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Essa é a maior prevalência do diagnóstico por faixa etária e meninos são maioria, segundo os números recém-divulgados do Censo 2022; Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com autismo
O Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que representa 1,2% da população, conforme as informações do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas nesta sexta-feira (23/5). Esta é a primeira vez que o IBGE faz um levantamento das pessoas com Transtorno do Espectro Autista no país, graças à Lei n.º 13.861/2019.
Entre os diversos dados revelados pelo levantamento, o Censo também aponta que 3,8% dos meninos entre 5 e 9 anos (264 mil) e 1,3% das meninas na mesma faixa etária (86 mil) têm diagnóstico de TEA. Os diagnósticos mais concentrados estão entre crianças de 5 a 9 anos (2,6%), seguidos de 0 a 4 anos (2,1%), o que reforça o avanço no diagnóstico precoce, resultado de maior conscientização e busca de informações por parte de pais e responsáveis.
Os números são similares aos do mais recente relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), que mostra que a prevalência de autismo cresceu no país, chegando a 1 a cada 31 crianças de até 8 anos. A pesquisa utilizou os dados mais recentes do monitoramento nacional dos EUA, também de 2022.
“É natural que os números indiquem maior prevalência de TEA em meninos, pois é uma pesquisa de quem já recebeu o diagnóstico. No entanto, é importante considerar que muitas mulheres autistas não são diagnosticadas, ou têm o seu diagnóstico tardio — o que pode vir a impactar esses dados coletados”, afirma a Conselheira Clínica da Genial Care, rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias, Alice Tufolo.
Maioria dos alunos diagnosticados no espectro autista estão no ensino fundamental
O Censo aponta que a maioria dos estudantes diagnosticados no espectro autista – 508 mil crianças e adolescentes – estão no ensino fundamental, o que representa 66,8% das crianças diagnosticadas com TEA no Brasil.
O levantamento do IBGE também investigou a taxa de escolarização das pessoas autistas, e constatou que essa taxa é maior entre os autistas (36,9%) do que na população sem esse diagnóstico (24,3%).
Além disso, a maioria das pessoas com TEA se autodeclara branca (1,3%), seguida de amarela (1,2%), preta (1,1%), parda (1,1%) e indígena (0,9%). Conectado a políticas públicas, o Censo de 2022 reforça a necessidade de cada vez mais espaços sobre desigualdade no acesso ao diagnóstico e diferença racial entre famílias atípicas.
“Essa distribuição também pode refletir mais o acesso desigual ao diagnóstico do que a real distribuição de pessoas autistas considerando as raças, já que é sabido que o autismo é uma condição neurobiológica que não escolhe cor, etnia ou classe social. Porém, infelizmente, o acesso ao diagnóstico ainda é algo de difícil acesso para muitas pessoas no Brasil”, destaca a Conselheira Clínica da Genial Care.
Mais informação, diagnósticos mais precisos
É cada vez mais comum ouvir falar sobre o aumento de diagnósticos de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), tanto entre adultos quanto entre crianças. De acordo com dados da Answer ThePublic, o termo “autismo” e “autismo e TDAH” são pesquisados cerca de 6.600 vezes por mês, o que revela uma crescente busca por informações e suporte sobre essa condição. Décadas atrás, no entanto, o TEA era pouco compreendido, o que levava a diagnósticos errados ou à ausência deles.
Receber um diagnóstico de autismo pode ser um momento desafiador para muitas famílias, mas é apenas o ponto de partida de um percurso que pode ser transformador com o apoio adequado.
“Quando descobri o autismo do meu filho, senti um abismo imenso e percebi o quanto eu estava despreparada. Debater a questão era algo muito difícil tanto para as escolas, quanto para as famílias e para a sociedade em geral. Tudo é muito complexo, pouco aprofundado, sem contar o emocional. A mãe nunca espera esse tipo de diagnóstico”, pontua a empresária Ingrid Monte, mãe de um menino de 9 anos, diagnosticado com TEA com pouco mais de 2 anos de idade.
O que é o Transtorno do Espectro Autista?
O Autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que muda a maneira como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. Suas principais características incluem dificuldades na comunicação, interação social e padrões de comportamento restritos e repetitivos. Como o espectro é amplo e impacta diversas áreas, cada pessoa apresenta características do transtorno de maneira única, o que torna o acompanhamento personalizado e multidisciplinar essencial.
Para as famílias, o diagnóstico pode gerar muitas emoções, como insegurança e ansiedade, especialmente sobre o futuro da criança. De acordo com um estudo da Genial Care em parceria com a Tismoo.me, 79% dos cuidadores de crianças com autismo expressam grande preocupação com o que está por vir após o diagnóstico.
“As apreensões podem ser relacionadas tanto ao futuro dessa criança, principalmente em relação à independência e autonomia, quanto, de modo mais imediato, quais terapias realizar, visto a quantidade de informação que hoje existe a disposição. É relevante, assim sendo, que a família tenha profissionais de confiança que trabalhem com práticas baseadas em evidências para melhor suporte e direcionamento nesse momento inicial.” destaca a especialista Alice Tufolo.
A importância da intervenção precoce
A intervenção precoce é um dos maiores aliados para o desenvolvimento das crianças com sinais de atraso no desenvolvimento, pois a primeira infância é o momento em que há uma maior plasticidade neuronal – capacidade do cérebro em criar novas conexões. Ela permite que profissionais capacitados, juntamente com a família, estimulem a criança a conquistar habilidades essenciais, prevenindo dificuldades futuras.
O Ministério da Saúde classifica a intervenção como precoce quando ocorre na primeira infância (de 0 a 6 anos). Nesse período, o cérebro infantil apresenta alta neuroplasticidade, o que facilita a aprendizagem e o desenvolvimento quando os estímulos são adequados.
Estudos, como os publicados no Journal of Autism and Developmental Disorders, mostram que intervenções precoces podem melhorar em até 40% os resultados cognitivos e adaptativos. Crianças que recebem os cuidados e estímulos certos desde cedo têm mais chances de desenvolver habilidades fundamentais, como comunicação, interação social e independência.
“Intervenção comportamental, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e suporte educacional são fundamentais para o desenvolvimento das crianças com TEA. Essas terapias ajudam na construção de habilidades essenciais para a independência e inclusão social. Quando as intervenções são adiadas ou inexistem, as crianças podem enfrentar barreiras significativas em áreas como educação, emprego e relacionamentos”, afirma Tufolo.
Alice reforça que, embora a intervenção precoce seja crucial, nunca é tarde para buscar apoio. “Desenvolvemos o potencial único de cada criança, por meio de inteligência clínica, para oferecer terapias personalizadas com resultados visíveis. Nossos especialistas caminham lado a lado com as famílias, escutando suas necessidades e fortalecendo a participação da cuidadora no desenvolvimento da criança.”, complementa. Com terapias personalizadas, é possível ajudar a criança a desenvolver seu pleno potencial e alcançar uma vida com mais autonomia e independência.
Terapias multidisciplinares: uma abordagem integrada
A intervenção multidisciplinar, que envolve diferentes áreas da saúde, como Psicologia baseada na ABA, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, é essencial para melhorar a qualidade de vida e a autonomia das crianças com TEA. Essa abordagem permite um tratamento integrado que potencializa as habilidades e o bem-estar da criança, além de beneficiar toda a família.
Práticas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) são altamente eficazes e recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para pessoas com desenvolvimento atípico. Essa técnica modifica comportamentos e desenvolve habilidades por meio de reforços positivos e estratégias individualizadas. A Fonoaudiologia, por sua vez, foca no desenvolvimento da comunicação e da linguagem, enquanto a Terapia Ocupacional trabalha habilidades motoras e de percepção corporal, impactando diretamente as atividades diárias da criança.
“Quando essas terapias são integradas e adaptadas às necessidades individuais, os progressos são impressionantes. Não apenas transformam a vida da criança, mas também proporcionam alívio e esperança para as famílias”, afirma a Orientadora e Terapeuta Ocupacional da Genial Care, Alessandra Peres.
Para Alessandra, investir em soluções personalizadas é essencial para garantir uma intervenção mais eficaz e menos desgastante. “A intervenção no TEA tem avançado no Brasil e no mundo, mas ainda há muitos desafios a serem superados. A integração de terapias e o uso de tecnologias que apoiam terapeutas e cuidadores podem transformar o cenário, promovendo o desenvolvimento das crianças e melhorando sua qualidade de vida. A busca pelo tratamento certo, respaldado por profissionais qualificados e uma abordagem individualizada, é fundamental para garantir o sucesso na jornada de cada criança com TEA”, finaliza.
Genial Care
Genial Care é uma rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias. Com várias clínicas em todas as regiões de São Paulo, a empresa combina modelos terapêuticos próprios, suporte educacional e tecnologia avançada para promover bem-estar e qualidade de vida no processo de intervenção. Com uma equipe dedicada de mais de 250 profissionais, a Genial Care tem como propósito garantir que cada criança alcance seu máximo potencial.