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Na Semana do Meio Ambiente, universidade promove debate sobre o desafio da transição energética e a importância dos transportes sobre trilhos para a mobilidade urbana mais sustentável
Na contramão do movimento global de descarbonização e incentivo ao uso de meios de transporte menos poluentes, 90% dos deslocamentos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro são feitos em carros, vans e ônibus. Segundo um levantamento feito pelo Instituto de Energia da PUC-Rio (IEPUC-Rio), o transporte rodoviário emite até 46 vezes mais CO₂ por passageiro a cada quilômetro do que o trem ou o metrô, por exemplo. Além do prejuízo ao meio ambiente, o uso dos modais mais poluentes tem impacto direto na saúde da população e na economia da cidade.
Às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06), o IEPUC-Rio promove um seminário para discutir o desafio da transição energética e reforçar a necessidade de incentivo aos transportes estruturantes mais sustentáveis. O Enercity 2025 acontece nesta terça-feira (03/06), a partir das 9 horas, no auditório da PUC-Rio, com a presença de representantes de governos e de empresas dos setores de energia, saneamento e transportes.
“No Rio, os modais mais poluentes, como vans e ônibus, são até 60% mais baratos que os trens e metrô. Isso faz com que, para pagar passagem mais barata, o cidadão opte pelo que é pior para ele individualmente e para toda a sociedade. Uma política robusta, integrada e sustentável de mobilidade urbana, com incentivo principalmente aos transportes sobre trilhos, pode mudar esse cenário e melhorar a qualidade de vida da população”, afirma Edmar de Almeida, professor do IEPUC-Rio.
De acordo com os dados, os carros são os mais poluentes, emitindo 46 vezes mais por passageiro por quilômetro do que os transportes sobre trilhos. BRT e ônibus emitem 6,47 e 11,65 vezes mais CO₂ por passageiro/km, respectivamente. O levantamento revela que, no Rio, o setor de transporte coletivo emitiu um total de 2,7 milhões de toneladas de CO₂ entre janeiro de 2018 e setembro de 2024. Os ônibus, isoladamente, foram responsáveis por quase 84% dessas emissões. Por outro lado, os modais eletrificados representam apenas 7% das emissões totais e ainda foram responsáveis por evitar a emissão de aproximadamente 1,17 milhão de toneladas de gases entre 2018 e setembro de 2024.
Além dos ganhos ambientais, os números mostram que uma mobilidade urbana mais eficiente estimula setores como turismo e comércio. Já a opção pelo transporte rodoviário causa mais congestionamentos e, consequentemente, um aumento dos gases poluentes e do tempo médio das viagens, o que afeta a qualidade de vida e a produtividade no trabalho. Dos trabalhadores moradores da cidade do Rio ocupados, 19% gastam mais de 60 minutos no trânsito de casa ao trabalho. Para os que vivem na periferia, esse percentual sobe para 27%.
“Um transporte limpo e eficiente preserva o meio ambiente, melhora a qualidade de vida nas cidades e fomenta a economia. Quando as pessoas circulam mais e em menos tempo, todos ganham. Sistemas eficientes reduzem o tempo perdido no trânsito, aumentando a produtividade”, explica Edmar.
Mais de 50 linhas de ônibus poderiam ser eliminadas
Outro fator que demonstra a necessidade de desenvolvimento de um planejamento integrado entre os governos municipais e estadual está na sobreposição de linhas entre modais. Hoje, ônibus concorrem diretamente com trens e metrô, ao invés de atuarem como alimentadores dos transportes de alta capacidade.
O levantamento da PUC-Rio mostra que a área da cidade coberta pela rede de metrô e trens é atendida por muitas linhas de ônibus que apresentam um nível elevado de sobreposição. Atualmente, 51 linhas municipais de ônibus têm rotas que sobrepõem mais de cinco estações do metrô.
“Com mais de 8 mil veículos operando na cidade e centenas de rotas tocando estações de metrô e trem, há uma concorrência desnecessária entre os modos. A solução seria reestruturar essas rotas para complementar os trilhos, em vez de competir diretamente com eles”, sugere Edmar.
Debate sobre transição energética
O Energecity 2025, segundo seminário da linha de pesquisa do IEPUC dedicado ao estudo da Transição Energética nas Cidades, é realizado em parceria com ONU-Habitat e Prefeitura do Rio de Janeiro, e conta com o patrocínio da KPMG e apoio institucional da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). O objetivo do encontro é divulgar os avanços da linha de pesquisa e debater as oportunidades e desafios para a transição energética no contexto urbano.
SERVIÇO:
ENERCITY 2025 – Transição Energética em Cidades
Dia 3 de junho (terça-feira), das 9h às 13h
Local: Auditório do RDC no Campus da PUC-Rio
Inscrição: Link