18 de junho de 2025

NeuroMobility: tecnologia pode trazer mobilidade e qualidade de vida para pessoas com limitações neuromotoras

Ryvia Bezerra / Foto: Arquivo pessoal

Conheça o conceito que vem trazendo verdadeiras revoluções no campo da tecnologia assistiva

Um vídeo viral no TikTok trouxe um debate muito importante para pessoas que possuem dificuldade de locomoção. Compartilhado por uma estudante alemã e com mais de 33 milhões de visualizações, o vídeo mostra Emelie Dahnke vestindo um traje especial, levantando de uma cadeira de rodas e andando. Um ato simples, não fosse pelo fato de a estudante estar há dois anos impossibilitada de andar após uma lesão medular incompleta. O traje que ela utiliza é o Exopulse Mollii Suit, distribuído pela Ottobock, e a ideia por trás dessa roupa especial é a da neuromodulação por eletroestimulação. A neuromodulação é uma forma de ajustar a atividade do sistema nervoso usando estímulos elétricos de baixa intensidade, com o objetivo de melhorar funções motoras, reduzir a dor e/ou controlar espasmos.

E é por meio desse conceito, de NeuroMobility, que a Ottobock vem unindo neurociência e tecnologia para ajudar pessoas com condições neurológicas, como lesão medular, AVC, paralisia cerebral ou esclerose múltipla, a recuperarem movimento e independência. “Combinando recursos como neuromodulação por eletroestimulação, como é o caso do traje Exopulse Mollii Suit, utilizado pela estudante alemã no TikTok, órteses inteligentes e tecnologias funcionais adaptativas, esse conjunto de soluções tecnológicas tem como objetivo reorganizar os sinais entre cérebro, nervos e músculos, promovendo mais controle motor, menos espasticidade e uma mobilidade mais ativa e natural no dia a dia”, conta Vanessa Cruz, fisioterapeuta e Coordenadora Técnica de Produtos da Ottobock.

“O Mollii Suit, por exemplo, utilizado pela Emelie no vídeo que viralizou e que estará disponível no mercado brasileiro em 2026, é equipado com  58 eletrodos que estimulam os músculos, possibilitando a melhora da espasticidade por meio da reciprocação e inibição muscular, promovendo o relaxamento da musculatura e resultando em movimentos mais organizados e controlados facilitando o  caminhar”, explica Vanessa. 

Mas não é só o traje do vídeo que possibilita isso. Vanessa cita, por exemplo, a órtese C-Brace, uma articulação com sistema eletrônico e hidráulico, produzida com sensores para órteses de membros inferiores. Segundo ela, o mecanismo realiza a leitura do movimento do paciente 100 vezes por segundo, para então enviar essa informação ao microprocessador, que regula o suporte necessário de segurança. “É uma órtese que controla a flexão do joelho, tanto na fase de balanço quanto na fase de apoio durante o ciclo da marcha, possibilitando que pessoas que não têm o controle dos membros inferiores possam realizar uma marcha fisiológica. É o que tem de mais seguro e tecnológico no mundo”, explica a fisioterapeuta. O resultado é impressionante. 

E quem utiliza a órtese relata melhoria significativa na caminhada. É o caso da médica Ryvia Bezerra. Aos nove meses de vida, ela foi diagnosticada com poliomielite, a conhecida paralisia infantil, o que afetou seus movimentos. “Na ocasião, eu estava aprendendo a andar. De lá pra cá foram 14 cirurgias com o objetivo de me ajudar a caminhar. Com o decorrer do tempo, as dores na perna afetada pela doença me levaram a considerar a necessidade do uso de um equipamento que auxiliasse na minha locomoção”, conta. 

Foi somente adulta que passou a contar com o modelo C-brace. A médica comenta que, com a C-Brace, tem sido mais fácil realizar caminhadas de longas distâncias e ficar de pé por tempo moderado. “Com o uso da órtese tenho uma marcha praticamente normal , consigo andar boas distâncias, e ficar em pé não é mais um problema. Minha postura também ficou mais bonita e alinhada”, conta ela. 

Novas possibilidades e personalização

A C-Brace já é comercializada no Brasil, e a Ottobock possui uma extensa linha de produtos desenvolvidos com base no conceito de NeuroMobility. A ideia é ampliar cada vez mais o atendimento às pessoas com dificuldade de locomoção derivadas de lesões incompletas da medula espinhal, esclerose múltipla ou paralisia. 

A projeção para que o Mollii Suit chegue ao Brasil é na segunda metade de 2026. No entanto, é importante ressaltar que todos os produtos são desenvolvidos de forma personalizada, ou seja, é preciso acompanhamento clínico especializado para entender qual a solução mais adequada para cada caso.

“Na Ottobock não buscamos milagres, buscamos soluções reais. Nosso compromisso é com o desenvolvimento de tecnologias personalizadas que auxiliem cada pessoa a viver com mais autonomia, funcionalidade e qualidade de vida. Sabemos que não existem soluções mágicas, mas acreditamos na ciência e na inovação como aliadas para transformar desafios em possibilidades. Estamos continuamente investindo em pesquisas e produtos que devolvam o controle e a independência aos nossos usuários, pois viver bem é um direito de todos.”, finaliza Vanessa.

Sobre a Ottobock

Fundada em 1919, em Berlim, na Alemanha, a Ottobock é referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários. Dentro de um vasto portfólio de produtos, a instituição investe em próteses (equipamentos utilizados por pessoas que passaram por uma amputação); órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação); e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade). A Ottobock chegou ao Brasil em 1975 e atua no mercado da América Latina também em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central. Atualmente, no Brasil, são oito clínicas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

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