25 de abril de 2025

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Estudo revela que mais de 50% das escolhas são por alimentos ultraprocessados nas cantinas de escolas particulares no Brasil 

Foto: Freepik

Na contramão desses dados, em escolas de São Paulo, como a Lourenço Castanho, a alimentação saudável é integrada ao aprendizado

Nas cantinas de escolas particulares no Brasil, alimentos ultraprocessados são vendidos 50% mais do que os in natura ou minimamente processados. O dado é do estudo “Comercialização de alimentos em escolas brasileiras”, o primeiro sobre o tema, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre 2022 e 2024. Diante desse cenário, a doutora em pedagogia e diretora pedagógica da Escola Lourenço Castanho, Fábia Antunes, destaca que, apesar dos dados preocupantes, cada família tem seus próprios hábitos alimentares, e a escola deve atuar com cuidado nessa questão, já que a alimentação infantil é uma preocupação de saúde pública.

Entre os itens mais consumidos, ainda segundo o estudo, o refrigerante lidera, com 61,8%, seguido por salgados assados com recheio ultraprocessado (47,88%), bombons ou chocolates (37,97%) e salgadinhos de pacote (37,48%). Para reverter esse quadro, Fábia ressalta que a escola é um espaço essencial para a introdução de novos hábitos. “É importante ressaltar que a escola é o primeiro espaço social da criança em que ela vai compartilhar e conviver com regras que atendem a todos do grupo”. 

Cynthia Howlett, nutricionista, coordenadora de Projetos de Educação Alimentar/ Sustentabilidade e embaixadora da Sanutrin: Empresa Especializada em Alimentação Escolar, que mantém parceria com a Lourenço Castanho, administrando a cantina escolar, explica que a proposta da alimentação na escola é baseada na saúde dos estudantes, oferecendo refeições equilibradas, nutritivas, saborosas e seguras. “No almoço, por exemplo, há uma grande variedade de alimentos, incluindo diferentes tipos de saladas, proteínas e carboidratos. Não são oferecidos doces como sobremesa, apenas frutas frescas. Além disso, evita-se o uso de ultraprocessados, como embutidos, temperos industrializados e frituras. O cardápio é planejado para atender toda a comunidade escolar, sempre priorizando o equilíbrio nutricional”.

Na cantina, a preocupação com a qualidade e a diversidade dos produtos também é essencial. “São evitados alimentos ultraprocessados e aqueles com excesso de açúcares e gorduras, como refrigerantes, balas, chicletes, biscoitos recheados e frituras. Os doces e bolos são totalmente caseiros, e há uma ampla oferta de frutas, iogurtes, açaí, sanduíches naturais e salgados assados. Alguns alimentos industrializados são disponibilizados, mas sempre com critérios rigorosos, garantindo que sejam saudáveis e seguros. Entre eles, estão bebidas integrais pasteurizadas, salgadinhos assados à base de legumes e frutas desidratadas sem conservantes, corantes ou aditivos”, explica Cynthia.

Além disso, Fábia destaca que a mudança na cultura alimentar das famílias depende de orientação. Por isso, além da cantina saudável, a escola adota um caderno de diretrizes, um e-book, que oferece recomendações sobre lanches, alimentação em festas de aniversário e outros aspectos da nutrição infantil. “Tem família que prefere mandar lanche para a escola e com a nossa orientação nutricional, eles conseguem fazer escolhas mais saudáveis. E quando acontece de um aluno levar, por exemplo, uma bolacha recheada, nós entramos em contato, explicamos sobre a estratégia coletiva de alimentação saudável e por isso a relevância dos pais pela escolha de alimentos mais leves”, completa.

Aprendendo com a prática

Além da cantina e da orientação aos pais, na Lourenço Castanho, a alimentação é integrada ao aprendizado de inglês durante o English Program, já que o almoço ocorre no horário das aulas. Esse tema é abordado de forma educativa, ajudando os alunos a fazerem boas escolhas ao montar seus pratos e relacionando a alimentação a conteúdos curriculares. “Um dos nossos projetos, ‘Who Am I’, direciona essa reflexão sobre alimentação saudável, estudando a função dos alimentos no corpo, os food groups e como cada um contribui para o desenvolvimento das pessoas”, explica Érika Leal, coordenadora de inglês do Ensino Fundamental – Anos Iniciais.

Atenção além escola

A doutora em Educação e diretora pedagógica da Educação Infantil da Unidade Vila Nova Conceição da Lourenço Castanho, Vivian Alboz, destaca que, especialmente na primeira infância, a boa alimentação também envolve diretamente os alunos no processo. “Diariamente, falamos para elas sobre a importância de montar um prato colorido. Em todos os momentos, mostramos o cardápio que será oferecido e explicamos a importância de escolher alimentos de diferentes grupos alimentares. Vamos envolvendo as crianças nessas dinâmicas que a escola oportuniza. A longo prazo, elas ampliam o paladar e desenvolvem hábitos mais saudáveis. Claro que isso não depende só da escola, precisa se estender para casa, e temos mais casos de sucesso quando a família compartilha dos mesmos princípios”, afirma.

Da mesma visão, compartilha Beatriz Pelizzaro,  orientadora educacional do 1º e 2° ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. A escola tem a responsabilidade de fornecer a melhor alimentação possível, evitando ultraprocessados e incentivando a variedade e a qualidade. Esse cuidado é essencial, pois muitas crianças fazem a maior parte das refeições aqui, e é na escola que elas têm a chance de ampliar o contato com novos alimentos e experimentar o que os colegas e professores estão incentivando a consumir, conclui.

Sobre a Escola Lourenço Castanho 

Oferece um projeto pedagógico inovador, que extrapola o trabalho com os conteúdos produzidos pelas grandes áreas do conhecimento, investindo também no desenvolvimento da autonomia e da crítica, na análise da dimensão social construída pelos estudantes e na vinculação com o saber. Ao longo dos anos, a Escola mantém o compromisso com seus princípios, consolidando a formação integral como a base de seu projeto pedagógico-educacional.

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