ao implementar essas e outras práticas sustentáveis por meio de adaptações na infraestrutura, os municípios podem apresentar uma redução de cerca de 30% no consumo de energia e emissões de carbono. Essas ações contribuem no combate das mudanças climáticas, problema discutido mundialmente, e por consequência, na melhoria da qualidade de vida, o que reforça ainda mais a busca de empresas de construção civil por uma produção sustentável. A preservação de áreas verdes e a proteção de recursos hídricos são exemplos para possíveis reduções.
Susi também aponta algumas adaptações em áreas urbanas que podem ser feitas a fim de minimizar os efeitos da emissão de carbono na urbanização, diminuir as temperaturas locais e melhorar a qualidade do ar:
- Investir em telhados, paredes verdes e pavimentação permeável para a absorção da água da chuva, reduzir inundações e fornecer isolamento térmico;
- Desenvolver sistemas de drenagem que possam lidar com as chuvas intensas e evitar inundações;
- Implementar programas de reciclagem eficazes e reduzir o desperdício capazes diminuir a produção de resíduos e reduzir a necessidade por recursos naturais;
- Criação de praças, jardins e áreas verdes;