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Nada de pranchetas, com tabelas preenchidas à mão e dados que levam dias para serem compilados: dispositivos móveis, aplicativos e inteligência tecnológica são os instrumentos dessa profissão nos dias de hoje; ganhos chegam a R$ 3 mil, acima da renda média do brasileiro
Quando se fala em gig economy — tendência em que os profissionais atuam por projeto ou trabalho freelancer, sem vínculo empregatício —, o mais comum é associar o termo à empregabilidade por aplicativos de mobilidade urbana ou de entrega. Mas o leque de possibilidades é bem mais amplo. Entre as funções que têm se destacado, está a de pesquisador de preços de mercado.
Diferentemente da cena consolidada no imaginário coletivo — possivelmente vinda lá dos tempos da hiperinflação dos anos 1980 — em que pesquisadores da então Sunab (Superintendência Nacional de Abastecimento) eram figuras recorrentes entre gôndolas de supermercados, nada de pranchetas com tabelas complicadamente preenchidas à mão. Tampouco a exaustiva tarefa de passar tudo a limpo, quando no retorno ao escritório.
Aquela cena dá lugar, hoje, a imagens de pesquisadores portando dispositivos móveis, como celular ou tablet, conectados a aplicativos que fazem a leitura de código de barras e a transmissão das informações em tempo real. Assim são os atuais instrumentos de trabalho. Distribuídos em diversos pontos de comercialização, os pesquisadores apresentam aos gestores não só um levantamento dos preços praticados como a disponibilidade de itens na prateleira.
Resultado: o fornecedor tem um panorama preciso de como seus produtos estão se comportando no varejo. Reposições a tempo, antes que o consumidor se frustre ao não encontrar o que quer no ponto de venda; um diagnóstico da variação de preços e do potencial de receita com exatidão é um dos ganhos dessa forma tecnológica de pesquisa de mercado.
“E, para quem trabalha realizando essa pesquisa, o pesquisador de campo, isso representa uma oportunidade de emprego e renda em que o profissional faz a sua jornada. Serve tanto como atividade principal de trabalho ou como uma fonte alternativa de empregabilidade”, ressalta o executivo Maycon Andrade, CEO da Price Survey, apelidada no mercado de “A Uber das pesquisas”.
Maycon Andrade, CEO da Price Survey
De acordo com o gestor, os pesquisadores de mercado atuam por projeto. É possível obter uma remuneração de até R$ 3 mil por mês, acima da renda média do trabalhador brasileiro, que está em torno de R$ 2,8 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Price Survey, os pesquisadores de campo são denominados pricers. A jornada é flexível — o importante é cumprir as metas. Recentemente a startup registrou 59.568 ‘Pricers’ ativos.
Andrade explica como é a execução das tarefas pelos colaboradores: “Os pricers recebem uma notificação no smartphone explicando a meta de cada pesquisa, bem como o local e o respectivo valor da remuneração pela atividade. Então, ao se deparar com o produto no estabelecimento, eles adicionam no app Price Survey o valor de venda, o código de barras, a foto da etiqueta de preço e o posicionamento da mercadoria na gôndola, a imagem do rótulo e se há alguma promoção vigente para aquele produto. De forma imediata, tais dados são validados e enviados ao cliente”.
Só em 2022, a Price Survey contabilizou mais de 21 milhões de itens pesquisados — exatos 21.280.992. São produtos de diversos gêneros. De origem mineira e, atualmente, também com sede em São Paulo, a Price Survey atende mercados em todo o Brasil. Atua ainda em Santiago do Chile, Assunção do Paraguai, NY e Seattle dos EUA e está prestes a desembarcar em Lima e Buenos Aires.
“A tecnologia da informação avançada é indispensável, mas não mais que os nossos pesquisadores, os pricers. São eles que alimentam nosso banco com dados que, com a inteligência tecnológica da nossa ferramenta, garantem nossa entrega com informações trabalhadas, seguras e em tempo real”, sublinha Andrade.