25 de novembro de 2024

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A psicanalista Fabiana Guntovitch fala sobre a mulher após os 50 anos e quebra estereótipos e preconceitos etaristas

Foto: Divulgação

Especialmente após os 50 anos, as mulheres enfrentam uma série de desafios que podem impactar significativamente sua saúde mental e emocional. Para a psicanalista e especialista em Comportamento, Fabiana Guntovitch, esta é uma jornada repleta de transformações físicas, químicas e emocionais, oferecendo importantes questionamentos. “A primeira preocupação costuma ser sobre a percepção que tem de si mesmas, construída a partir daquilo que acreditam que as pessoas pensarão sobre elas neste novo momento. Preconceitos etaristas são estruturais e se não forem rompidos provocarão dores importantes”, reflete ela, autora do livro “Chega de Brigas: Pequeno Manual Para Viver em Paz”.

Para Fabiana, a chegada da menopausa marca uma transição profunda na vida das mulheres. Não apenas fisicamente, mas também emocional e psicologicamente. A adaptação a essas mudanças hormonais pode ser desafiadora, mas, ainda assim, é possível encontrar um novo equilíbrio e uma nova harmonia. “A transição para a terceira idade no homem é subjetiva, homeopática, já para a mulher ela vem anunciada por uma revolução interna hormonal que diferente do que as pessoas imaginam, não acontece apenas nos ovários, mas no corpo todo, e especialmente no cérebro”, explica. “O cérebro humano é uma sinfonia química que depende diretamente da regulação hormonal. Quando os hormônios sexuais se alteram, essa sinfonia passa a tocar uma música diferente. E é aí que nós, mulheres, precisamos afinar a melodia, não para voltar a tocar a música que ouvimos até então, mas uma nova, que nos seja igualmente agradável aos ouvidos”, completa a especialista.

Outro desafio enfrentado pelas mulheres nessa fase também é a percepção da própria imagem. Vivemos em uma sociedade que valoriza a juventude e a aparência física, e ao mesmo tempo que é importante desconstruir padrões irreais de beleza, precisamos desassociar beleza e juventude ao valor de uma mulher madura. Aceitar e amar o corpo em todas as suas fases é essencial para uma autoestima saudável. Padrões sociais e culturais são reguladores da vida e afetam a maneira como as mulheres se percebem e se aprisionam em papéis pré-concebidos e limitantes. O papel da mulher de hoje vai muito além do papel da cuidadora e da maternidade. É fundamental desafiar estereótipos e buscar uma vida plena e satisfatória, independentemente da idade. “Mulheres de todas as idades vêm quebrando paradigmas machistas e patriarcais, mas não sem um custo alto a pagar”, pontua Fabiana.

Em termos de relacionamentos afetivos, a maturidade feminina pode ser diferente da masculina. Enquanto os homens se sentem livres para se relacionarem com pessoas de diferentes faixas etárias, as mulheres enfrentam julgamentos e preconceitos que enquanto não forem quebrados limitarão as mulheres também no campo afetivo. “É urgente quebrar essas barreiras e respeitar as escolhas individuais, independentemente de gênero ou idade”, alerta a especialista. 

Ao mesmo tempo, a maturidade também traz oportunidades de crescimento pessoal e autoconhecimento. É um momento para explorar novos interesses, aprender coisas novas e compartilhar experiências. Encontrar um propósito na vida e manter uma saúde mental positiva são aspectos essenciais para viver plenamente após os 50, 60, 70 anos. “Hoje as mulheres se permitem habitar lugares antes inusitados para o feminino, em qualquer idade. E são esses lugares que estão sendo ocupados por mulheres corajosas, que se trabalham, que se recusam a cair nos estereótipos que estão construindo uma nova concepção e percepção da maturidade feminina, abrindo caminhos para que a juventude de hoje não se limite nem se apavore, quando a vez delas chegar”, garante Fabi, que sugere a terapia como uma ferramenta valiosa para ajudar as mulheres a enfrentarem os desafios emocionais da vida. Através do autoconhecimento e do apoio profissional, é possível navegar pelas complexidades da maturidade com confiança e serenidade.

Em resumo, envelhecer é parte natural da vida, e a maturidade é uma jornada longa e rica em experiências e aprendizados. Se permitir viver plenamente, com amor próprio e autoconfiança, é o melhor presente que uma mulher pode se dar. “Idade não está só na cabeça, infelizmente, o corpo sente os anos passando. Ainda assim, a limitação, na grande maioria das vezes, é muito mais mental e social do que real, e é essa concepção que nos oferece a possibilidade de viver a maturidade com grande riqueza de experiências. Transformar maturidade em sabedoria, é uma escolha, não uma garantia que vem com a idade” sugere Fabiana.

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