Maria Fernanda Hijjar, sócia executiva do ILOS e responsável pelo estudo / Crédito: Divulgação ILOS
Estudo revela que 54% das maiores empresas atuantes no Brasil estão em fase de desenvolvimento de ações que reduzem o impacto ambiental das operações logísticas
Em pesquisa inédita, o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) ouviu 120 das maiores indústrias e varejos do país em faturamento para avaliar o estágio de maturidade em ações de descarbonização na logística. Os resultados revelam um cenário de progresso, mas também destacam os desafios para a transição sustentável do setor.
O estudo identificou que 54% das empresas brasileiras estão em um estágio denominado “Em Desenvolvimento”, enquanto 1% delas se destacam como “Líderes”. As demais 45% das empresas ainda estão no estágio inicial de maturidade na implantação de ações de descarbonização na logística.
“Está cada vez mais claro para as empresas que a descarbonização é uma pauta urgente. E a logística tem uma parcela representativa na emissão de gases nocivos ao planeta. Empresas que não tomarem ações de descarbonização podem ter consequências diretas em seus negócios, sofrendo diretamente com as consequências climáticas, recebendo sanções do governo ou perdendo investidores e clientes”, alerta Maria Fernanda Hijjar, sócia executiva do ILOS e responsável pelo estudo.
Atividades logísticas em foco
Dentre as ações de descarbonização logística implementadas pelas empresas atuantes no Brasil, aquelas relacionadas à atividade de Armazenagem são as mais maduras, com um maior nível de implementação entre as grandes empresas do país.
Embora, a operação de Transportes seja a maior emissora entre as atividades logísticas, a implementação de ações de descarbonização nesta atividade ainda é mais restrita. “Boa parte da descarbonização em transportes depende de uma transição energética e tecnológica que altere os combustíveis e motores disponíveis atualmente, sendo necessária ainda uma nova infraestrutura de postos de abastecimento”. explica Maria Fernanda. Essas necessidades estruturantes em transportes não estão sob a responsabilidade das empresas embarcadoras, e acabam restringindo o avanço nas ações empresariais para descarbonização. Por outro lado, as ações para redução de emissões em Armazenagem estão mais disponíveis, e figuram entre as mais implementadas nas empresas.
Principais ações de descarbonização na logística
A pesquisa do ILOS detalhou as principais ações de descarbonização implementadas pelas companhias de grande porte no país. Em Armazenagem, 7 entre 10 empresas já investem em empilhadeiras elétricas e na redução de resíduos de embalagens logísticas. Este último, aliás, além de ser benéfico para o planeta, trouxe redução de custos para 65% das empresas que o implementaram.
Já em Transportes, as principais ações implementadas são a Consolidação de cargas em um mesmo veículo e a Otimização das rotas para diminuir as distâncias percorridas. Essas ações, que trazem grande produtividade à operação de transportes, ajudam tanto na redução de custos quanto na redução de emissões.
Por outro lado, ações empresariais que exigem energia, tecnologia ou infraestrutura pouco disponíveis, como uso de combustíveis alternativos e veículos elétricos, estão entre as menos implementadas pelas companhias.
Relacionamento entre indústrias e operadores logísticos
Apesar dos avanços, o estudo aponta que há um longo caminho a ser percorrido para descarbonização, especialmente no relacionamento entre as empresas donas das cargas e seus operadores logísticos. “O nível de terceirização na logística é alto, com 88% das grandes indústrias e varejos contratando terceiros para operar seus transportes, e 37% terceirizando a armazenagem. Isso leva à necessidade de ações conjuntas para descarbonização”, explica Maria Fernanda. Por hora, o estudo do ILOS mostra que apenas 30% das indústrias e varejos estão dispostos a pagar mais caro ao operador logístico por ações de redução de emissões.
Oportunidades e desafios
Dentre as várias conclusões do estudo, destaca-se que é possível reduzir emissões na logística e também reduzir custos. Assim, as ações que melhoram a produtividade da operação são as mais difundidas entre as empresas brasileiras. Enquanto as ações que exigem alto investimento e aumento de custos estão menos implementadas ou em fase piloto. O salto na descarbonização logística deverá vir concomitantemente a mudanças energéticas, tecnológicas e infraestruturais, juntamente com o aumento da produtividade empresarial e das ações conjuntas entre indústrias, varejos e operadores logísticos.
SOBRE O ILOS
Com mais de 30 anos de experiência, o ILOS é referência no Brasil em planejamento, estruturação e implementação de projetos de Logística e Supply Chain. Através dos projetos de consultoria, das análises de mercado, dos cursos e eventos, o instituto busca ampliar os horizontes do mercado de logística e supply chain. Acesse Link