Sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA) / Divulgação: Embrapa
A contribuição que a Embrapa pode oferecer aos países amazônicos foi o tema de reunião nessa quarta-feira (28), em Brasília. O Brasil sediará a Cúpula da Amazônia nos dias 8 e 9 de agosto, em Belém (PA). Esse evento reunirá os chefes de Estado dos oito países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) com o objetivo de definir uma política comum para o desenvolvimento sustentável da região.
A reunião foi conduzida pela diretora-executiva de Negócios da Embrapa, Ana Euler, que enfatizou a importância de a empresa colaborar com a chamada que o governo brasileiro faz para pensar a Amazônia como um todo. “Há desafios comuns que ultrapassam as fronteiras. E na região há pessoas e instituições de pesquisa que precisam trabalhar em rede”, afirmou.
A diretora do Departamento de Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores, Maria Ikeda, destacou que a expectativa é que a cúpula fortaleça a cooperação dos países amazônicos no enfrentamento não apenas dos desafios ambientais. Segundo ela, no primeiro evento para ouvir as demandas da sociedade civil para a cúpula, realizado em maio, houve reivindicações para uma atenção também aos problemas urbanos da região. “Apesar de produzir muita energia e água, a região não consegue oferecer esses serviços em qualidade para toda população”, exemplificou.
Ainda de acordo com Ikeda, o encontro dos presidentes amazônicos será precedido, nos dias 4 a 6 de agosto, pelo evento “Diálogos da Amazônia”. Será o espaço para a participação da sociedade civil e de outros atores interessados dos oito países. “Haverá cinco mesas plenárias com temas transversais e desses debates devem sair resultados que pretendemos incorporar na programação da cúpula”, disse.
A diplomata também explicou que a cúpula terá como resultado a Declaração de Belém. E para esse documento o governo brasileiro pretende incluir propostas concretas para a região, que promovam o combate à fome e à pobreza, a geração de emprego e renda para populações amazônicas, atividades produtivas sustentáveis e a conservação do bioma.
Presente na reunião, o diretor-executivo da OTCA, Carlos Lazary Teixeira, ressaltou que a Embrapa sempre teve um papel muito importante na cooperação internacional que o Brasil oferece a outros países. Segundo o diplomata, para a cúpula de Belém, os oito presidentes dos países amazônicos fecharam um compromisso de trabalhar com a melhor informação científica possível. “É um dos grandes ganhos dessa quarta cúpula”, avaliou.
Já o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, lembrou alguns trabalhos em cooperação internacional que contaram com a participação da Embrapa e disse vislumbrar boas oportunidades para a região amazônica. “Quando a cooperação Sul-Sul se traduz em compromisso por parte das instituições os resultados são muito positivos”, disse.
Bioeconomia – Como parte da programação, o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Roberto Porro apresentou os resultados preliminares do projeto BIAmazon, que envolve Unidades da Embrapa na Amazônia e Sede e tem como objetivo construir um plano estratégico para a atuação da Empresa na bioeconomia da região. A abordagem está pautada em economias focadas na sociobiodiversidade tendo como base o conhecimento tradicional e o diálogo com os conhecimentos científico e tecnológico.
Roberto Porro defendeu uma bioeconomia inclusiva a partir do protagonismo de povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares no ambiente de inovação. “O conceito de bioeconomia inclusiva, que está sendo construído e dialogado de forma conjunta, tem como pilares o protagonismo das populações locais na gestão de seus recursos, sistemas produtivos sustentáveis, valorização do conhecimento local, justiça social e repartição equitativa de benefícios”, afirmou o pesquisador.
Atuação da Embrapa na Amazônia
A reunião de preparação para a cúpula também contou a presença das chefias das nove unidades da Embrapa sediadas na Amazônia Legal. Os gestores apresentaram as iniciativas em agendas de cooperação transfronteiriça, atuação e ativos desenvolvidos ou em desenvolvimento que podem ser objeto de cooperação. No âmbito das cooperações em andamento, têm relevância a área de aquicultura e ações de capacitação e compartilhamento de tecnologias. Já no quadro das cadeias produtivas que podem ser objeto de cooperação com outros países, os gestores destacaram produtos da sociobiodiversidade e espécies nativas, como açaí, castanha-da-amazônia, cupuaçu, guaraná e mel; piscicultura, fruticultura e espécies florestais.
Além de um centro de pesquisa em cada estado da Amazônia Legal, outras 30 unidades da Embrapa também atuam no solo amazônico com projetos e pesquisas para a região. Por conta disso, a reunião também foi aberta a todos chefes de unidades da Embrapa que se encontravam em Brasília.
Por fim, o encontro também auxiliou na redação das proposições, posicionamento e ações da Embrapa para a Carta de Belém, documento que embasará discussões dos países amazônicos em fóruns internacionais.