20 de dezembro de 2024

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Escolas da Bahia têm maior equidade de gênero do país em matrículas de educação profissional, aponta estudo do Itaú Educação e Trabalho

Foto: Freepik

Bahia, dezembro de 2024 – As escolas da Bahia têm a maior equidade de gênero do país em matrículas de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), ao lado da Paraíba. A conclusão é do estudo   “Democratização da EPT no Brasil: Análise sobre a oferta considerando raça, gênero, condição socioeconômica e local de residência”, do Itaú Educação e Trabalho, elaborado pelos pesquisadores Alysson Portella e Thiago Patto. O estudo tem por objetivo examinar os possíveis desequilíbrios da oferta de EPT no Brasil e, assim, contribuir para que a expansão das matrículas na modalidade aconteça com mais equidade.

O indicador usado para medir a equidade de acesso à EPT é o Índice de Representação Descritiva (IRD), em que o valor 0 é considerado o equilíbrio total, o que deve ser perseguido. Já valores entre -10 e 10 são considerados equilíbrio relativo; entre 10 e 30 (ou -10 e -30) são considerados desequilíbrios pequenos; entre 30 e 50 (ou -30 e -50), desequilíbrios médios; e valores acima de 50 (ou abaixo de -50) desequilíbrios altos. Cabe destacar que, quando o desequilíbrio é em valor positivo, trata-se de um quadro de sobrerrepresentação e, quando negativo, de sub-representação.

A partir desse indicador, a oferta de EPT na Bahia em termos de gênero registra um IRD de – 0,5, mesmo patamar apresentado pela Paraíba. Na análise somente das escolas estaduais da Bahia, há ainda equilíbrio nessa oferta por gênero, de –0,1.

IRD para gênero nos estados – Fonte: Itaú Educação e Trabalho

A Bahia é, ainda, o segundo estado com maior equidade de raça na oferta de EPT, com IRD de -1,1, ficando atrás somente do Sergipe (-0,2). Ao analisar somente as escolas estaduais, a oferta de EPT na Bahia tem a maior equidade racial do país, com IRD de -0,9.

IRD para raça nos estados – Fonte: Itaú Educação e Trabalho

O estudo considera que o nível de escolaridade da mãe é representativo do nível socioeconômico dos estudantes. Para fins de análise, neste estudo, mães com no máximo ensino fundamental completo ou no máximo ensino médio completo caracterizaram famílias com baixo nível socioeconômico, e o restante das famílias foi considerado de alto nível socioeconômico. A partir dessa perspectiva, a oferta de EPT na Bahia registra desequilíbrio pequeno, de –13,4, apresentando distorção maior ao analisar somente as escolas estaduais, com IRD de –15,6.

IRD por nível socioeconômico nos estados – Fonte: Itaú Educação e Trabalho

Destaques do país

O estudo mostra que, ao analisar a oferta de EPT no Brasil na perspectiva de raça, o IRD geral, entre matrículas da rede pública e privada, é de -5,1, enquanto somente na rede estadual é maior, de -9,5. O resultado se enquadra no chamado equilíbrio relativo. Na dimensão de gênero, o IRD geral do país é de -1 e, na rede estadual, de 0,4.

A pesquisa realiza, ainda, intersecção entre raça e gênero e conclui que homens brancos estão sobrerepresentados entre alunos de EPT no Brasil como um todo e em todas as grandes regiões, ainda que não de maneira expressiva. Homens pretos, pardos e indígenas (PPI), por sua vez, são os com pior representação no Brasil como um todo e em todas as regiões. No País, o IRD das redes estaduais entre homens PPI e brancos é de -7,9. A pesquisa mostra, também, que as mulheres pretas, pardas e indígenas são sub-representadas no Brasil em quase todas as regiões, com resultado nacional de -3,1.

A pesquisa mostra que, no país, há desequilíbrio expressivo na oferta por nível socioeconômico dos estudantes. Ao considerar as mães com até ensino fundamental, vemos que estudantes de baixo nível socioeconômico estão sub-representados no país (-16,6). Apesar de ainda significativo, esse desequilíbrio é menor à medida que a escolaridade das mães aumenta, com desequilíbrio de –9,5.

Expansão com equidade

Outra pesquisa do Itaú Educação e Trabalho, lançada em 2023, estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil poderia crescer 2,32% se fosse triplicado o acesso ao ensino médio técnico. A partir desses dados, a atual pesquisa, além de medir as disparidades nas matrículas nos estados e nos eixos tecnológicos da EPT, projeta quais devem ser as metas de expansão do sistema de ensino nos próximos dez anos garantindo equidade da oferta, principalmente para grupos em vulnerabilidade, como recomenda a superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue. “O Brasil caminha para ter um salto significativo na oferta de EPT para as juventudes, modalidade de ensino que proporciona formação para o mundo do trabalho atrelada à formação geral. No entanto, para que essa ampliação da oferta se realize com qualidade e se efetive à altura de sua potência, será fundamental que os gestores estaduais considerem as especificidades da realidade de suas juventudes para planejar essa expansão de modo a garantir diminuição das desigualdades e promoção de desenvolvimento social e econômico no longo prazo com equidade de oportunidades”, avalia.

Barreiras

Entre as barreiras para garantir tal equidade, o Itaú Educação e Trabalho chama a atenção para a prática dos chamados “vestibulinhos”, que se revisados, podem contribuir já no curto prazo para reduzir as disparidades no acesso à EPT, especialmente nas dimensões socioeconômica e racial. Cabe, ainda, avaliar demais formas de ingresso aos cursos técnicos e a possibilidade de medidas afirmativas na oferta dessas matrículas nos estados.

Os dados completos de diagnóstico da oferta de EPT no país, nas regiões e nos estados, bem como a projeção de expansão com equidade podem ser conferidos na íntegra aqui.

Nota Metodológica

A pesquisa “Democratização da EPT no Brasil: Análise sobre a oferta considerando raça, gênero, condição socioeconômica e local de residência”, do Itaú Educação e Trabalho, foi realizada a partir de dados do Censo Escolar de 2019, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A base de dados é referente a 2019 por ser o último período pré-pandemia e considerando que as projeções de expansão partem também dos valores observados neste ano.

Sobre o Itaú Educação e Trabalho

O Itaú Educação e Trabalho (IET) faz parte da Fundação Itaú. Atua há quase duas décadas, em parceria com entidades civis e o poder público, para apoiar e incentivar a implantação de políticas de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) com foco em três eixos principais: ampliação do número de jovens inscritos na formação profissional, oferta de qualidade e maior inclusão produtiva desses estudantes. Para o Itaú Educação e Trabalho, a educação é um vetor de desenvolvimento social e econômico de uma nação. Por isso, atua para que os estudantes tenham uma formação qualificada para o mundo do trabalho, em uma realidade em constante mudança, e se sintam estimulados a seguir aprendendo em todas as etapas da vida.
Saiba mais no site do Itaú Educação e Trabalho.

Acompanhe informações sobre Educação Profissional e Tecnológica no Observatório da EPT.

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