Desde a primeira edição, o Empoderando Refugiadas já formou 418 mulheres refugiadas de diferentes nacionalidades / Foto: ACNUR / Divulgação
Projeto é voltado à formação de mulheres refugiadas e migrantes para o mercado de trabalho brasileiro e preparação de empresas para inclusão dessa população
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Pacto Global da ONU Brasil e a ONU Mulheres anunciaram na semana marcada pelo Dia da Trabalhadora e do Trabalhador o início da 8ª edição do Empoderando Refugiadas, iniciativa que fomenta o acesso de mulheres refugiadas e migrantes ao mercado de trabalho brasileiro por meio de formação, sensibilização do setor privado e interiorização voluntária para diversas cidades. Em evento realizado na sexta-feira passada (05), foram apresentados os resultados da edição realizada em 2022, as novidades para 2023 e reforçado o convite para que as empresas se engajem à causa.
O Empoderando Refugiadas já formou 418 mulheres refugiadas de diferentes nacionalidades e facilitou a contratação de 252 pessoas em situação de refúgio no mercado de trabalho brasileiro. Desde que expandiu sua atuação para Boa Vista (RR), no ano de 2019, o projeto tem fomentado também a interiorização das famílias venezuelanas abrigadas pela Operação Acolhida. Mais de 500 pessoas foram interiorizadas com vaga de trabalho garantida para diferentes estados do país.
“O Empoderando Refugiadas reflete a necessidade de garantir que mulheres refugiadas e migrantes que residem em Boa Vista tenham meios para consolidar sua autossuficiência, sua autonomia econômica e a plena gestão de seus direitos. Trata-se de um esforço interagencial e multisetorial, envolvendo diferentes agências da ONU, diversas empresas parceiras e efetivamente as mulheres em situação de vulnerabilidade que passam a ter oportunidades de ampliar seus conhecimentos e autoestima, reposicionando-as no mercado de trabalho”, afirma Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo.
O projeto oferece oportunidades também para mulheres refugiadas com deficiências, doenças crônicas e únicas provedoras de renda de uma família com pessoas com deficiências. A diversidade é uma das premissas da iniciativa, que abre portas a refugiadas LGBTQUIA+ e com mais de 50 anos. No ano passado, dentre as 102 mulheres formadas, 60% eram pretas ou pardas, 82% eram mães e 32% eram responsáveis pela renda familiar. Mais de 380 pessoas refugiadas foram impactadas pela sétima edição do projeto.
“As mulheres refugiadas e migrantes estão sujeitas a uma série de vulnerabilidades e, muitas vezes, a pesada carga de trabalho de cuidado não remunerado as impede de ingressar no mercado de trabalho formal, ainda que sejam qualificadas para tal. O Empoderando Refugiadas é um projeto que faz uma ponte importante entre essas mulheres e o setor privado para garantir que elas acessem trabalho decente”, destaca Mariana Salvadori, gerente de projetos na ONU Mulheres.
Além da preparação das mulheres, o projeto tem como foco desenvolver as empresas para a inclusão de pessoas refugiadas, no marco da agenda ESG e como parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial do ODS#5 para alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres.
A edição de 2022 foi realizada com apoio de Lojas Renner e Iguatemi. O ano foi marcado também pela primeira turma de refugiadas formada em Curitiba (PR), feita em parceria com a Copel e Cáritas Paraná. As empresas que decidem contratar mulheres refugiadas recebem workshops, mentorias e acompanhamentos das agências da ONU para que possam não somente contratar a pessoa, mas acolher, incluir e desenvolver a profissional. Esse processo de preparação e amadurecimento das companhias se dá em parceria com o Fórum Empresas com Refugiados. Em 2022, mais de 2200 profissionais do setor privado foram impactados pelos eventos e formações oferecidas pela iniciativa.
Depois de se formar e conquistar um trabalho, a mulher refugiada conduz sua família a uma nova cidade, matricula seus filhos nas escolas, passa a frequentar espaços sociais e culturais e vai, pouco a pouco, fazendo parte e transformando também os contextos socioeconômicos em que se insere. Ela é a protagonista e líder deste processo profundo de mudanças.
A 8ª edição do Empoderando Refugiadas está prevista para o período de maio a dezembro de 2023. Será executada em parceria com a Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil) e Operação Acolhida. A metodologia será do Senac. Empresas e organizações interessadas em apoiar podem entrar em contato com empoderandorefugiadas@pactogbal.org.br. Para mais informações sobre o projeto, acesse: acnur.org.br/empoderando-refugiadas