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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 29 milhões de mulheres no Brasil estão entre climatério e menopausa, representando 27,9% da população feminina. Nesse contexto, é fundamental estar ciente dos riscos à saúde, incluindo o câncer, que podem surgir durante essa fase de transição hormonal
São Paulo, outubro de 2024 – A menopausa é uma transição natural na vida da mulher, marcada pelo fim dos ciclos menstruais, geralmente entre os 45 e 55 anos de idade. Embora essa fase seja esperada, as alterações hormonais que a acompanham podem trazer riscos à saúde, como uma maior incidência de osteoporose e um aumento do risco cardiovascular, elevando a probabilidade de infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais.
Embora a menopausa não aumente diretamente o risco de câncer ginecológico — sendo esse risco mais relacionado ao processo natural de envelhecimento — o diagnóstico precoce, aliado ao acompanhamento médico regular, é essencial para a detecção de possíveis alterações.
Durante a menopausa, observa-se uma queda acentuada nos níveis de estrogênio e progesterona, o que pode impactar o funcionamento dos órgãos e aumentar a suscetibilidade a determinadas doenças. A terapia de reposição hormonal pode ter um papel importante na prevenção dessas condições, mas, segundo o cirurgião oncológico Dr. Caetano Cardial, é crucial considerar os riscos associados: “Embora a terapia de reposição hormonal seja geralmente segura, seu uso por períodos superiores a cinco anos pode estar ligado a um aumento do risco de câncer de mama, endométrio e ovário.”
O especialista ressalta que, embora a menopausa em si não cause o câncer, ela pode expor fatores de risco já existentes, especialmente em mulheres que passaram pela menopausa de forma tardia ou em casos de histórico familiar de câncer ginecológico.
Entre os tipos de câncer mais comuns durante ou após a menopausa, o câncer de endométrio é um dos mais prevalentes. O Dr. Caetano destaca que um dos principais sintomas é o sangramento vaginal após o fim dos ciclos menstruais. “Qualquer sangramento após a menopausa deve ser investigado, pois é um sinal de alerta importante”, afirma.
Outro fator de risco é o uso prolongado de terapia de reposição hormonal (TRH), que pode ser utilizada para aliviar sintomas da menopausa, mas deve ser acompanhada com cuidado. “Embora a TRH traga benefícios, o uso prolongado, especialmente da terapia combinada de estrogênio e progesterona, pode aumentar o risco de câncer de mama e ovário”, alerta o especialista.
A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para a redução do risco de câncer ginecológico na menopausa. Exames de rotina, como a ultrassonografia transvaginal, a histeroscopia e o Papanicolau, além da consulta regular com o ginecologista, são essenciais para o monitoramento de possíveis anormalidades.
Por fim, hábitos saudáveis, como manter uma dieta equilibrada, praticar atividades físicas e evitar o tabagismo, também desempenham um papel crucial na prevenção. “A saúde na menopausa depende não só do acompanhamento médico, mas de escolhas conscientes para promover o bem-estar geral e reduzir riscos”, conclui Dr. Caetano.
Sobre o especialista:
Dr. Caetano Silva Cardial: Mastologista e Cirurgião Oncológico, Membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, Membro da Comissão Nacional de Especialidades de Ginecologia Oncológica da FEBRASGO, Mestre em Ginecologia pela Santa Casa de São Paulo, Professor de Ginecologia Oncológica da Faculdade de Medicina ABC, além de membro de várias sociedades médicas internacionais.