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A pesquisa “Contribuição da Matemática para a economia brasileira“, realizada pelo Itaú Social a partir de uma articulação com o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), revelou que existe uma predominância de pessoas brancas nas profissões ligadas às ciências exatas. De acordo com o estudo, 62% das vagas são preenchidas por brancos, enquanto apenas 36% são ocupadas por trabalhadores negros.
O Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2019 indica que apenas 4% dos alunos negros concluem o Ensino Médio com um nível adequado de aprendizagem, em contraste com 11% entre a população branca, o que pode influenciar a representatividade nas áreas de ciências exatas.
“A matemática muitas vezes é vista como uma disciplina reservada a um grupo seleto de pessoas, com a falsa ideia de que mulheres e negros não pertencem a esse espaço. É fundamental que professores e redes de ensino reconheçam esse desafio e desenvolvam abordagens pedagógicas que se conectem com a realidade de sua comunidade escolar. Além disso, é essencial incentivar a autoconfiança dos estudantes, ajudando-os a entender que o erro é parte natural do processo de aprendizagem, e que todos têm potencial para se destacar na disciplina”, explica a gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social, Sonia Dias.
A equidade na divisão da ocupação em empregos ligados à matemática é importante, pois os rendimentos dos profissionais dessa área equivalem, em média, a 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto). O levantamento também aponta que tais profissões oferecem salários 119% maiores que a média dos demais trabalhadores.
Apesar da falta de diversidade, a proporção de pessoas negras (pretas e pardas) aumentou ligeiramente de 33% para 36% em dez anos, entre 2012 e 2023. No mesmo período, a presença feminina também registrou um crescimento modesto, passando de 28% para 31%.
Matemática e cultura No Brasil, professores de matemática têm buscado maneiras inovadoras de tornar as aulas mais envolventes e representativas para estudantes negros, conectando o ensino da disciplina às vivências e à cultura de suas comunidades. Essas iniciativas valorizam a herança cultural e promovem a inclusão, ajudando os alunos a desenvolver um vínculo mais profundo e significativo com o aprendizado. Confira:
Professora utiliza elementos da comunidade quilombola para ensinar matemática
Claudicéia Celeste da Silva -Nossa Senhora do Livramento (MT) A matemática também pode ser usada como ferramenta de valorização da cultura negra e dos povos originários. Na comunidade quilombola Mata Cavalo, localizada em Nossa Senhora do Livramento (MT), a professora Claudicéia Celeste da Silva decidiu utilizar os costumes do território para ensinar a disciplina aos estudantes. Essa experiência considerou tudo que poderia ser transformado em números, desde a quantidade de moradores, a culinária local, as gravuras étnicas e as casas de barro.
Professora investe em projeto que relaciona o ensino da matemática às manifestações negras
Cristiane Coppe de Oliveira – Uberlândia (MG) Como forma de aproximar a matemática do cotidiano dos estudantes, a professora Cristiane Coppe desenvolveu um curso para outros docentes sobre como abordar a disciplina valorizando a cultura local e as relações raciais. O conteúdo teve apoio do Itaú Social e do Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) e é inspirado no método Modelagem Matemática, que destaca a cultura negra, contribuindo para estimular os alunos no desenvolvimento do pensamento crítico, da autonomia e da participação ativa das atividades em sala de aula.