26 de novembro de 2024

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Influenciadores digitais com deficiência viralizam na web e quebram barreiras

Clarinha Mar e Marcelo Zig acumulam milhares de seguidores no Instagram e no TikTok

Nos últimos anos, o debate sobre a inclusão tem sido ampliado em larga escala graças ao surgimento de influenciadores digitais com deficiência na internet. Para essa parcela da população, as redes sociais têm se revelado uma ferramenta eficaz na amplificação de suas vozes, possibilitando que compartilhem suas histórias e expressem suas opiniões, sonhos e desejos. 

Um exemplo disso é Clara Marinho, de 24 anos, uma das palestrantes do X Congresso Estadual das Apaes da Bahia (Conapaes-BA), maior evento voltado para o universo da pessoa com deficiência intelectual e múltipla no estado, e que será realizado de 11 a 13 de outubro, em Salvador.

Mais conhecida na internet como “Clarinha Mar”, a estudante de Letras nasceu com paralisia cerebral, que causa alterações no desenvolvimento cognitivo e nos movimentos do corpo. A deficiência, no entanto, não a impede de ser vista e ouvida por milhares de pessoas.

Com mais de 150 mil seguidores no Instagram e cerca de 400 mil no TikTok, Clarinha mostra como a internet tem auxiliado para o fim dos obstáculos que dificultam a inclusão de PcDs. “Tudo começou de maneira despretensiosa. Gravava e publicava vídeos para fugir do tédio e da ansiedade durante o isolamento social causado pela pandemia de covid-19”, conta a estudante. 

A partir disso, o número de visualizações e seguidores foi crescendo e, o que era apenas diversão, se transformou em um espaço para falar também sobre aceitação, preconceito, empatia, poesia e representatividade.

“Quando eu ouço as pessoas dizendo que estou representando-as, é uma honra para mim” afirma. Clarinha explica que hoje produz um conteúdo mais informativo para orientar o seu público sobre o assunto. “A deficiência é só mais uma característica que algumas pessoas possuem”, conclui.

O período de isolamento social também levou ao meio digital Marcelo Zig, filósofo, ativista, consultor de diversidade e inclusão, além de ser um dos palestrantes do congresso. “O meu ativismo sempre foi de rua e orgânico. Isso mudou durante a pandemia. Foi a melhor ferramenta que encontrei para pesquisar e identificar as pessoas negras com deficiência e formar o Quilombo PcD”, explica Marcelo, também fundador do coletivo.

Para Marcelo, desde que o relacionamento dos indivíduos com redes sociais se tornou mais intenso, as pautas que cercam as pessoas com deficiência ganharam mais visibilidade, como inclusão, acessibilidade e capacitismo.

“Nós precisamos nos perceber nos espaços e principalmente sabermos do que podemos fazer através das realizações de outras pessoas com deficiências. Ainda, infelizmente, se faz necessário que nos demarquemos nos locais e relações sociais que somos pessoas e não somente as nossas deficiências, e que devemos ser tratados como cidadãos e cidadãs de direitos”, reforça.

Marcelo Zig e Clarinha Mar apresentarão mais detalhes de suas trajetórias no X Conapaes-BA. A iniciativa, promovida pela Federação das Apaes do Estado da Bahia (Feapaes-BA) em parceria com a Apae Salvador, tem como tema central “Inclusão: Desafios, Perspectivas e Possibilidades”.

A programação inclui fóruns, debates e mesas redondas liderados por especialistas renomados que vão discutir as melhores práticas e métodos de inclusão. Para realizar a inscrição e conferir mais informações, basta acessar o site www.conapaesba.com.br.

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