Imagem: Pixabay
Elaboração de documento, com diretrizes e informações claras, guiará os diferentes setores da economia brasileira a investir em mecanismos de resiliência e enfrentamento
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) elaborou um documento com contribuições para as discussões em torno da estratégia nacional de adaptação às mudanças climáticas, instrumento doméstico que tem potencial de contribuir com as discussões globais sobre o assunto durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai.
No posicionamento, que será lançado oficialmente na conferência, a CNI afirma que a internalização dos riscos climáticos tem sido cada vez mais relevante no planejamento estratégico das empresas. Isso porque essas alterações podem implicar impactos negativos, incluindo:
– danos a infraestruturas e equipamentos;
– interrupção parcial ou total da operação industrial;
– impactos no fornecimento de energia elétrica;
– redução ou interrupção do fornecimento de matérias-primas;
– comprometimento da saúde dos colaboradores;
– e redução da disponibilidade e da qualidade da água.
Segundo a Confederação, as cadeias de valor das empresas formam uma rede altamente interdependente que pode ser muito vulnerável e conter diversas incertezas em relação às mudanças climáticas.
O que é estratégia nacional de adaptação?
Todos os países, ricos e pobres, precisam se adaptar às mudanças climáticas. A elaboração de uma estratégia nacional de adaptação, com diretrizes e informações claras, guiará os diferentes setores da economia brasileira a investir em mecanismos de resiliência e enfrentamento – como a melhoria dos sistemas de reuso de água, ampliação do acesso a financiamentos e a implementação mais rápida das energias renováveis nos processos produtivos.
Para a indústria, os riscos das mudanças no clima serão diferenciados conforme o setor, a região do país e o porte das empresas. Setores mais sensíveis são aqueles mais intensivos no uso de água e energia, os localizados em regiões geográficas mais expostas, como por exemplo, em áreas costeiras ou em locais com riscos inundações e deslizamentos de terra.
A agenda de adaptação, no entanto, não substituirá a de mitigação. Se não houver a redução das emissões de gases do efeito estufa, será cada vez mais difícil estabilizar a temperatura mundial, e a adaptação se tornará ainda mais dispendiosa.
Ainda no documento, a CNI aponta que, considerando a importância de o setor empresarial conhecer e gerir as oportunidades e os riscos que os eventos climáticos extremos podem acarretar aos negócios, é fundamental a coordenação institucional dessa agenda, por meio de uma estratégia nacional de adaptação, para definir as melhores estratégias de enfrentamento para o país, além das necessidades de financiamento climático.
Nessa estratégia, a indústria defende ainda que:
– O governo revisite, com a lupa climática, as políticas já existentes nas esferas federal, estadual e municipal. As diretrizes do documento devem estar em consonância com as ações previstas nas políticas públicas em curso;
– Crie regulamentações para preencher lacunas importantes e viabilizar ações de adaptação da indústria, como o reuso de efluentes;
– Mapeie as sinergias das medidas de adaptação entre os setores visando otimizar os esforços de implementação. Isso significa que, após os exercícios dos setores de identificar seus riscos e vulnerabilidades, seria importante um mapeamento das sinergias entre as demandas e ofertas de cada setor, com a finalidade de otimizar as ações e evitar retrabalhos.
– Estimule o engajamento de estratégias conjuntas de adaptação entre os setores da sociedade.
– E comunique à sociedade, de forma adequada e oportuna, os impactos associados à mudança do clima, especialmente no que diz respeito à ocorrência de eventos extremos.
“Entendemos que uma lógica mais clara de planejamento possibilitaria uma melhor compreensão da estratégia do governo e uma avaliação mais precisa sobre as oportunidades de sinergia entre os esforços do setor público e do privado”, afirma o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.