Foto: Divulgação
Mais de 80 crianças terão aula de capoeira, percussão e letramento, gratuitamente.
Chegada marca o retorno às raízes do fundador, Mestre Roxinho, com a missão de transformar o território por meio da educação e da cultura
O Instituto Cultural Bantu, referência nacional e internacional no uso da Capoeira Angola como ferramenta de transformação social, inaugura sua nova unidade em Salvador, no bairro Fazenda Grande do Retiro. A celebração de abertura contará com uma Roda de Capoeira Angola aberta à comunidade e a presença histórica do Mestre Virgílio da Faz Grande, pioneiro da Capoeira na região desde os anos 1960.
A nova unidade marca não apenas a expansão geográfica das ações do Instituto, mas também um potente retorno simbólico às origens de seu fundador, Mestre Roxinho, que viveu sua infância na Fazenda Grande do Retiro. Filho da Ilha de Itaparica, foi acolhido ainda menino no bairro periférico de Salvador, onde enfrentou a fome, a exclusão social e o descrédito da própria comunidade. “Saí da Fazenda Grande sem perspectivas, desacreditado, como alguém que não chegaria a lugar algum. Hoje, retorno com um centro de formação e cultura que visa transformar o presente e o futuro de tantas outras crianças como eu fui”, relata Mestre Roxinho, emocionado.
Essa inauguração é, portanto, mais do que um avanço institucional. É um gesto de memória, reparação e pertencimento. “A Fazenda Grande representa para mim um território de origem e resistência. É um lugar de memórias vivas, de feridas sociais, mas também de enorme potência. Nossa missão aqui será fortalecer os vínculos comunitários, ampliar o acesso à educação e reconectar juventudes negras à sua ancestralidade”, explica o mestre, que já levou sua pedagogia afrocentrada baseada na Capoeira Angola para países como Austrália, Filipinas, Estados Unidos e várias nações europeias.
Com mais de 30 anos de atuação como educador e gestor social, Mestre Roxinho retorna agora ao território que o formou, carregando na bagagem experiências acumuladas em múltiplos contextos sociais, sempre com a Capoeira Angola como alicerce ético, cultural e pedagógico.
A nova sede do Instituto em Salvador vai atender diretamente 80 crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos, todos oriundos de escolas públicas e de famílias negras com renda de até três salários mínimos. Serão oferecidas mais de 70 oficinas de Capoeira Angola, percussão e letramento, com foco no desenvolvimento integral, autoestima, consciência racial e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
Desde sua fundação em 2006, o Instituto Cultural Bantu tem como missão transformar vidas por meio da valorização da cultura afro-brasileira, da educação crítica e do protagonismo negro. Seu trabalho é pautado na Capoeira Angola e em tecnologias ancestrais inspiradas nos saberes de matriz africana. Atualmente, a unidade na Ilha de Itaparica atende 185 crianças e adolescentes, além de 89 mulheres negras, com ações educativas, culturais, de geração de renda e fortalecimento da cidadania.
O reconhecimento nacional e internacional do Instituto se expressa por meio de prêmios como o LED – Luz na Educação (Rede Globo e Fundação Roberto Marinho, 2023), Prêmio Melhores ONGs (2024) e Menção Honrosa da Câmara Estadual de Cultura da Bahia (2025).
Ao fincar novamente os pés na Fazenda Grande, Mestre Roxinho reafirma o propósito do Instituto: “Transformar territórios a partir da escuta, da ancestralidade e da coletividade. A Capoeira Angola é o nosso tambor que convoca, ensina, acolhe e liberta”..
SERVIÇO
O quê: Nova unidade do Instituto Cultural Bantu
Onde: Rua Mello Moraes Filho, 288, 1° andar – Fazenda Grande do Retiro, Salvador – BA
@bantu.brasil ou pelo site: | www.institutoculturalbantu.org