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Segundo o INCA, mais de 17 mil mulheres serão diagnosticados com tumores decorrentes da infecção viral
O câncer de colo de útero, um dos tipos mais incidentes entre mulheres, pode ser evitado com um medida simples: a vacinação, que entrou para o calendário oficial da população brasileira há exatos 10 anos. O imunizante protege o corpo do Papilomavírus Humano (HPV), vírus que é o principal causador da doença, correspondendo a quase 99% dos casos. A infecção sexualmente transmissível é a mais comum em todo o mundo, atingindo de forma massiva as mulheres.
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2024 cerca de 17.010 mulheres serão diagnosticadas com câncer do colo do útero no Brasil, o que representa um risco considerado de 13,25 a cada 100 mil casos. Contudo, o país ainda está abaixo dos níveis de vacinação necessários para tornar possível um futuro livre da ameaça dos tumores de colo de útero. Entre as medidas mais recentes no enfrentamento dessa realidade, a ministra da saúde Nísia Trindade informou neste início de abril que a vacina contra o HPV passará a ser administrada em dose única, uma solução adotada pelo governo federal diante da queda de adesão ao ciclo vacinal completo, até o momento dependente de duas doses. Indo além das meninas e meninos de 9 a 14 anos, a campanha de imunização conta ainda com uma busca ativa de jovens até 19 anos que ainda não receberam nenhuma dose, com o objetivo de atualizar a vacinação.
“A tetravalente contra o HPV, atualmente disponível gratuitamente para meninas e meninos de 9-14 anos, e para adultos imunossuprimidos até 45 anos, protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus, os principais causadores da doença. É preocupante para todos ver esse tipo de tumor avançando quando sabemos que ele é altamente prevenível”, comenta Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2022 a primeira e a segunda dose tiveram, respectivamente, 75,91% e 57,44% de adesão entre as meninas. Para os garotos, as taxas foram ainda menores: 52,26% na primeira aplicação e 36,59% na segunda. Já no período de 2014 a 2023, cerca de 70,9% das meninas receberam a primeira dose da vacina, enquanto apenas 54,3% foram imunizadas com a segunda dose. Quanto aos meninos, 45,3% tomaram a primeira dose e 27,7% a segunda. Ainda de acordo com a pasta, se comparados os anos de 2018 a 2023, o Brasil apresentou um aumento de 42% no total de doses aplicadas.
Mas ainda é preciso avançar. A taxa de infecção pelo HPV (papiloma vírus humano) atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens. Os resultados são da pesquisa nacional sobre o tema, encomendada pelo Ministério da Saúde e feita por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). Segundo a especialista da Oncoclínicas, há estudos que comprovam que o vírus, além de estar diretamente ligado ao câncer cervical, também atinge cânceres de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe.
De olho na prevenção
Diante dessa realidade, é importante reforçar que a ferramenta essencial na luta contra o câncer do colo do útero é a vacinação contra o HPV. “A imunização pode prevenir também o câncer de vulva, ânus e vagina nas mulheres e de pênis nos homens. Por isso, o ideal é que esse cuidado ocorra antes do início da vida sexual, evitando assim que haja uma exposição ao vírus”, diz a médica.
Além da vacinação, que é considerada uma prevenção primária, é importante realizar os exames de rotina ginecológica, como o Papanicolau (anualmente e depois a cada três anos), dos 25 aos 64 anos de idade. “Ele é muito importante para identificar lesões pré-cancerosas e agir rapidamente contra o câncer do colo do útero”, alerta Marcela. Vale lembrar ainda que os exames devem ser feitos mesmo se a mulher for vacinada contra o HPV, pois o imunizante não protege contra todos os tipos oncogênicos da doença.
“A doença é o terceiro tipo de câncer que mais afeta o público feminino, por isso, é muito importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes para o início do tratamento” ressalta.
Primeiros sinais
O câncer de colo de útero em estágios iniciais é assintomática, em estágios mais avançados sintomas como dor na relação sexual ou sangramento vaginal podem estar presentes. Por isso, o rastreamento com o exame Papanicolau de rotina é importante, pois é possível diagnosticar lesões pré cancerígenas ou iniciais.
Outros sintomas que podem estar presentes em estágios mais avançados são fraqueza decorrente da anemia, devido a perda de sangue, inchaço nas pernas e dores nas costas, problemas urinários ou intestinais e perda de peso não justificada. Os sangramentos podem acontecer durante a relação sexual, inclusive em mulheres que já estão na menopausa ou ainda fora do período menstrual. Por isso, é muito importante buscar o aconselhamento de um especialista ao notar sangramento vaginal anormal”, orienta Marcela.
Ela explica que podem ser realizadas cirurgias, radioterapia e/ou quimioterapia. “Na cirurgia, ocorre a retirada do tumor, ou ainda do útero quando necessário. Quando a doença apresenta estágios mais avançados, são realizadas sessões de radioterapia e quimioterapia”.
Apesar da doença ser bastante silenciosa, quando descoberta precocemente pode haver uma redução de até 80% na mortalidade pelo câncer do colo do útero. “Muitas mulheres não descobrem na fase inicial. Sempre aconselho as pacientes a realizarem periodicamente seus exames de rotina, como o Papanicolau. Além disso, é fundamental que sejam consumidas informações de qualidade, sendo essa uma das principais aliadas ao combate do HPV”, finaliza Marcela Bonalumi.
Sobre a Oncoclínicas&Co
A Oncoclínicas&Co. – maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina – tem um modelo especializado e inovador focado em toda a jornada do tratamento oncológico, aliando eficiência operacional, atendimento humanizado e especialização, por meio de um corpo clínico composto por mais de 2.700 médicos especialistas com ênfase em oncologia. Com a missão de democratizar o tratamento oncológico no país, oferece um sistema completo de atuação composto por clínicas ambulatoriais integradas a cancer centers de alta complexidade. Atualmente possui 143 unidades em 38 cidades brasileiras, permitindo acesso ao tratamento oncológico em todas as regiões que atua, com padrão de qualidade dos melhores centros de referência mundiais no tratamento do câncer.
Com tecnologia, medicina de precisão e genômica, a Oncoclínicas traz resultados efetivos e acesso ao tratamento oncológico, realizando aproximadamente 615 mil tratamentos nos últimos 12 meses. É parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Faculdade de Medicina de Harvard, um dos mais reconhecidos centros de pesquisa e tratamento de câncer no mundo. Possui a Boston Lighthouse Innovation, empresa especializada em bioinformática, sediada em Cambridge, Estados Unidos, e participação societária na MedSir, empresa espanhola dedicada ao desenvolvimento e gestão de ensaios clínicos para pesquisas independentes sobre o câncer. A companhia também desenvolve projetos em colaboração com o Weizmann Institute of Science, em Israel, uma das mais prestigiadas instituições multidisciplinares de ciência e de pesquisa do mundo, tendo Bruno Ferrari, fundador e CEO da Oncoclínicas, como membro de seu board internacional.
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