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São Paulo, janeiro de 2025 – Uma pesquisa pioneira realizada em parceria entre o Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e o Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (NUPES) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) identificou pela primeira vez possíveis bases genéticas associadas à mediunidade. O estudo, publicado na revista Brazilian Journal of Psychiatry, investigou o exoma (sequenciamento de todos os genes que expressam proteínas) de 54 médiuns experientes e os comparou com o de seus parentes de primeiro grau que não possuem a habilidade mediúnca.
Os resultados identificaram 33 genes que apresentam variações em pelo menos um terço dos médiuns estudados, mas não foram detectados entre seus familiares não médiuns. Essas alterações genéticas podem estar associadas a uma maior permeabilidade do filtro cerebral, permitindo que os médiuns percebam aspectos da realidade que não são acessíveis à maioria das pessoas.
De acordo com o estudo, é papel da ciência e da neurociência buscar esclarecer os fenômenos da vida psíquica e espiritual. “Planejamos testar esses 33 genes em futuras pesquisas que investiguem experiências espirituais para validar os resultados. Esta descoberta representa um marco para o estudo de fenômenos espirituais sob uma ótica científica”, destaca o professor Alexander Moreira-Almeida, da UFJF.
A relevância cultural e histórica das experiências espirituais é robusta. Uma pesquisa recente realizada pelo grupo mostrou que 94% dos brasileiros relataram ao menos uma experiência espiritual profunda em suas vidas, como sentir conexão com o divino ou experiências fora do corpo. O contato mediúnico — alegação de comunicação com pessoas falecidas — é amplamente reportado. No Brasil e nos Estados Unidos, aproximadamente metade da população afirma já ter vivenciado situações como ver, ouvir ou sentir presenças espirituais.
“Se confirmada em estudos futuros, a identificação de mecanismos genéticos correlacionados à mediunidade pode trazer implicações significativas, como a detecção precoce dessa habilidade e o seu desenvolvimento adequado”, explica o professor Wagner Gattaz, da USP. Essa abordagem abre novos caminhos para o entendimento científico de fenômenos tidos por muitos como exclusivamente espirituais.
Para consulta:
Gattaz WF, de Costa MA, Salatino-Oliveira A, Gonçalves DG, Talib LL, Moreira-Almeida A. Candidate Genes Related to Spiritual Mediumship: A Whole Exome Sequencing Analysis of Highly Gifted Mediums. Braz J Psychiatry, 2025.Acesso gratuito em: https://www.bjp.org.br/export-pdf/3591/bjp3958.pdf
