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Levantamento da Telavita revela sintomas prolongados entre pacientes do estado e reforça alerta sobre a ecoansiedade como resposta emocional crescente às mudanças climáticas extremas
Um ano após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, os efeitos do desastre seguem impactando profundamente a saúde mental da população. Estudo conduzido com pacientes atendidos pela Telavita — empresa pioneira em soluções digitais de psicologia e psiquiatria no Brasil — revela que os traumas emocionais vão muito além das perdas materiais, com destaque para a crescente manifestação da ecoansiedade: um medo crônico de colapso ambiental, marcado por sentimentos de impotência, preocupação constante com o futuro do planeta e insegurança diante da instabilidade climática.
De acordo com o estudo, 25% dos pacientes avaliados apresentaram sintomas consistentes de ecoansiedade. Embora ainda não seja oficialmente reconhecida como um transtorno mental, a ecoansiedade tem ganhado destaque à medida que eventos extremos, como as enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, se tornam cada vez mais frequentes e intensos. “Muitos relatam um medo constante de novas catástrofes, uma sensação de impotência diante da crise ambiental e insegurança em relação ao futuro. Esses sentimentos impactam não apenas o bem-estar emocional, mas também a capacidade de tomar decisões e planejar a própria vida”, afirma Aline Silva, psicóloga e Diretora Clínica da Telavita.
O levantamento foi realizado entre maio de 2024 e abril de 2025, com base nas evoluções clínicas de pacientes residentes no estado. Mesmo entre aqueles que não sofreram perdas materiais, foram identificados dois picos de ansiedade: o primeiro logo após o desastre e o segundo em janeiro de 2025, período marcado por novas chuvas e pelo retorno do medo de alagamentos. Entre as centenas de pessoas avaliadas, 80% das que relataram impacto direto das enchentes são mulheres.
Entre os principais sintomas observados estão ansiedade persistente, ataques de pânico, dificuldades de reorganização pessoal e agravamento de conflitos familiares. Em cerca de 20% dos casos, as tensões domésticas aumentaram após a tragédia, revelando o impacto emocional nas relações. Além disso, sentimentos de culpa e autocrítica apareceram em 15% dos pacientes, indicando uma tendência à responsabilização individual frente a eventos incontroláveis.

Para Aline Silva, esses achados revelam a complexidade do trauma ambiental: “A tragédia não termina quando a água escoa. As marcas emocionais, muitas vezes invisíveis, permanecem ativas por meses — ou anos. É fundamental reconhecer a ecoansiedade como uma resposta legítima e cada vez mais comum no nosso contexto climático”, completa Aline.
O estudo também identificou que aproximadamente 31% dos pacientes demonstraram resiliência ao longo do processo, buscando estratégias de reorganização emocional e retomada de suas atividades. A inserção no mercado de trabalho, o retorno aos estudos e o envolvimento em atividades culturais aparecem como caminhos possíveis para ressignificar a experiência traumática. No entanto, 40% continuaram a apresentar sintomas emocionais.
O estudo conduzido pela Telavita evidencia que os efeitos dos desastres climáticos são multidimensionais, atingindo não apenas o ambiente físico, mas também a identidade, os vínculos e a estabilidade emocional dos indivíduos. “A reconstrução de uma comunidade afetada por desastres não se limita a obras e infraestrutura. É urgente incluir o suporte emocional como prioridade, sobretudo para populações vulneráveis. Diante da emergência climática, reconhecer a ecoansiedade como parte do cenário atual é um passo essencial para promover saúde integral e prevenção em contextos de crise, finaliza a executiva.
Sobre a Telavita
A Telavita é uma empresa pioneira em soluções digitais de psicologia e psiquiatria no Brasil, oferece programas completos de saúde emocional para indivíduos e companhias. Com uma metodologia baseada em dados, a healthtech estrutura jornadas de cuidado que combinam inteligência artificial e outras tecnologias, suporte especializado e conteúdos psicoeducacionais, promovendo impacto mensurável no bem-estar dos pacientes e na eficiência dos serviços de saúde mental.