Graziela Lopes, diretora acadêmica da Rede Lumiar / Foto: Divulgação
A School Advisor revela também que uma das expectativas é que as escolas priorizem o aprendizado autônomo, além do desenvolvimento socioemocional das crianças
A consultoria internacional School Advisor revela que pais e mães nascidos entre 1980 e 1996 esperam que as escolas priorizem o aprendizado autônomo e o desenvolvimento socioemocional das crianças.
Para as famílias millenials, o principal objetivo da escola é promover situações que oportunizem a curiosidade dos estudantes (31%), formar cidadãos autônomos e conscientes com o contexto social (23%) e criar situações nas quais os estudantes possam desenvolver recursos emocionais (21%).
A pesquisa foi realizada com 800 famílias e divulgada no fim de 2023, tendo como objetivo identificar os seus desejos e desafios em relação ao acompanhamento escolar dos filhos. Os millennials, segundo a consultoria, foram a última geração educada de forma predominantemente analógica e a primeira a vivenciar os impactos da internet e dos dispositivos digitais.
Seus filhos pertencem à geração Alpha (nascidos a partir de 2010) e vivem na era digital, com smartphones, tablets e mídias sociais já fazendo parte de suas vidas. A comunicação digital é a norma entre as crianças, que vivem em um ambiente educacional com mais mudanças, foco na tecnologia e aprendizagem online.
Entre as conclusões da School Advisor, estão a de que uma escola de qualidade deve promover situações que estimulem a curiosidade dos estudantes, “gerando construção do conhecimento por meio da sua predisposição para conhecer o mundo”, serem estimulados a tomar decisões e arcar com suas consequências, além de escutados e apoiados.
Case de sucesso
O foco no aprendizado autônomo e desenvolvimento socioemocional sempre foram a proposta da Escola Lumiar, rede de Ensino Básico de São Paulo, destaca Graziela Lopes, diretora acadêmica da Rede Lumiar. “Todo o nosso currículo e práticas são voltadas para isso.” Graziela explica que a escola surgiu há mais de 20 anos com essa proposta e os conteúdos escolares seguem a base nacional curricular, mas também o “desenvolvimento de habilidades reais para o mundo atual, como a criatividade, competências socioemocionais relacionadas à colaboração, autorresponsabilidade, autoria e autonomia”.
Trabalhos escolares, individuais e em grupo, são pensados de forma a estimular a participação e o consenso, reforça a diretora. “Quando as crianças fazem projetos autorais, têm que colaborar, conviver entre si e aprender com as diferenças. Essa configuração faz com que as crianças tenham que colocar em prática habilidades relacionadas à autogestão e à questão emocional. Nem sempre uma turma quer a mesma coisa, então eles começam a entender como valorizar o interesse próprio e o do grupo.”
Tutela para o aprendizado
Para ajudar a desenvolver habilidades socioemocionais, a escola tem a figura do tutor, que acompanha o cotidiano dos alunos e atua como um orientador que identifica necessidades e estimula o aprendizado, explica Dalila Parente, diretora da Lumiar Pinheiros. “Em um projeto de matemática, por exemplo, quando a criança se frustra quando não entende algo ou tem vergonha de perguntar ao mestre, que é o professor da matéria, é o tutor que vai articular e ‘costurar’ a necessidade de aprendizado.”
O incentivo à colaboração, empatia e autogestão também são trabalhadas em situações do dia a dia, acrescenta Dalila. “Do momento que a criança entra na escola até a hora em que ela sai, isso é trabalhado. Na hora do almoço, por exemplo, nos preocupamos com quem ela vai se sentar e como vai deixar o lugar quando terminar. Amanhã ela estará no mercado de trabalho, nas empresas e nas ruas atuando como cidadão autônomo e vai precisar de habilidades socioemocionais.”
Escola de relacionamentos
Para Maria Olivia Pagot, diretora da Lumiar Morumbi, a Lumiar é uma “escola de relacionamentos” em função das atividades e da convivência dos alunos com pessoas diversas, o que é um estímulo para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais.
“A criança está se relacionando o tempo inteiro com outras da mesma idade ou não e com adultos. Isso acontece nos projetos práticos, porque não é só estudar sobre alegria ou tristeza. É ter essa vivência e exercitar, tendo um adulto ajudando a entender como a criança está e o que pode melhorar.”
Nesse sentido, Graziela reforça que é importante que as escolas tenham um currículo efetivo para trabalhar habilidades socioemocionais. Ela reforça que isso só acontece quando os contextos são diversificados e oportunidades reais de o estudante mobilizar e desenvolver essas habilidades.
“Não se garante este tipo de aprendizado sem contexto. Tratar esse tipo de competência de forma meramente teórica, sem momentos práticos, de vivência, e conectados à realidade dos estudantes, não garante o desenvolvimento socioemocional das crianças e jovens.”
Sobre a Escola Lumiar
Fundada em 2003, a Escola Lumiar surgiu como uma iniciativa de educadores de vanguarda para transformar a educação. Através de uma metodologia que prioriza a autonomia de cada estudante, o sistema da Lumiar se fundamenta em seis pilares: tutores e mestres; currículo em Mosaico; aprendizagem ativa; avaliação integrada; possibilidade de multietariedade e gestão participativa.