O horário de verão, ao alinhar melhor o consumo com a produção de energia solar, ajuda a reduzir a necessidade de acionamento de termelétricas e alivia a pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas, afirma presidente da Associação Baiana de Energia Solar – ABS / Foto: Usina Solar instalada na Escola Sulamericana, em Salvador / Divulgação ABS
O Horário de Verão, após ter sido extinto no governo Bolsonaro, voltou a ser tema de discussão no Brasil este ano. Apesar de o Ministério das Minas e Energia já ter batido o martelo na decisão de não resgatar a medida em 2024, a ideia será avaliada para o ano que vem. A pasta, influenciada pelo crescimento do uso da energia solar no País, tem estudado quais seriam os impactos desse retorno na geração de energia elétrica pelo sistema fotovoltaico.
O presidente da Associação Baiana de Energia Solar (ABS), Marcos Rêgo, defende o retorno do horário de verão em 2025. Segundo ele, atualmente, a medida é cada vez mais necessária, já que, com as mudanças no consumo energético, principalmente com o aumento da energia solar, a reintrodução do adiantamento do relógio em uma hora favorece a geração de energia elétrica no Brasil.
“O Horário de Verão é positivo para o sistema fotovoltaico porque aproveita melhor o tempo em que há luz solar. Como a produção de energia solar ocorre durante o dia, o horário de verão permite que o consumo de energia coincida melhor com os horários em que o sol está mais forte. Isso significa que as casas e empresas podem utilizar a energia gerada pelos painéis solares em tempo real, reduzindo a necessidade de usar outras fontes de energia à noite”, explica Marcos.
Quando o Horário de Verão foi extinto por Jair Bolsonaro em abril de 2019, a energia solar respondia por 1,97% da matriz elétrica no país. Ou seja, não faria grande diferença para o sistema a manutenção do Horário de Verão. No entanto, o cenário mudou, afirma Marcos.
“Agora, a energia solar fotovoltaica já corresponde a 20,2% da matriz energética no Brasil, com quase 70% dessa geração vinda das usinas de geração distribuída. São 48,244 GW de potência instalada, o que é equivalente a 3,4 Itaipus. Sendo assim, o Horário de Verão se torna cada vez mais necessário para impulsionar ainda mais a energia limpa no Brasil”, disse o presidente da ABS.
“O Horário de Verão vai permitir uma maior disponibilidade de energia solar, o que evita a necessidade de ativar termelétricas. Isso alivia a pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas, que são cruciais em períodos de seca. São muitos benefícios a serem considerados”, diz Marcos.
Além da redução nas contas de luz, a medida, ao reduzir o consumo de energia elétrica, impacta positivamente o meio-ambiente. Sara Campos, gestora da escola Sulamericana, em Salvador, é adepta ao horário de verão.
“Em uma cidade de clima quente como Salvador, no Nordeste, acredito que o horário de verão tem um impacto positivo nos nossos negócios, assim como em todo o setor de Serviços, um dos maiores beneficiados. Sobretudo porque estamos comprometidos em promover práticas que beneficiem o planeta e contribuam para um futuro sustentável”, disse Campos.
Associação Baiana de Energia Solar (ABS)
Fundada em 2018, a Associação Baiana de Energia Solar Fotovoltaica (ABS) é a entidade que representa as pequenas, médias e grandes empresas de energia solar do Estado da Bahia e que tem quatro principais objetivos: capacitação técnica, atuação regulatória, assessoria jurídica e associativismo. Atualmente, a associação possui 75 associados no estado, incluindo integradores, distribuidores, fabricantes, geradores e consumidores. Mais informações: abahiasolar.org.br