28 de novembro de 2024

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Iniciativa na Baía de Todos os Santos promoverá restauração de 1,5 km² dos recifes da APA das Pinaúnas

Foto: Ong Pró-Mar

Nestes Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06) e Dia Mundial dos Oceanos (08/06), a ONG Socioambientalista PRÓ-MAR celebra as datas com a execução de um trabalho que visa a restauração do ecossistema marinho costeiro, por meio do cultivo do coral nativo, Millepora alcicornis, em 1,5 km² dos recifes da Área de Proteção Ambiental (APA) das Pinaúnas, localizada em Mar Grande – Ilha de Itaparica.

Realizada através do Projeto Mares, em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, a ação teve início em fevereiro deste ano e, durante dois anos, integrará pesquisadores e comunidade em um objetivo único de contribuir para a conservação da biodiversidade na Baía de Todos os Santos (BTS).

Alinhada ao chamado da Organização das Nações Unidas (ONU), à Década da Restauração dos Ecossistemas (2021 – 2030), a ideia de cultivar corais nativos na BTS surgiu durante a reclusão imposta pela pandemia da Covid-19. “Durante a pandemia, recluso em casa como muitas outras pessoas, eu ficava sempre observando as coisas que trazia do mar, fazia extração de espécies invasoras e eu achava bonito aquelas colônias e ficava ali imaginando que aquele material natural, orgânico poderia servir para alguma coisa”, relata José Roberto Pinto, o Zé Pescador, diretor presidente da ONG PRÓ-MAR e coordenador geral do Projeto Mares. 

            Foi então que, durante uma brincadeira com o filho Gabriel, Zé começou a cortar embalagem de leite e fazer massinha de cimento utilizando o esqueleto triturado do coral invasor como matéria prima. “Coloquei naquelas forminhas ainda sem ter a ideia que aquilo poderia ser utilizado como uma sementeira”, diz. Após conversar com pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e conhecer sobre suas experiências com a restauração de corais, comecei a perceber que estes bloquinhos feitos durante a brincadeira com o Gabriel poderiam ser utilizados como substrato, como sementeira para o cultivo das Milleporas. “Seguindo a orientação dos pesquisadores, iniciamos os experimentos colocando esses ‘bloquinhos’ lá no mar, em berçários de cerâmica e, alguns meses depois, vimos que a Millepora havia mimetizado em todo aquele substrato e começou a se desenvolver”, explica Zé Pescador.

            Ele conta que, durante os experimentos realizados pela equipe da PRÓ-MAR e pesquisadores também foram observados que os lacres de plásticos utilizados para fixação das sementeiras foram rapidamente encapsulados pelas Milleporas e daí veio, também, a ideia de desenvolver estruturas que pudessem acelerar o crescimento dos corais. “A gente começou isso em um sítio pequeno, uma área pequena de cerca de 2 a 3 metros quadrados, aqui dentro do Recife das Pinaúnas, mas tivemos resultados tão satisfatórios que este trabalho passou a ganhar visibilidade, tendo sido inclusive citado em uma nota na revista científica Science, uma das mais conceituadas do mundo”.

A visibilidade conquistada serviu de incentivo para a ONG expandir sua iniciativa para uma área maior, passando a realizar a restauração de parte de um recife de coral na região norte da BTS, próximo à ilha de Maré. “Nesta etapa instalamos mil sementeiras com as Milleporas no recife e, agora, com o Projeto Mares, expandimos ainda mais a nossa atuação reunindo pessoas da comunidade, pescadores, filhos de pescadores e marisqueiras”, destaca o Zé Pescador. 

Em sua avaliação, o coordenador do Projeto Mares, afirma que para que o trabalho e esse processo de restauração tenha um resultado e ganhe escala é preciso que ele seja inclusivo e não exclusivo e que as comunidades tradicionais passem a conhecer dessas metodologias de restauração e socioambientais que possam possibilitar que esses ambientes sejam restaurados e, com isso, atraia biodiversidade marinha e fortaleça também essa cadeia de produção de alimento que o recife e esses ecossistemas propiciam e também contribuir para a segurança alimentar das populações tradicionais que sobrevivem da pesca e da mariscagem.

“Queremos chegar em um ponto em que a Bahia possa se tornar referência não só nacional, mas também internacional. Que esse trabalho de restauração e da criação de corais em sítios marinhos possa se tornar também políticas públicas e que haja mais investimentos voltados a isso”, finaliza Zé Pescador.

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