Foto: Freepik
Psiquiatra e psicóloga alertam para a importância da autopercepção e estratégias de autocuidado para evitar complicações futuras
O estresse é uma resposta natural do corpo a situações adversas, mas, quando crônico, pode prejudicar a saúde, as relações pessoais e o desempenho no trabalho. Por isso, aliviar o estresse diário é fundamental para preservar o equilíbrio mental, emocional e físico.
“Quando essa resposta a situações desafiadoras se torna frequente e prolongada, o corpo tem dificuldade em retornar ao estado de normalidade, começando a emitir sinais de alerta. Entre os primeiros indícios estão as somatizações, como taquicardia, palpitações, medo, irritabilidade e ansiedade”, descreve o psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS), Vinicius Pedreira
As principais condições psiquiátricas que podem ser desencadeadas ou agravadas pelo estresse constante, conforme o docente, incluem: ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, insônia, transtornos alimentares e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
“À medida que o indivíduo identificar ou for chamado a atenção por alguém que está enfrentando prejuízos no cotidiano, dificuldades em gerir a rotina ou disfunções diárias que impactam o dia a dia, é hora de buscar ajuda. Além disso, é fundamental impor limites a si mesmo em relação ao que está se tornando exaustivo e que pode levar a problemas de estresse e sobrecarga”, alerta o profissional.
Desacelerar
Embora o estresse não seja percebido da mesma forma por todos. Eventos semelhantes podem provocar reações emocionais, físicas e sociais diferentes, dependendo de como cada pessoa lida com a situação. Por isso, estimular a autopercepção e o autoconhecimento é essencial para que cada um descubra o que é possível e prazeroso em seu cotidiano.
Vinicius Pedreira explica que é possível prevenir o impacto do estresse no corpo e na mente por meio de uma alimentação equilibrada, boas noites de sono e evitando o consumo de álcool e tabaco. “É essencial que, em momentos de pico de estresse, a pessoa busque alternativas para desacelerar. Atividades físicas prazerosas, meditação ou mesmo uma simples caminhada podem ajudar a conectar-se consigo mesma e refletir sobre os fatores que desencadeiam o estresse. Essas práticas são essenciais para identificar as causas e encontrar maneiras de enfrentá-las. Ao surgirem problemas ou algo que não está normal, causando prejuízos funcionais, é fundamental buscar ajuda profissional e evitar a exposição a gatilhos, o que facilita a prevenção”, aponta o psiquiatra e professor da UNIFACS, cujo curso de Medicina é parte integrante da Inspirali.
Psicóloga e professora do curso de Psicologia da UNIFACS, Gabriela Moura acrescenta que, em momentos de crise, é importante entender que é possível encontrar oportunidades de resgate pessoal, aprendizagem e crescimento. “Temos nos habituados a viver de forma acelerada, mas permitir-se sentir e refletir pode ser o primeiro passo para mudanças significativas em nossa maneira de viver e interagir com os outros. Além disso, dedicar-se a hobbies pode ajudar na reconexão com os próprios prazeres; se necessário, a psicoterapia pode ser uma ferramenta valiosa nesse processo. Manter uma rotina próxima do habitual, respeitando horários de trabalho, estudo, exercício físico e sono, também é fundamental para o bem-estar”, frisa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior prevalência de ansiedade e o quinto em relação à depressão na América Latina. Esses transtornos podem ser associados ao estresse crônico e o cenário destaca a importância de identificar e gerenciar o estresse antes que ele impacte a saúde mental e física.