15 de junho de 2025

Consumo de ultraprocessados cresce e exige ação das escolas, alerta especialista

Foto: Freepik

Para a nutricionista Cynthia Howlett, a alimentação escolar é peça-chave na formação de hábitos alimentares saudáveis desde a infância

Um estudo realizado por um ano, entre 2023 e 2024, por pesquisadores da USP e da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), com dados de oito países, aponta que o aumento de 10% no consumo de alimentos ultraprocessados na dieta está associado a um risco 3% maior de morte precoce. As conclusões, publicadas na revista científica American Journal of Preventive Medicine, em abril deste ano, mostram que, em países como o Brasil, os ultraprocessados chegam a representar entre 15% e 55% das calorias consumidas diariamente e podem indicar mortes atribuíveis ao consumo desses alimentos de 4% a 14%, dependendo o País.

Para a nutricionista Cynthia Howlett, coordenadora de Projetos de Educação Alimentar e embaixadora da Sanutrin, os dados reforçam a urgência de ações concretas, especialmente nas escolas. “Hoje em dia as escolas têm uma responsabilidade muito maior em relação à alimentação, porque grande parte do dia as crianças acabam se alimentando na escola. Então a escola é um papel chave na educação nutricional”, afirma. Ela ressalta que a alimentação escolar deve ser encarada como parte do aprendizado. “Educação alimentar faz parte da educação. A criança precisa aprender a conviver com uma alimentação coletiva, entender que nem sempre vai comer só o que gosta, e aprender a experimentar novos sabores.”

Cynthia defende medidas práticas e educativas como parte de uma estratégia abrangente: “Além de oferecer um cardápio equilibrado, as escolas devem investir em ações de conscientização, envolver os pais, oferecer palestras e atividades que ajudem a construir hábitos saudáveis.” Ela também alerta para a influência das escolhas familiares no dia a dia. 

“O lanche é um grande problema hoje em dia para os ultraprocessados. Por falta de tempo, muitos pais optam pelo mais prático, como biscoitos recheados. Mas vemos que quando essas crianças chegam ao fundamental, o consumo de ultraprocessados aumenta muito. E, com ele, também crescem os casos de obesidade, diabetes e hipertensão em idades cada vez mais precoces.”

Especialistas que participaram do estudo ainda defendem políticas públicas que limitem o acesso a esses produtos, como rotulagem adequada, restrições de venda em ambientes escolares e tributação de itens nocivos à saúde. Para Cynthia, mesmo com mudanças de políticas públicas, o trabalho contínuo de educação alimentar — dentro e fora das salas de aula — é o que oferece maior impacto no futuro da saúde alimentar. “A alimentação é uma extensão do aprendizado”, afirma Cynthia. “A escola é hoje o lugar mais potente para formar hábitos saudáveis, não só porque a criança passa a maior parte do dia ali, mas porque é ali que ela aprende a fazer escolhas que vão acompanhá-la pela vida inteira.”

Sobre Cynthia Howlett

Cynthia Howlett é nutricionista formada pela Estácio de Sá, especializada em nutrição esportiva e psiconutrição, e coordenadora de Projetos Educacionais e Sustentáveis da Sanutrin. Já foi apresentadora de programas da GNT e SporTV.

Sobre a Sanutrin

A Sanutrin é especializada em refeições escolares, promovendo hábitos alimentares saudáveis e escolhas conscientes desde a infância. Atua com base nos pilares de qualidade e segurança alimentar, soluções personalizadas, atendimento acolhedor e educação para a sustentabilidade.

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