Estudo internacional também revela que doença está atingindo cada vez mais adultos jovens e de meia-idade; reconhecer os sintomas é essencial para reduzir os riscos de morte e sequelas
As mortes por Acidente Vascular Cerebral (AVC), segunda principal causa de mortalidade no mundo, devem aumentar 47%, passando de 6,6 milhões em 2020, para 9,7 milhões em 2050. É o que aponta um estudo publicado recentemente na revista The Lancet Neurology.
Somente no Brasil foram 114 mil mortes pela doença em 2022. Neste ano, 50 mil apenas no primeiro semestre, sendo a primeira causa de óbitos no país.
“Nesse cenário de aumento contínuo de casos e alta mortalidade, é essencial saber identificar os sintomas iniciais, já que o tempo é um fator decisivo nesta doença, além de adotar medidas de prevenção, que podem reduzir muito os riscos”, destaca Alessandro Augusto de Sousa, neurologista do Hospital São Luiz Campinas.
O alerta acontece no mês em que é celebrado o Dia Mundial do AVC (29/10), data que busca a conscientização e prevenção da doença, que se caracteriza pela interrupção de fluxo sanguíneo para o cérebro, causado por um problema nos vasos, artérias ou veias.
Ainda de acordo com os pesquisadores do estudo, os casos de AVC estão aumentando significativamente entre adultos jovens e de meia-idade, abaixo dos 55 anos, sendo a terceira causa de incapacidade no mundo.
“Cerca de 70% das pessoas não retorna ao trabalho após um AVC devido às suas sequelas, e 50% ficam dependentes de outras pessoas no dia a dia”, complementa o neurologista.
Os principais sintomas consistem fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente em um lado do corpo; desvio da rima labial, com a boca torta ao falar; confusão mental, alterações da fala, visão, equilíbrio, coordenação motora e dor de cabeça forte e súbita.
“As principais formas de prevenção do AVC estão relacionadas aos hábitos de vida, como a realização de atividades físicas, alimentação balanceada, controle de fatores de risco como hipertensão, diabetes e colesterol”, alerta Sousa.
Tipos de AVC
Existem dois tipos de Acidente Vascular Cerebral, o isquêmico e o hemorrágico. No isquêmico, tipo mais comum e que representa cerca de 80% de todos os casos, uma artéria do cérebro é bloqueada e o tecido que depende dela sofre com a falta de oxigênio, causando danos.
Já o hemorrágico ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe e sangra para o tecido cerebral. “Pode ocorrer devido a uma pressão arterial muito alta, aneurisma (dilatação frágil de uma artéria) ou outros problemas nos vasos sanguíneos”, explica Wagner Mauad Avelar, neurologista e membro titular da Sociedade Brasileira de AVC.
“Nos dois casos a rapidez no atendimento é fundamental para diminuir a chance de sequelas. Quanto antes for iniciado o tratamento, mais chances temos de salvar os neurônios que estão em sofrimento”, alerta Avelar, que também atua no Hospital São Luiz Campinas.
Inaugurado no mês de maio, o São Luiz Campinas é o maior hospital privado do interior paulista e possui uma sala de Hemodinâmica que conta com o que há de mais moderno e avançado em termos de tecnologia em saúde, proporcionando mais precisão na realização de procedimentos minimamente invasivos.
A Sigla SAMU pode ajudar a identificar acasos de AVC:
S – SORRISO, pedir para o paciente sorrir, ele não vai conseguir, a pessoa vai apresentar desvio da rima labial.
A – ABRAÇAR, ele não vai conseguir levantar os braços.
M – MENSAGEM – o paciente não vai conseguir falar.
U – URGÊNCIA – ligar para um serviço de urgência para este paciente receber o atendimento logo.
Após o aparecimento dos sintomas o paciente tem até quatro horas e meia para iniciar o tratamento, que pode ser realizado com uso de medicamentos que ajudam a dissolver o coágulo; procedimento de cateterismo, para desobstruir a artéria por meio de cateter; cirurgias para conter o sangramento e aliviar a pressão intracraniana, entre outros. “Caso identifique algum dessas condições anote o horário exato do início dos sintomas e acione imediatamente o serviço de emergência. Em casos de AVC é essencial encaminhar o paciente para uma unidade com estrutura adequada, pois o tempo é essencial”, enfatiza Avelar.