A vacinação ainda é a forma mais eficaz de prevenção primária contra o HPV / Crédito da foto: Freepik
São Paulo, abril de 2025 – Apesar de ser muito comum em todo o mundo, o diagnóstico de HPV ainda assusta. O Ministério da Saúde estima que haja entre 9 e 10 milhões de pessoas infectadas pelo HPV no Brasil e que surjam 700 mil novos casos de infecção a cada ano.
Cerca de 8 a cada 10 pessoas sexualmente ativas em algum momento de suas vidas apresentarão o vírus HPV, já que a transmissão ocorre principalmente por meio do contato pele a pele ou pele-mucosa, podendo haver autocontaminação e não somente com a relação sexual.
“É importante desmistificar o HPV. Ele é muito comum e, em grande parte dos casos, o próprio organismo consegue eliminar o vírus naturalmente. Entretanto, em alguns casos, o vírus pode persistir no organismo humano e se estiver presente, especialmente os HPVs de tipos 16 e 18, deve ser realizado um exame mais minucioso para descartar uma lesão precursora do câncer, pois se ela for tratada tendemos a interromper a progressão. A OMS tem como meta mundial erradicar o câncer de colo de útero, vacinar 90% das meninas, rastrear 90% das mulheres e tratar 90% das lesões precursoras de câncer ”, explica a Dra. Márcia Fuzaro, ginecologista da Clínica Terra Cardial e presidente da ABPTGIC – Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia.
O vírus pode ser dividido em dois grandes grupos: o de alto risco e o de baixo risco. O HPV de baixo risco não tem capacidade de provocar câncer e lesões malignas, causa apenas lesões de baixo grau ou condilomas e verrugas. Já os de alto risco, estão relacionados a lesões malignas. “Os tipos de alto risco são silenciosos e perigosos. Eles podem permanecer no organismo sem manifestar sintomas visíveis, por isso, a prevenção e o acompanhamento ginecológico são fundamentais”, destaca a especialista.
A infecção pelo HPV, na maioria dos casos, não apresenta sintomas. Em alguns pacientes, o vírus pode permanecer latente por anos, sem qualquer sinal visível. Em outros, pode provocar manifestações clínicas, como verrugas na região genital (visíveis a olho nu) ou alterações subclínicas (não visíveis), que afetam o colo do útero e podem evoluir para câncer. “O fato de não apresentar sintomas não significa que o vírus seja inofensivo. Ele pode estar agindo silenciosamente, especialmente nas mulheres, e causar complicações sérias”, alerta Dra. Márcia.
Prevenção e tratamento
O tratamento varia de acordo com o tipo e o grau da lesão. Para lesões visíveis, o protocolo pode incluir medicamentos e uso de laser para cauterização das verrugas. No caso de lesões internas de alto grau, especialmente no colo uterino, o tratamento pode incluir procedimentos como a vaporização ou excisão da lesão ou de parte do órgão, que pode ser realizado com radiofrequência, laser ou bisturi. Em casos mais avançados, pode ser necessária uma exérese maior.
Em casos mais avançados, pode ser necessária uma setorectomia. “O HPV exige um acompanhamento individualizado. Cada caso deve ser avaliado com cuidado para garantir um tratamento eficaz e preservar a saúde reprodutiva do paciente”, orienta Dra. Márcia.
A vacinação ainda é a forma mais eficaz de prevenção primária contra o HPV, podendo evitar até 100% das infecções pelos tipos contidos na vacina. “A vacinação é essencial, inclusive para quem já teve HPV. Ela não trata infecções ativas, mas pode proteger contra novos subtipos e evitar recidivas, além de reduzir a circulação viral. A vacina não é somente para adolescentes. A mulher ou homem adultos também podem e devem ser vacinados”, reforça a ginecologista.
Apesar do estigma que ainda envolve o diagnóstico de HPV, é importante lembrar que o vírus é altamente prevalente e, na maioria dos casos, tratável. O acompanhamento médico, o uso de métodos preventivos e a vacinação são estratégias eficazes para lidar com a infecção com responsabilidade e tranquilidade. “O HPV não deve ser encarado como sentença, e sim como um alerta para cuidar da saúde de forma mais consciente. A informação é o primeiro passo para o controle e prevenção”, finaliza Dra. Márcia Fuzaro.
Sobre a especialista
Dra. Marcia Fuzaro Terra Cardial é graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC (1986), Doutora e Mestre em Medicina (área de concentração em tocoginecologia) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Atualmente, a Dra. Marcia é professora associada da Faculdade de Medicina do ABC, Chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia e do setor de PTGI e colposcopia da FMABC; membro da CNE FEBRASGO de PTGI, membro da Sociedade Brasileira de Laser e Presidente da ABPTGIC – Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia.
Sobre a Clínica Terra Cardial
A Clínica Terra Cardial é liderada pela Dra. Márcia Fuzaro e pelo Dr. Caetano da Silva Cardial, especialistas em saúde feminina. A Dra. Márcia, graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC e doutora em tocoginecologia, é professora associada e chefe do setor de Patologia do Trato Genital Inferior e colposcopia, além de ser presidente da ABPTGIC. O Dr. Caetano, também graduado pela mesma instituição, é cirurgião oncológico e mastologista, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. Ambos estão disponíveis para falar sobre temas como ginecologia, cirurgias ginecológicas, cirurgia oncológica feminina, inserção de DIUs hormonais, implantes contraceptivos e tratamentos a laser para saúde e estética íntima feminina.