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A conferência, que acontece neste mês na Colômbia, busca reforçar compromissos internacionais para a preservação ambiental
Com a crescente urgência de proteger os ecossistemas em um cenário global de mudanças climáticas e degradação ambiental, a 16ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP16), que acontece entre os dias 21 de outubro e 1º de novembro na Colômbia, é uma das mais importantes para a agenda global de sustentabilidade e preservação da biodiversidade.
“Assim como na COP do clima, a COP da biodiversidade é fundamental para reforçar compromissos dos países e pressioná-los a alcançar suas metas. O tema da perda de biodiversidade, tanto terrestre quanto marítima, é latente e precisa de soluções urgentes”, pontua Gustavo Loiola, professor e consultor em ESG e sustentabilidade
A América Latina abriga 60% de toda a biodiversidade do planeta, colocando a Colômbia, anfitriã do evento, em uma posição estratégica nas discussões globais sobre biodiversidade. “O evento na Colômbia é uma grande oportunidade para que a América Latina se posicione como centro das discussões, já que boa parte da biodiversidade global está em nosso território”, aponta.
Entre os temas que devem ganhar destaque na COP16 estão os mecanismos de inclusão de povos originários. O especialista ressalta que as populações indígenas, que vivem diretamente das florestas, devem ser incorporadas em modelos de remuneração justa e distribuição de riqueza. “A Colômbia, que tem uma forte presença de comunidades indígenas, tem a chance de avançar nesse debate, trazendo à tona a questão de como remunerar e incluí-los de forma justa nos processos de preservação”, explica.
Outro ponto importante é a discussão sobre bioeconomia. O Brasil, que desempenhou um papel de destaque ao aprovar diretrizes no G20 sobre o tema, será um dos protagonistas nesse aspecto. “A exploração sustentável da biodiversidade, mantendo áreas preservadas e incluindo as comunidades locais, é um desafio que promete avançar durante as negociações”, diz.
O setor privado também será impactado pelas decisões da COP16. “As empresas, especialmente as indústrias extrativistas, farmacêuticas e cosméticas, precisam se preparar para novas regulações e formas de mensuração relacionadas à preservação da biodiversidade”, afirma. Loiola destaca que o mercado financeiro já começa a incorporar mecanismos de conservação, como créditos de biodiversidade, algo que deve ganhar mais força nos próximos anos.
Por fim, a eliminação e redução do desmatamento deve ser uma pauta central, com impacto não apenas nos países da América Latina, mas também nas relações comerciais com mercados compradores, como a União Europeia, que já exige que produtos exportados sejam provenientes de áreas livres de desmatamento.
“A CS3D exige que empresas que realizam negócios com qualquer um dos 27 países da União Europeia comprovem que seus fornecedores respeitam os direitos humanos e o meio ambiente, com possibilidade de aplicação de multas significativas em caso de não cumprimento dessa nova lei, chegando a até 5% da receita. As empresas brasileiras terão que oferecer maior visibilidade sobre como suas operações impactam o meio ambiente e a sociedade. Isso inclui relatórios detalhados sobre emissões de carbono, uso de recursos naturais e impactos sociais de suas atividades”, complementa Gustavo Loiola.