Alberto Blay e Jamil Shibli, especialistas em implantodontia e cofundadores da Plenum Bioengenharia – Crédito: Divulgação
O avanço da tecnologia médica tem gerado grandes esperanças no campo do tratamento de deformidades craniofaciais, uma questão complexa que afeta diversas pessoas ao redor do mundo. Apesar das limitações nas abordagens terapêuticas tradicionais, os dispositivos médicos impressos em 3D estão abrindo novas fronteiras na medicina regenerativa.
Recentemente, um estudo inovador elaborado por Leticia Jordão Marques de Oliveira, Sybele Saska, Elaine Matsubara, Livia Pilatti Mendes da Silva, Diana Câmara, Alberto Blay, Jamil Shibli, Roberta Okamoto criou através da impressão 3D uma estrutura tridimensional (scaffold) que imita o tecido ósseo. Esta estrutura proporciona um ambiente favorável para o crescimento e desenvolvimento de células responsáveis pela formação óssea. Associada a uma membrana especial chamada Plenum Guide, essa abordagem utilizou células-tronco especializadas (ASCs) para promover a regeneração óssea.
Os pesquisadores fabricaram e testaram essas estruturas de β-TCP (beta fosfato tricálcio), uma cerâmica reabsorvível biocompatível muito semelhante ao osso humano, em experimentos cirúrgicos em crânio de ratos. Os animais foram divididos em três grupos, recebendo diferentes combinações de scaffold, membranas e células-tronco.
Os resultados foram excepcionais: todas combinações de tratamentos foram eficazes, porém as estruturas impressas em 3D, em combinação com a terapia celular de células tronco, especialmente no grupo que utilizou todas as combinações, promoveram a formação de novo tecido ósseo tanto nas bordas quanto no centro dos defeitos. Esta combinação mostrou-se eficaz na aceleração da regeneração óssea, aumentando a capacidade de formação de osso novo e reduzindo o tempo necessário para isso.
Além disso, a adição de células-tronco melhorou as propriedades da cerâmica utilizada, tornando-a mais eficaz na indução e suporte do crescimento ósseo, muito próximo ao que acontece no mundo real. Mesmo com a reabsorção das estruturas impressas, elas serviram como suporte para a formação de novo tecido ósseo.
Este avanço representa um passo importante na regeneração óssea guiada, trazendo novas esperanças para o tratamento de deformidades craniofaciais complexas. Abre também novas possibilidades para o uso de dispositivos médicos impressos em 3D na medicina regenerativa, destacando o potencial dessas tecnologias em transformar o futuro dos tratamentos médicos.
Sobre os autores:
Alberto Blay – CEO e cofundador presidente da Plenum; Implantodontista e mestre em Laser pelo IPEN/FOUSP. Membro do conselho do Hospital Albert Einstein desde 2003. Membro do board da Rosas Capital, fundo de Private Equity; membro ativo da Academia Americana de Osseointegração.
Jamil Shibli – professor responsável pelos programas de mestrado e doutorado em Implantodontia da Universidade Guarulhos (UNG), onde atua há mais de duas décadas. É também professor associado da Harvard School of Dental Medicine, professor visitante da Universidade de Leuven (Bélgica) e docente da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. Reconhecido como um dos pesquisadores mais produtivos da Odontologia mundial, Shibli tem forte atuação em pesquisa clínica, com ênfase em Periodontia e Implantodontia. É head do Conselho científico da Plenum, empresa brasileira de biotecnologia especializada em biomateriais e implantes 3D. Com uma trajetória marcada por contribuições relevantes para a ciência e a prática clínica, Jamil Shibli é referência global na integração entre inovação, pesquisa e ensino em Odontologia.