21 de novembro de 2024

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COP29: rascunho do texto final não garante avanços para países em desenvolvimento, segundo delegação do Greenpeace

Imagem: Pixabay

Além de não citar valores que devem ser repassados dos países desenvolvidos aos em desenvolvimento, rascunho contabiliza mercado de carbono voluntário na conta do financiamento climático. “Ultrajante”.

Baku, 21 de novembro – Um rascunho do texto final da Conferência do Clima da ONU no Azerbaijão, a COP29, publicado na manhã desta quinta-feira (21), foi recebido com alerta pela delegação política internacional do Greenpeace, que acompanha as negociações entre os países. O rascunho cita que o financiamento climático é de responsabilidade dos países desenvolvidos e que os grandes poluidores climáticos devem pagar pelos danos causados aos países em desenvolvimento, mas não apresenta um valor.

“Viemos à COP29 com o objetivo principal de discutir o novo objetivo global de financiamento climático, mas, a um dia do final da Conferência, não vemos avanços. De modo geral, o texto ainda reflete um ambiente muito polarizado, com opções razoáveis, mas também com o risco de aprovar um resultado fraco ou até mesmo de não aprovar texto nenhum sobre o tópico de financiamento”, afirma a diretora de Campanhas do Greenpeace Brasil, Raíssa Ferreira.

Apesar de o rascunho publicado nesta quinta reconhecer que os investimentos em combustíveis fósseis ultrapassam os trilhões de dólares, os países doadores seguem fugindo de sua responsabilidade de promoverem o financiamento climático. A única menção a valores vista neste texto é o dos já consensuados $100 bilhões ao ano, valor insuficiente diante dos trilhões de dólares necessários atualmente. 

“As discussões nestas quase duas semanas têm sido difíceis. Tivemos que batalhar para que o óbvio estivesse no rascunho do texto final: que o financiamento é responsabilidade dos países desenvolvidos e deve ser destinado aos países em desenvolvimento; e que os poluidores devem ser responsabilizados pela emergência climática que enfrentamos. O texto, porém, não menciona claramente a necessidade de taxar as grandes empresas ligadas aos combustíveis fósseis, assim como não define de qual valor estamos falando”, diz Ferreira.

Contabilizar mercado de carbono voluntário é ultrajante

A especialista em Política Internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim, alerta que o texto também não garante qualidade desse financiamento, que tem sido operado majoritariamente com juros altos, o que, na prática aumenta o endividamento dos países em desenvolvimento e impossibilita sua ação climática.

“Se por um lado o texto mantém uma declaração de que não podem ser definidos como financiamento climático os empréstimos a juros de mercado ou créditos de exportação, por outro, o texto coloca o mercado de carbono voluntário como algo que pode ser contabilizado como financiamento climático, o que é ultrajante”, pontua Jardim.

Sobre o Greenpeace Brasil

O Greenpeace Brasil é uma organização ativista ambiental sem fins lucrativos, que atua desde 1992 na defesa do meio ambiente. Ao lado de todas as pessoas que buscam um mundo mais verde, justo e pacífico, a organização atua há mais de 30 anos pela defesa do meio ambiente denunciando e confrontando governos, empresas e projetos que incentivam a destruição das florestas.

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