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Mesmo sem ameaças reais, a ansiedade é sustentada por memórias emocionais que mantêm o sistema em constante urgência
Respirar fundo, mas continuar ofegante. Dormir, e acordar mais cansado. Cumprir prazos, sorrir nas reuniões e manter a agenda em dia enquanto, por dentro, tudo parece fora de controle. Assim se manifesta a ansiedade oculta, uma forma silenciosa e socialmente aceita de sofrimento emocional que atinge milhões de brasileiros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking global de transtornos de ansiedade, com 9,3% da população afetada — o equivalente a mais de 19 milhões de pessoas.
Apesar da frequência com que é banalizada, a ansiedade não é apenas nervosismo passageiro. “Ela pode surgir mesmo em períodos de estabilidade, porque não está relacionada a um perigo real, mas sim a memórias emocionais não processadas que ativam a expectativa de que algo vai dar errado”, afirma o psicólogo Jair Soares dos Santos, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) e criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG).
Segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), houve um aumento de 25% nos diagnósticos de transtornos de ansiedade no país entre 2020 e 2023. A pandemia acentuou quadros preexistentes e escancarou a dificuldade de lidar com incertezas. Mesmo com a volta à normalidade, muitas pessoas seguem em estado de alerta — especialmente mulheres e jovens adultos, os grupos mais afetados segundo levantamento da Fiocruz.
O disfarce da funcionalidade
De acordo com Soares, a ansiedade costuma se esconder atrás de comportamentos valorizados socialmente, como hiperprodutividade, controle excessivo, perfeccionismo e autocobrança. “É a mente funcionando em modo de sobrevivência. A pessoa sente que precisa manter tudo sob controle, mas, internamente, está em guerra”, observa.
Pesquisa conduzida pela Yale University, publicada na revista Nature Human Behaviour, mostra que indivíduos ansiosos apresentam hiperatividade no córtex pré-frontal ventromedial, área ligada ao monitoramento de risco e tomada de decisão. Em outras palavras, o cérebro ansioso responde a situações neutras como se fossem ameaçadoras. “Muitos pacientes são vistos como extremamente capazes, mas estão constantemente exaustos. Aprenderam que relaxar é arriscado. E isso é fruto de registros emocionais antigos, que ainda estão ativos no sistema”, completa Soares.
Preocupação comum ou ansiedade paralisante
Preocupar-se faz parte da vida. O problema começa quando o pensamento deixa de ser racional e passa a operar por antecipações catastróficas. A American Psychiatric Association (APA) define o transtorno de ansiedade generalizada como um estado persistente de preocupação desproporcional, que interfere no sono, no foco, nas relações e no desempenho diário.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou, em 2023, um relatório indicando que 65% das mulheres brasileiras entre 25 e 45 anos relatam sintomas persistentes de ansiedade, mesmo sem diagnóstico formal. Entre os fatores estão a sobrecarga de tarefas, o medo de falhar e o excesso de vigilância interna. “A mente ansiosa não reage ao agora. Ela responde a experiências antigas, muitas vezes nem percebidas como traumáticas”, explica o psicólogo.
A mente que não desliga
A TRG, desenvolvida por Soares, parte do princípio de que sintomas emocionais são manifestações de registros não compreendidos ou não processados. O método propõe acessar, de forma segura, os eventos que moldaram a percepção de risco do indivíduo.
“Muitas pessoas dizem: ‘Eu só queria conseguir relaxar’. Mas, para elas, relaxar é equivalente a perder o controle — e isso é entendido como ameaça. A mente ativa um sistema de vigilância permanente porque, em algum momento do passado, isso foi necessário para sobreviver emocionalmente”, diz o terapeuta.
A TRG tem sido aplicada em estudos clínicos, como o que está sendo conduzido atualmente na Universidade de Flores (UFLO), na Argentina, no qual Soares é doutorando. Os resultados apontam para a redução significativa de sintomas ansiosos e depressivos a partir do reprocessamento emocional guiado.
O caminho não é suprimir
A proposta da TRG não é eliminar os sintomas, mas reprocessar o que os sustenta. “Uma mente em urgência não precisa de mais produtividade. Precisa de segurança. E segurança emocional não se constrói com esforço consciente, mas com a escuta do que ficou preso no corpo emocional”, conclui Soares.
Sobre o institucional do IBFT
O Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) é uma instituição educacional dedicada à formação de terapeutas especializados em saúde emocional. Fundado com o propósito de transformar vidas por meio do conhecimento, o IBFT oferece formações em diversas áreas, incluindo a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), uma metodologia desenvolvida para tratar dores emocionais profundas. Com mais de 50 mil terapeutas formados no Brasil e no exterior, o instituto se destaca por sua abordagem prática e eficaz no tratamento de traumas, fobias, depressão, ansiedade e outros transtornos emocionais.
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Sobre Jair Soares
Jair Soares dos Santos é psicólogo, terapeuta, hipnólogo, pesquisador e professor, além de ser o fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT). Criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), sua trajetória é marcada por desafios pessoais que o motivaram a buscar soluções eficazes para o sofrimento emocional. Após enfrentar episódios de depressão e insatisfação com abordagens terapêuticas tradicionais, Jair dedicou-se ao desenvolvimento de uma metodologia que pudesse proporcionar alívio real e duradouro aos pacientes. Sua formação inclui graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada do Recife e especializações em áreas como hipnoterapia e análise comportamental.
Atualmente é doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO) na Argentina, onde desenvolve uma pesquisa com a TRG em pessoas com depressão e ansiedade, alcançando resultados promissores com a remissão dos sintomas nestes participantes. Há mais dois doutorados com a TRG a serem desenvolvidos neste momento.
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