29 de abril de 2024

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Confira a entrevista exclusiva com Vavá Botelho, fundador e diretor geral do mundialmente aclamado Balé Folclórico da Bahia

Por Carol Campos

Considerado um dos principais Embaixadores da Cultura Afro-Baiana, o Balé Folclórico da Bahia (BFB) já teve que enfrentar muitos desafios ao longo da sua trajetória. Um dos principais foi a pandemia de Covid – 19, quando a companhia, que em agosto completa 34 anos, ficou mais de dois anos parada e quase teve que encerrar definitivamente suas atividades. Felizmente, o grupo deu a volta por cima e lançou o Festival Balé Folclórico da Bahia com uma ampla programação para 2022.  Além de shows e exposição, o festival, que acontece entre os meses de abril e novembro deste ano, inclui atividades socioeducativas com oficinas gratuitas em dez comunidades de Salvador e Lauro de Freitas. O Festival conta com o estimulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem os patrocínios do Banco Votorantim e do Instituto Cultural Vale.

Aclamada mundialmente, a companhia de dança, que tem sede no Pelourinho, em Salvador, já se apresentou em mais de trezentas cidades e de vinte países.

Em entrevista exclusiva para o Nidde Digital, Walson Botelho, mais conhecido como Vavá Botelho, fundador e diretor geral do Balé Folclórico da Bahia, falou sobre o momento atual da companhia. Confira!

ND –  Depois de quase encerrar suas atividades, o BFB retomou em grande estilo com o Festival Balé Folclórico da Bahia. Como define esse momento da companhia?

Vavá Botelho – Estamos renascendo. Voltar às atividades, depois de tanto tempo parados, é um exercício de paciência e determinação. O bom disso é que aqueles que permaneceram estão muito incentivados a dar tudo de si para contribuírem com o sucesso do projeto. Agora, graças a Lei de Incentivo, ao patrocínio da iniciativa privada e a inúmeros apoios, o Balé Folclórico da Bahia volta com uma programação extensa, robusta, que contempla da formação do seu novo corpo de baile a uma estreia mundial prevista para novembro, no TCA..

ND – Quais são as atividades principais da programação do Festival?

Vavá Botelho – Esse projeto foi criado em 2018 para comemorar os 30 anos do BFB. Na ocasião, ele não foi realizado por não termos encontrado nenhuma empresa patrocinadora para apoiá-lo. Continuamos tentando em 2019, mas não conseguimos, mais uma vez, esse apoio. Após dois anos fechados por causa da pandemia, fomos contatados pelo Banco Votorantim e pelo Instituto Cultural Vale, que nos comunicaram o interesse em patrocinar o projeto. Daí começamos a desenvolver as ações para realizá-lo este ano. Este projeto consiste em várias ações principais e diversas outras derivadas dessas primeiras. As principais são: realização de dez oficinas de percussão e de dança-afro brasileira em comunidades de baixa renda de Salvador e Região Metropolitana; oficinas técnicas de cenografia, adereços e figurinos; exposição sobre os atuais 34 anos do BFB e apresentação de um espetáculo inédito no Teatro Castro Alves. 

ND – A companhia desenvolve um trabalho importante de valorização da cultura  afro-baiana. Você diria que esse é o principal propósito do Balé Folclórico da Bahia?

Vavá Botelho –  Quando o Balé Folclórico da Bahia foi criado em 1988, eu diria que os principais objetivos da instituição eram a pesquisa, estudo, manutenção e promoção das mais variadas manifestações culturais populares baianas, em especial aquelas diretamente ligadas às origens ancestrais africanas do povo baiano. No entanto, logo naquele momento, percebemos que no fundo tudo isso dependia de objetivos muito mais específicos, que nesse caso era um trabalho social extremamente vital para o sucesso do todo. Esse trabalho estava, desde aquela época, já muito voltado para o lado social da nossa comunidade. Hoje, eu diria que essas três áreas – a artística, a cientifica e a social – caminham lado a lado se tornaram os pilares do nosso pensamento.

ND – Centenas de bailarinos formados no BFB ganharam o mundo e agora integram grandes companhias internacionais.  Além de ser Embaixador Cultural do Brasil no mundo, a vocação para o trabalho socioeducativo também é uma marca do BFB? 

Vavá Botelho – Sim, sem esse braço estendido para o social, nosso trabalho não tem muito sentido. A companhia tem no seu DNA a vocação para o trabalho social, nos 34 anos do Balé já formamos mais de 700 bailarinos, a maioria deles oriundos de comunidades de baixa renda. Muitos bailarinos, que aprenderam os primeiros passos de dança no Balé Folclórico da Bahia, ganharam o mundo e hoje brilham em companhias internacionais em vários países da Europa e nos EUA.

ND – A campanha #vaverobalé é um chamado ao público local para o espetáculo mundialmente conhecido e que no mês passado voltou a ser apresentado no Teatro Miguel Santana?

Vavá Botelho –  Exatamente, essa campanha trabalha para que o público baiano, principalmente, vá ao Pelourinho ver o Balé em seus espetáculos diários no Teatro Miguel Santana, sede da companhia desde 2003.

ND – O que o público pode esperar para a estreia mundial do grupo em novembro?

Vavá Botelho –  Um espetáculo inédito, composto por três coreografias criadas por três bailarinos / coreógrafos formados pelo BFB e que hoje são grandes expoentes da dança mundial. Convidamos Nildinha Fonseca, Durval Santos e Slim Mello (esses dois últimos residem em Nova York há mais de vinte anos) para criarem, cada um no seu estilo, uma coreografia que retrate a sua trajetória dentro do Balé e suas experiências nas mais importantes companhias de dança do mundo após terem passado pelo Balé Folclórico da Bahia. Pode ter certeza que o resultado será fenomenal.

ND – O Balé já tem planos para voltar a fazer turnês nacionais e internacionais?

Vavá Botelho –  Sempre. Nosso reconhecimento internacional veio dessas turnês mundiais, que começaram em 1992 e que teriam acontecido em 2020 numa grande passagem pela China, onde tínhamos setenta apresentações já fechadas em diversas cidades, mas veio a pandemia.

Crédito da foto: Andrew Eccles

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