23 de novembro de 2024

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ESG não é apenas sobre ecologia, inclusão também é essencial

Foto: Pexels

Pensamento sobre inclusão não pode ser só uma moda

A inclusão da comunidade LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho tem sido um tema de intensas discussões e desafios contínuos. Enquanto gays e lésbicas têm, em alguns casos, conseguido se afirmar no ambiente profissional, outras partes da comunidade, como as pessoas transexuais, ainda enfrentam barreiras significativas. Muitas pessoas LGBTQIAPN+ ainda sentem a necessidade de esconder sua verdadeira identidade no trabalho, temendo represálias devido a estereótipos de comportamento, vestimenta ou fala.

A garantia de oportunidades igualitárias de desenvolvimento e crescimento de carreira é um dos maiores desafios. Entre 2019 e 2020, houve um avanço nas discussões sobre diversidade e inclusão, com muitas empresas globais se comprometendo a avaliar competências profissionais sem preconceitos relacionados à orientação sexual ou identidade de gênero.

“A crescente conscientização social e o surgimento de leis contra a discriminação têm contribuído para uma maior aceitação. Muitas empresas agora adotam posturas firmes contra a discriminação e implementam iniciativas de educação sobre diversidade para seus colaboradores. Exemplos dessas ações incluem implementação de planos ESG, além de comitês de diversidade, que promovem discussões, palestras e cursos direcionados para a inclusão”, diz Helena Gurgel, Head de Sustentabilidade da Impactability .

Apesar desses esforços, a presença de pessoas LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho ainda enfrenta obstáculos consideráveis. Um levantamento do Instituto Ethos aponta que apenas 19% das empresas possuem políticas de igualdade para LGBTQIAPN+ entre seus colaboradores. Além disso, uma pesquisa intitulada “Demitindo Preconceitos” revela que 38% das empresas em 14 estados brasileiros ainda apresentam restrições à contratação de homossexuais, e 40% dos LGBTQIAPN+ já sofreram discriminação no trabalho. Estes dados mostram que muitos profissionais ainda escondem sua orientação ou identidade de gênero por medo de represálias.

“A inclusão LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho é fundamental não apenas por razões de justiça social, mas também pelo impacto positivo que traz às organizações. Consumidores estão cada vez mais exigentes quanto às práticas sociais das empresas que apoiam, valorizando marcas com forte compromisso com a responsabilidade social. A diversidade nas equipes promove novas perspectivas, inovação e um ambiente mais dinâmico”, conta Helena Gurgel.

No contexto de ESG (Environmental, Social, and Governance), a inclusão LGBTQIAPN+ é um aspecto crítico do pilar social. Empresas comprometidas com a diversidade tendem a apresentar melhores desempenhos financeiros, com estudos indicando que organizações com equipes executivas diversas em termos de gênero são até 33% mais lucrativas.

No entanto, há um longo caminho a percorrer. Muitas empresas ainda não alocam orçamento ou equipes dedicadas à implementação de programas de ESG e diversidade. Em alguns casos, ocorre o “Diversity Washing” ou “ESG Washing”, onde empresas defendem publicamente causas como a inclusão LGBTQIAPN+, mas não promovem mudanças internas reais.

Para evitar essa prática e promover uma inclusão genuína, é essencial que as empresas implementem um plano ESG, assim realizando uma análise de dados e planejamento estratégico voltado para a diversidade e inclusão. Desde 2017, os Padrões de Conduta Corporativos LGBTQIA+ das Nações Unidas têm colocado a inclusão LGBTQIAPN+ dentro da estrutura de Direitos Humanos, delineando responsabilidades empresariais. Organizações que desejam integrar a diversidade LGBTQIAPN+ em suas práticas ESG devem investir em ferramentas e guias para incorporar essa lente inclusiva em suas estruturas existentes.

A inclusão LGBTQIAPN+ no mundo empresarial é um imperativo moral e estratégico, que exige um compromisso genuíno e ações concretas das organizações para promover um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo e inovador.

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