Formação é gratuita e adapta o projeto Querino para professores utilizarem conteúdos em sala de aula
Oito em cada dez responsáveis por estudantes apoiam a ampliação de atividades pedagógicas sobre a diversidade étnico-racial, diz pesquisa
Em 13 de maio de 1888 foi assinada a lei que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil, mas a herança negativa desse regime persiste até hoje, com a negação dos direitos básicos, a ausência de políticas reparatórias e a invisibilização da contribuição negra na formação da identidade brasileira. Para promover uma abordagem mais justa sobre o tema, o Itaú Social lança o curso gratuito “Projeto Querino na sala de aula”.
“Ao longo da história brasileira, consolidou-se um perverso processo de apagamento cultural da população negra, que vai desde a invisibilização de suas contribuições até o branqueamento sistemático de figuras históricas como Machado de Assis e Nilo Peçanha. Resgatar e valorizar essas narrativas não são apenas atos de justiça histórica, mas passos fundamentais no longo caminho de reparação que o país ainda deve à população negra”, explica Sonia Dias, gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social.
O curso, disponível na Escola Fundação Itaú, é gratuito e representa uma adaptação do podcast, livro e reportagens produzidas pelo projeto Querino nos últimos anos. O objetivo é que professores de todo o Brasil possam se inspirar e realizar atividades antirracistas em sala de aula. Os materiais revisitam a história do Brasil a partir de um olhar afrocentrado, ou seja, que valoriza a participação da população afro-brasileira na construção do país.
A formação representa uma oportunidade de ampliar o repertório pedagógico dos professores sobre a história e cultura afro-brasileira. A iniciativa também atende à demanda das famílias, já que 80% dos responsáveis por estudantes concordam totalmente com a inclusão de conteúdos que valorizem a diversidade racial e cultural nas escolas.
O resultado é da pesquisa “Opinião das Famílias: Percepções e Contribuições para a Educação Municipal”, realizada entre junho e agosto de 2024 pelo Instituto Datafolha a pedido da Fundação Itaú e do Todos Pela Educação.
“Desde que lançamos o projeto Querino, muitos professores já vinham usando o podcast e o livro em sala de aula, mas queríamos tornar a experiência do professor mais fluida, com trechos ‘recortados’ dos episódios e sugestões de atividades e leituras adicionais, e por isso desenvolvemos o curso”, disse o jornalista Tiago Rogero, criador do projeto Querino.
O estudo também aponta que 93% dos responsáveis concordam totalmente ou em partes que o aumento de atividades que valorizem a diversidade racial, cultural e social contribui para o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Escola Fundação Itaú
O “Projeto Querino na sala de aula” se soma a outras formações de temáticas semelhantes, todas certificadas e disponíveis gratuitamente na plataforma Escola Fundação Itaú. Entre as opções, estão os cursos “Matemática Antirracista”, com dez horas de duração, “Trilha Formativa de Equidade Racial”, de quatro horas, e o Equidade Étnico-racial na Educação Infantil e Anos Finais do Ensino Fundamental”, ambos com 30 horas.
A plataforma reúne mais de 130 cursos sobre educação, arte e cultura destinados a profissionais de diferentes áreas. Os conteúdos contam com as opções autoformativas ou síncronas, com aulas realizadas ao vivo. Para acessar, basta se inscrever no site: fundacaoitau.org.br/escola.
Projeto Querino
É um projeto jornalístico brasileiro lançado como um podcast produzido pela Rádio Novelo, uma série de publicações na revista Piauí e um livro pela editora Fósforo. Inspirado no projeto “1619” do The New York Times, o projeto Querino foi criado pelo jornalista Tiago Rogero, teve apoio do Instituto Ibirapitanga e consultoria em História de Ynaê Lopes dos Santos.
Projeto Querino na sala de aula
Duração: 30 horas
Público: profissionais da educação que lecionam na educação básica de diferentes áreas do conhecimento
Inscrição: site da Escola Fundação Itaú
Acesso: gratuito
Certificado: sim