23 de novembro de 2024

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Mulheres negras enfrentam desigualdades no acesso à saúde, educação e renda

Foto: Pixabay

Dados do CEDRA (Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais) evidenciam que abismos se estendem em diferentes áreas

Neste 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela, o CEDRA (Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais), chama a atenção para as disparidades que envolvem diversas áreas da vida das mulheres negras comparado à outras parcelas da população.

O Centro, que é uma instituição formada por pensadores das relações raciais, especialistas em ciência de dados, estatísticos, economistas e cientistas sociais, realiza análises por meio do cruzamento de dados oficiais, produzindo um diagnóstico aprofundado das desigualdades a partir do recorte de cor, raça e gênero.

Saúde

A partir de cruzamentos inéditos com bases estatísticas do DataSUS e do Ministério da Saúde, são confirmadas as desigualdades entre negros e brancos. Entre as pessoas negras, 63,0% foram atendidas pelo SUS. Entre as pessoas brancas, essa proporção era 44,1% em 2019. 

De acordo com a análise do CEDRA, as mulheres negras vivenciam desigualdades na saúde desde a gestação, no acompanhamento pré-natal e em outros exames preventivos da saúde feminina. 

  • Considerando as mulheres acima de 18 anos, 70% mais mulheres negras que brancas nunca realizaram exame clínico de mamas. 36,3% das mulheres negras com 18 anos ou mais, em 2019, nunca realizaram exame clínico de mama. Para as mulheres brancas, essa taxa era 21,4%.
  • 36% mais mulheres negras que brancas não realizaram nenhuma mamografia ao longo da vida. Entre as mulheres de 50-69 anos, em 2019, o percentual de mulheres negras que não fizeram mamografia foi de 27,7% e de mulheres brancas foi de 20,5%.
  • Em 2020, 72% mais gestantes negras do que brancas realizaram o pré-natal de maneira inadequada, intermediária ou não fizeram o exame. Entre as gestantes negras, 31,1% realizaram o pré-natal de maneira inadequada, intermediária ou não fizeram o exame. Entre as gestantes brancas essa proporção era 18,1%.
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  • Em 2020, entre as gestantes negras, 33,8% não realizaram o número mínimo recomendado de 7 consultas pré-natal. Entre as gestantes brancas essa proporção era 18,8%. Em 2020, 76% mais gestantes negras do que brancas realizaram um número de consultas pré-natal menor do que o recomendado. 

Educação

Apesar da redução na desigualdade entre mulheres negras e brancas, acima de 15 anos e sem instrução ou com fundamental incompleto, o atraso educacional ainda segue. Em 2012, as taxas foram de 44,7% para mulheres negras e 32,4% para brancas. Em 2019, esses números mudaram para 35,4% para negras e 26,2% para brancas, o que reforça que o avanço para a população negra ainda não apresenta igualdade, e ainda foram necessários sete anos para igualar ao percentual de 2012 das mulheres brancas.

O estudo aponta que houve um leve aumento na presença de mulheres negras, de 18 a 24 anos, no Ensino Superior entre 2016 e 2019, passando de 15, 2% para 16, 9%, porém a diferença entre as estudantes brancas é de quase o dobro (29,4%).

Renda

O rendimento médio mensal de trabalhadores sem carteira assinada em 2010 era R$ 455,96 entre as mulheres negras e R$ 999,15 entre os homens brancos.

Em 2010, 31,1% dos domicílios com renda per capita até 1/8 do salário mínimo tinham mulheres negras como responsáveis, enquanto que apenas 9,8% destes domicílios tinham como responsáveis mulheres brancas.

Em 2010, 28,2% das mulheres negras não tinham carteira assinada, enquanto entre os homens brancos esse percentual era de 14,4%.

Sobre o CEDRA 

O CEDRA – Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais- é uma associação independente e apartidária que agrega pensadores da questão racial, especialistas em ciência de dados, estatísticos, economistas e cientistas sociais reunidos para destacar, das estatísticas oficiais, dados que possibilitem o aprofundamento das análises sobre as desigualdades raciais no Brasil. 

Os fundadores e membros do conselho deliberativo são Eduardo Pereira Nunes, Helio Santos, Marcelo Tragtenberg, Mario Theodoro e Wania Sant’anna.

A equipe é formada por profissionais multidisciplinares especialistas em análises, estudos e pesquisas sobre as questões raciais no Brasil. 

Entre as iniciativas do CEDRA, está a plataforma aberta de dados raciais , lançada em dezembro de 2022, que reúne dados sobre escolaridade, renda, domicílio (condições de moradia), trabalho e, agora, saúde, com foco em mulheres negras, jovens e lei de cotas. Os dados são coletados de fontes oficiais e são realizados cruzamentos inéditos apresentados de uma maneira fácil e acessível, e com análises produzidas pelos especialistas.  Para a construção da plataforma, o CEDRA obteve apoio do Instituto Çarê, Fundação Itaú, Itaú Unibanco, Instituto Galo da Manhã e Instituto Ibirapitanga, e, atualmente conta com apoio da B3 Social e Associação Bem-te-vi, além de parcerias com a Amazon Web Services, Bain & Company, Daniel Advogados e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicos – IBASE.

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