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Com o aumento das queimadas no país, especialista em ações humanitária reforça cuidado com mais novos
De janeiro a agosto, os incêndios no Brasil atingiram 11,39 milhões de hectares, segundo dados do Monitor do Fogo Mapbiomas, divulgados em setembro. Apenas em agosto, 5,65 milhões de hectares – área equivalente ao estado da Paraíba – foram consumidos pelo fogo, o que equivale a 49% do total do ano. Com isso, a fumaça das queimadas está se tornando uma grande ameaça à saúde humana. A Organização Meteorológica Mundial (OMM), informou que os gases tóxicos são compostos por monóxido de carbono (CO) e material particulado fino (PM2.5) – partículas minúsculas que são suspensas no ar, podendo agravar doenças respiratórias, como pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e cardiovasculares.
“Diante desse cenário, é fundamental que a população tome medidas para proteger a saúde durante os períodos de fumaça e poluição”, comenta Henrique Alencar, coordenador nacional de HEA (Assuntos Humanitários e de Emergência) da ONG Visão Mundial, organização humanitária que atua no Brasil há mais de 45 anos. Pensando nisso, a organização ressalta orientações essenciais para a população se proteger dos efeitos nocivos da fumaça, com atenção especial às crianças:
1. Aumentar a ingestão de água e líquidos
Manter-se hidratado é fundamental durante períodos de alta poluição. O aumento da ingestão de água ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas, formando uma espécie de barreira natural contra a entrada de poluentes. A hidratação adequada também facilita a eliminação de toxinas do corpo, ajudando a reduzir o impacto da fumaça sobre os pulmões e as vias respiratórias. “Para crianças, é importante incentivar o consumo regular de água ao longo do dia, pois elas podem não perceber a necessidade de beber líquidos com frequência”, comenta Alencar.
2. Reduzir ao máximo o tempo de exposição
A exposição prolongada à fumaça pode ser muito prejudicial, especialmente para os mais novos, cujos sistemas respiratórios ainda estão em desenvolvimento. Ficar em casa, preferencialmente em ambientes ventilados e com o uso de ar condicionado ou purificadores de ar, ajuda a diminuir o contato com o ar poluído. Essas medidas são fundamentais nos horários de maior concentração de poluentes, como início da manhã e final da tarde. As famílias que moram perto de áreas de queimadas devem prestar atenção redobrada.
3. Evitar atividades físicas em horários de alta poluição
A prática de exercícios físicos aumenta a inalação de ar e, consequentemente, a entrada de partículas tóxicas nos pulmões. É recomendável evitar qualquer atividade física ao ar livre em horários com altos níveis de poluentes, especialmente entre 12 e 16 horas, quando a concentração de ozônio é mais elevada. “Crianças e adolescentes, que costumam brincar ao ar livre, devem ser orientados a evitar atividades intensas nesses períodos”, afirma o coordenador da ONG Visão Mundial.
4. Uso de máscaras para reduzir a exposição
O uso de máscaras é uma medida eficaz para diminuir a inalação de partículas presentes no ar. Para situações de poluição leve, máscaras de tecido, cirúrgicas, ou mesmo lenços podem ajudar a filtrar as partículas mais grossas, proporcionando algum alívio às vias respiratórias. “No entanto, para áreas próximas às queimadas ou onde a poluição é severa, o uso de máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100 é mais indicado, pois elas conseguem filtrar partículas finas que causam danos mais profundos ao sistema respiratório”.
5. Atualizar o plano de tratamento médico
Para quem já possui condições respiratórias pré-existentes, como asma, bronquite ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), manter o plano de tratamento médico atualizado é essencial durante o período de queimadas. Recomendamos consultar um médico para revisar e, se necessário, ajustar as medicações. Crianças que sofrem de asma, por exemplo, devem estar com seus medicamentos de uso contínuo e de emergência sempre à mão.
6. Manter medicamentos e itens prescritos disponíveis
A qualquer sinal de crise respiratória, é fundamental que as medicações prescritas, como bombinhas ou outros inaladores, estejam de fácil acesso. Essa recomendação é válida para todas as idades, mas em especial para as crianças e os idosos, que podem apresentar dificuldade em manusear esses dispositivos sozinhos durante uma crise.
7. Buscar atendimento médico imediato
Os sinais de uma crise respiratória, como falta de ar, tosse persistente, chiado no peito e dificuldade para respirar, indicam que é hora de procurar ajuda médica. “A fumaça das queimadas pode agravar rapidamente essas condições, sendo fundamental agir de forma rápida e buscar atendimento emergencial para evitar complicações mais graves, especialmente em crianças”, afirma Henrique.
8. Avaliar a possibilidade de sair temporariamente da área afetada
Em áreas com queimadas intensas, a qualidade do ar pode se deteriorar a níveis perigosos, e as medidas de proteção podem não ser suficientes para proteger os mais vulneráveis. Nesses casos, considerar sair temporariamente da área afetada, principalmente se houver crianças, idosos ou gestantes na casa, pode ser uma medida preventiva para evitar problemas de saúde mais graves.
“Estamos passando por uma situação muito crítica e preocupante. Medidas precisam ser tomadas, junto com órgãos públicos, governo e associações privadas. A crise climática afetará hoje, mas, principalmente o futuro, onde nossas crianças sofreram ainda mais os impactos”, conclui Henrique Alencar, coordenador nacional de HEA (Assuntos Humanitários e de Emergência) da ONG Visão Mundial.
Sobre a Visão Mundial (World Vision)
A World Vision, conhecida no Brasil como Visão Mundial, é uma organização humanitária cristã dedicada a trabalhar com crianças, famílias e suas comunidades para atingir todo o seu potencial, combatendo as causas da pobreza e da injustiça. A Visão Mundial serve a todas as pessoas, independentemente de religião, raça, etnia ou gênero. A organização está no Brasil desde 1975 atuando por meio de programas e projetos nas áreas de proteção, educação, advocacy e emergência, priorizando crianças e adolescentes que vivem em situações de vulnerabilidade. Para mais informações: http://www.visaomundial.org.br/ .