08 de junho de 2025

Cyberbullying: papel da escola deve ser o de prevenir violência  

Especialista enxerga mudanças de comportamento da atual geração de estudantes em relação a essa prática 

Ato de violência, física ou psicológica, que provoca sofrimento a alguém, o bullying encontrou espaço propício no ambiente virtual pela possibilidade do anonimato. De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Ipsos, o Brasil é o segundo país com mais casos de cyberbullying no mundo. Esse tipo de atitude pode comprometer o desenvolvimento pessoal e de aprendizagem da vítima, além de interferir no ambiente escolar. 

Professor e vice-diretor do Grupo Educacional Anchieta (GEA), Ademilton Costa Júnior avalia que, apesar dos números, há uma mudança na geração atual em relação a essa prática. “Tenho percebido que, cada vez mais, as pessoas em volta – que anteriormente se omitiam a esse tipo de comportamento – estão se posicionando contra e denunciando as situações, mesmo que elas não sejam as próprias vítimas”, analisa. 

O educador aponta que, com a pandemia e ampliação do tempo na Internet, também houve aumento dos problemas gerados através do mau uso da tecnologia. Ele acredita que o retorno ao convívio presencial deve aprimorar as relações interpessoais. “Crianças e adolescentes estão reaprendendo a conviver presencialmente e esse contato pessoal e direto será importante, até para que eles entendam que nem tudo se resolve na Internet ou expondo o outro”, declara. 

Prevenção 

Ademilton Júnior ressalta que trazer os casos à atenção dos educadores é fundamental. Para ele, o papel da escola deve ser o de prevenir esse tipo de violência. “Por isso, no nosso planejamento, desde os pequenos alunos até os do ensino médio, a gente discute temas ligados ao respeito e ao uso cidadão das redes sociais. É feito um trabalho de prevenção para que eles não cometam bullying ou cyberbullying e percebam quando está acontecendo com um colega, seja como vítima ou agressor”, conta. 

Trabalho contínuo 

O professor Ademilton, que também é membro do Comitê sobre Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) do GEA, entende que o estudante precisa encontrar na escola um lugar de acolhimento. Por isso, atualmente, diversas ações são realizadas a respeito desse tema no Colégio Anchieta e no Colégio São Paulo, a exemplo das parcerias com o Ministério Público Estadual e a Safernet Brasil, ONG que defende e promove os direitos humanos na Internet. 

O educador lembra que, há mais de uma década, “desde a época do Orkut”, essas instituições oferecem orientação em relação à conduta nas redes sociais. “No planejamento dos professores, as questões da cidadania digital também são inclusas”, ressalta, ao destacar que todas as turmas possuem comissões de acolhimento para que os próprios alunos percebam a postura respeitosa que precisam adotar em relação aos colegas. 

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