Por Maria Inês Vasconcelos Rodrigues de Oliveira, advogada, pesquisadora, professora universitária e escritora
Depois do imenso sucesso do show de Lady Gaga no Rio de Janeiro, com repercussão mundial, um olhar original sobre o que se viu em Copacabana, nos ajuda a compreender o que lá aconteceu. Lady Gaga atravessou pontualmente a passarela que unia o palco ao hotel Copacabana Palace, que se sobrepôs a Avenida Atlântica pontualmente às 21h30 da noite.
Vermelho e preto foram as cores da abertura sempre subversivamente criativa. Estava deslumbrante. Uma população acima de dois milhões de pessoas foi assistir ao show. Sendo que muitos dormiram na beira do palco.
Não há dúvida, Gaga é uma forte defensora dos direitos LGBTQIAPN+, saúde mental e outras causas sociais. Pelo seu impacto e influência na indústria musical, foi considerada a 5ª maior estrela da música pop do século XXI, pela revista Billboard, em 2024. Ou seja: é quente.
Mas não é sua posição no ranking Billboard a sua relevância. E sim como ser humano. Não objetificada, Lady Gaga é uma mulher consistente. Naquela noite, não havia solidão na praia. Não havia samba e alegorias. E nem solidão. Qualquer grupo que já se sentiu solitário ou alienado, ali se encontrava integrado. O compromisso ideológico de Gaga se cumpriu: o tecido social estava unido.
Entre Abracadabra e Bad Romance, culturas diferentes caracterizadas por estilos diferentes, se aglomeraram à beira do palco, dias e noites para o espetáculo. Quem quiser criticar, dizer que Gaga é isso ou aquilo, que atentados quase ocorreram e que tudo lá era obscuro ou satânico, corre o risco de esbarrar na verdade: Lady Gaga foi uma lady. Nada mais tentador do que destruir aquilo que cravou de sentido o show da autora: Gaga é imune às críticas e a qualquer impacto emocional ou midiático. O show reuniu no Rio de Janeiro todas as categorias. A questão de gênero foi ultrapassada pelos jovens, idosos e a geração que adora música.
Aos pés do Copacabana Palace, à beira da praia, cheia de bossa, Gaga selou uma noite sublime e cravou no peito de quem a assistiu dois matizes: coragem e liberdade. Debaixo de cada um dos drones que sobrevoaram aquele mar infinito de gente , uma super potência em ascensão: o direito de ser o que se quer ser.
Maria Inês Vasconcelos Rodrigues de Oliveira – Advogada, pesquisadora, professora universitária e escritora