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Os golpes digitais não são novidade, mas a evolução da inteligência artificial tem tornado as fraudes ainda mais sofisticadas, atingindo um número crescente de vítimas. Para alertar sobre esses riscos, foi criado o Dia da Internet Segura, instituído em vários países, que este ano ocorre hoje, 11 de fevereiro. A data tem o objetivo de conscientizar sobre o uso seguro e responsável da internet e o combate aos crimes virtuais, que, só no Brasil, afetaram mais de 40 milhões de pessoas com mais de 16 anos, segundo um estudo do Instituto DataSenado de 2024.
O coordenador dos cursos de TI EAD da Unijorge, Fábio Gomes, alerta que um dos golpes mais comuns atualmente envolve o uso de deepfake em áudio e vídeo. Nesse caso, essa técnica pode falsificar o rosto de uma pessoa em vídeo ou simular a voz, utilizando uma série de filtros ou construindo um similar via inteligência artificial para promover produtos ou serviços fraudulentos.
“Essas ações criminosas ocorrem principalmente nas redes sociais, onde são criadas identidades falsas com o uso de IA. Muitas vezes, isso envolve a produção de vídeos manipulados com a imagem de pessoas famosas, promovendo ofertas enganosas para induzir a compra de produtos que, na realidade, nunca serão entregues”, diz Fábio.
Fraudes bancárias envolvendo essa tecnologia também são comuns, como nos casos em que golpistas solicitam transferências de valores por meio de chamadas de vídeo, utilizando deepfake para se passar por pessoas conhecidas, como familiares ou gerentes de banco. “Nessa situação, o ideal é tentar entrar em contato com a pessoa por outro canal de comunicação e, também, é importante verificar a forma como a pessoa está falando, como o tipo de linguagem e o sotaque, que podem estar diferentes”, acrescenta o professor.
A IA pode ser utilizada também no golpe de phishing para simular de forma mais personalizada e realista e-mails ou comunicações de bancos e empresas, com o objetivo de obter informações sensíveis, como senhas, números de cartão de crédito e dados bancários. A orientação é nunca fornecer dados sensíveis, como senhas, números de cartão de crédito e débito, ou dados de login. É fundamental certificar a procedência da comunicação e entrar em contato sempre pelos canais oficiais.
Segundo o coordenador, existem algumas formas de identificar esses golpes com IA, e os consumidores devem ficar atentos. “Um dos problemas desses vídeos falsos são as inconsistências visuais, como o piscar de olhos estranho e movimentos artificiais, e a voz pode parecer mecânica e sem emoção. Além disso, o áudio pode ter ruídos e cortes abruptos”, explica.
A IA pode ser também uma aliada na detecção dessas fraudes. Existem softwares que analisam pixels, padrões e frequências de áudio para identificar manipulações. Há também ferramentas para comparar padrões de voz e rosto, amplamente utilizadas por empresas financeiras para prevenir fraudes. Entre essas ferramentas estão o Doc, uma ferramenta anti-deepfake muito utilizada em sistemas financeiros, além de outras como GPTZero, Copyleaks e Plagius, que ajudam a detectar textos de plágio.
Inteligência Artificial e fake news
Outro aspecto que precisa de atenção é o uso da inteligência artificial na disseminação de fake news. O professor dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Cinema da Unijorge e doutorando em Cultura Digital, Moisés Costa Pinto, destaca que essas informações podem ser apresentadas em textos, vídeos e áudios, produzidos por pessoas mal-intencionadas, interessadas em propagar mentiras para atender a interesses diversos.
“Um dos lados negativos da IA, particularmente a IA generativa, é a sua ampla capacidade de ser utilizada para gerar conteúdos falsos. Isso pode prejudicar pessoas, comunidades e afetar até mesmo a economia nacional, como aconteceu com as questões relacionadas às transações via PIX”, explica.
Para Moisés, a forma de se defender de fake news é a desconfiança. Se a informação não vem de uma fonte confiável, como um site oficial do governo ou mesmo de um veículo de jornalismo profissional, é melhor ter cautela e não compartilhar. “Tenha calma e busque outras fontes para checar a veracidade do conteúdo. Mensagens virais de WhatsApp não são fontes confiáveis para assuntos relevantes e comunicados oficiais do governo, por exemplo”.