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Estudos já demonstraram que atuar antes em fatores de risco pode evitar ao menos 40% dos casos de demência
São Paulo, 12 de agosto de 2024 – A demência, doença que afeta em torno de 2 milhões de pessoas com mais de 60 anos, no Brasil, e que pode atingir 5,5 milhões de pessoas em 2050, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) será o principal tema do evento promovido pela escola HCX, do Hospital das Clínicas da FMUSP, a partir da próxima quarta-feira, dia 14 até o dia 17 de agosto, no Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (InRad), em São Paulo.
De acordo com estudo da OMS, este tipo de doença tende a crescer ainda mais atingindo a marca de 150 milhões de pessoas em todo o mundo, em 2050. Hoje, 50 milhões sofrem de demência no mundo, segundo a entidade. Por isso, a enfermidade será debatida durante o 12º Curso Intensivo em Geriatria, promovido pelo HCX e pelo Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas, que pretende aprofundar o conhecimento e capacitar os profissionais de saúde sobre os fatores de riscos da demência e a possibilidade de trabalhar com prevenção para reduzir fatores de risco e evitar os casos deste mal.
O evento do HCX terá a duração de quatro dias e terá o foco totalmente voltado ao estudo da demência no primeiro dia e nos demais dias serão abordadas as atualizações dos tópicos que envolvem os cuidados do paciente idoso desde anemia, problemas cardíacos, problemas pulmonares etc.
Palestrantes de peso
A neurocientista, Dra. Chi Udeh-Momoh, PHD, MSc, FHEA, afiliada ao Imperial College London, Karolinska Institute e Bristol University, é uma das palestrantes convidadas que ministrará uma aula magna para os 150 profissionais de saúde, que participarão do evento do HCX. A neurocientista afirma que “é possível reduzir a escala e o impacto da demência por meio de abordagens colaborativas multidisciplinares com estratégias de promoção da saúde cerebral equitativas e acessíveis, buscando a prevenção e a melhoria de qualidade de vida de pacientes com demência”.
Udeh-Momoh abordará a prevenção e o manejo da doença durante a sua aula destacando a prevenção desde a infância. Quanto mais estímulo ao estudo e quanto maior a escolaridade da pessoa, maior a proteção e preservação das conexões cerebrais ou quanto maior a reserva cognitiva menor o risco de ter demência no futuro.
Segundo o geriatra Luiz Antônio Gil Junior, do Hospital das Clínicas da FMUSP e coordenador do curso, “ações preventivas importantes para evitar a demência devem priorizar o controle de doenças como hipertensão e diabetes, além do incentivo à prática de atividade física. Manter uma estimulação mental por meio de aprendizagem ao longo da vida de forma contínua como, por exemplo, aprender a tocar música, estudar idiomas associada à prática de exercícios físicos contribuem para diminuir a chance de desenvolver demência”, acrescenta o médico.
Segundo o geriatra do HC, o objetivo do evento é “aprofundar o conhecimento e capacitar os profissionais para o tratamento da demência analisando aspectos desde a cognição humana e reserva cognitiva, patologia das demências, novos avanços em neuroimagem, risco genético e biomarcadores, inovações no tratamento farmacológico, estratégia para detectar e tratar demências potencialmente reversíveis, demências vasculares, demência de Alzheimer, tratamentos farmacológicos e não farmacológico e, também, educação dos familiares na gestão da demência”.
Aliás, a educação dos familiares no tratamento da doença é outro tema que ganhou projeção nas plataformas digitais com a presença da médica geriatra do Hospital das Clínicas da FMUSP, Thais Miranda, que se tornou influenciadora digital, utilizando as redes sociais para informar e desvendar a demência para o público em geral. Miranda também participará do curso intensivo para sensibilizar os profissionais de saúde da importância da comunicação no tratamento de idosos por familiares, cuidadores e profissionais médicos.
Fatores que levam à demência
Uma série de fatores podem levar à demência desde fatores genéticos e educacionais, além dos fatores de saúde como as doenças cardiovasculares, pressão alta, níveis altos de colesterol, diabetes, isolamento social, além de outros fatores como lesões cerebrais, lesões traumáticas do cérebro até doenças neurodegenerativas como doença de Parkinson.
O envelhecimento populacional é outra causa do aumento do número de pessoas com demência. Neste contexto, o foco em geriatria tornou-se uma necessidade na formação dos profissionais de saúde exigindo a atualização para o cuidado ao idoso. “A cada edição, tratamos um tema específico e este ano abordaremos a demência a fim de promover uma nova carga de conhecimentos para os profissionais que lidam com idosos”, explica o médico.
Dirigido a profissionais da área de saúde em geral, o curso de Atualização em Geriatria do HCX já formou mais de 1.000 alunos nos últimos 12 anos.
Medicamentos ainda distantes
Em relação às pesquisas de novos medicamentos, principalmente para a demência de Alzheimer, o geriatra afirma que o tema é controverso porque “de fato, novas pesquisas vêm sendo desenvolvidas e surgiram novas medicações no tratamento, no entanto, infelizmente a disponibilidade dessas medicações ainda não é uma realidade”.
O Brasil ainda não aprovou nenhuma medicação e ainda não é possível usá-la na prática clínica por causa de seu alto custo. Uma dessas novas medicações pode chegar a custar 56 mil dólares /anual, em média, ou seja, um preço impeditivo para a maioria das pessoas, diz ele. A discussão sobre as novas medicações são aspectos que serão tratados no curso intensivo para que os profissionais estejam atentos a essas novas possibilidades.
O geriatra destaca a presença no curso de pesquisadores renomados na área de geriatria, o que assegura a transmissão de conhecimento de ponta e permite aos profissionais se atualizarem quanto à assistência ao idoso. “Mais do que saber sobre geriatria, o curso valoriza a disseminação da ciência que vem sendo produzida por profissionais da USP. Esse é um trabalho que visa capacitar e levar o conhecimento para todos”, conclui.
Maiores informações pelo site do HCX:
PROGRAMAÇÃO
DATA: 14 a 17/08/2024
HORÁRIO: 8h00 às 18h30
LOCAL: INRAD – Instituto de Radiologia dos Hospital das Clínicas da FMUSP (Portaria 1) – Auditório 1 e 2.
Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 75 – Cerqueira César, São Paulo – SP
Sobre o HCX
A escola HCX do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP se consolidou nos últimos anos como um centro de excelência em ensino na área da saúde e é responsável por centralizar a gestão do conhecimento e dar suporte às iniciativas pedagógicas de forma transparente, segura e prática da FMUSP. Criado em 2009, o HCX reúne as atividades educacionais dos 9 Institutos do Hospital das Clínicas da FMUSP, dos 66 Laboratórios de Investigação Médica e dos Hospitais Auxiliares de Suzano e Cotoxó, em um único local. Desde o início, a escola assumiu o compromisso social na formação de seus profissionais, estreitando o vínculo entre a instituição e o mercado de trabalho com interações que fomentem transformações relevantes na área de saúde.