30 de maio de 2025

Crise de tontura do presidente Lula reacende debate sobre labirintite

Crédito: Freepik

Médico explica que a condição geralmente precisa de internação; saiba quando procurar um especialista

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou cancelar compromissos oficiais nesta semana após ser acometido por uma forte vertigem. Após exames, o diagnóstico apontou para um distúrbio no labirinto, estrutura do ouvido interno responsável pelo equilíbrio. O episódio reacendeu a atenção sobre a chamada “labirintite”, um termo frequentemente utilizado — e, segundo especialistas, muitas vezes de forma incorreta.

“Labirintite é uma inflamação do labirinto, e na verdade é uma condição incomum. Nem toda tontura ou vertigem é labirintite, embora esse termo tenha se popularizado como sinônimo de qualquer problema de equilíbrio”, explica o médico otoneurologista Fernando Botelho, especialista em tontura do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, da Vision One.

Segundo o especialista, a verdadeira labirintite costuma ser consequência de infecções, como otites e meningites, que se estendem para o labirinto. “Ela não tem associação com estresse ou cansaço, ao contrário do que muita gente imagina”, afirma Botelho. Ainda assim, ele ressalta que existem outras doenças do labirinto — conhecidas como labirintopatias — que podem ser influenciadas por fatores como alimentação e estilo de vida.

No caso de Lula, o quadro foi classificado como uma labirintopatia, e não labirintite. “A labirintite geralmente exige internação hospitalar, com sintomas intensos como vertigem severa e vômitos incapacitantes. Já a labirintopatia pode ter várias causas e graus de intensidade”, detalha o médico.

O diagnóstico dessas condições é feito com base na história clínica do paciente, exame físico e, em alguns casos, como a labirintite, são necessários exames de imagem como a tomografia da mastoide — o osso próximo ao ouvido. A diferenciação entre as diversas doenças do labirinto é fundamental para o tratamento adequado.

“A vertigem que impede o indivíduo de realizar suas atividades diárias ou que vem acompanhada de sintomas neurológicos, como visão dupla, desmaios ou perda de força, é um sinal de alerta. Nesses casos, deve-se procurar atendimento médico com urgência”, orienta Botelho.

Embora a labirintite em si não tenha relação direta com a idade e seja um evento raro e geralmente isolado, outras labirintopatias podem ser recorrentes. Doenças como a enxaqueca vestibular e a Doença de Menière, por exemplo, podem se manifestar com episódios frequentes de tontura e vertigem. “Nesses casos, manter uma rotina de atividade física regular e uma alimentação balanceada pode ajudar muito no controle dos sintomas”, diz o especialista.

O episódio enfrentado pelo presidente serve de alerta para a importância de buscar avaliação médica especializada diante de quadros de tontura persistente. “Existe muita confusão entre os termos, e só com uma boa avaliação clínica é possível diferenciar e tratar corretamente cada caso”, finaliza Dr. Fernando Botelho.

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