Levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia, do Ministério da Saúde, aponta um crescimento de 130% em São Paulo e 115% em Minas Gerais
Rio de Janeiro, julho de 2023 – Um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Ministério da Saúde, aponta que os números de internações por infarto do miocárdio aumentaram expressivamente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal entre os anos de 2008 e 2022.
Em São Paulo, estado do Brasil com maior população, a média mensal de internações por infarto foi de 18.856 em 2008 para 43.472 em 2022, uma elevação de 130,55%. Em Minas Gerais, segundo estado mais populoso, a média foi de 8.751 para 18.856, um crescimento de 115,47%. Veja tabela abaixo com os números de todos os estados e DF.
O INC divulgou na semana passada o levantamento nacional que indicou um acréscimo de 158,31% no número de internações por infarto no Brasil de 2008 a 2022. A principal conclusão do recorte por estados do levantamento, divulgado agora, é que o problema do aumento da incidência de doenças coronarianas atingiu todas as regiões do país.
“A elevação dos casos de infarto aconteceu em todos os estados brasileiros, independentemente do tamanho e densidade populacional, nível de urbanização, desenvolvimento econômico-social e renda per capita, ou condições climáticas”, afirma Dra. Aurora Issa, Diretora do INC. “O aumento da incidência de doença coronariana é nacional”.
O levantamento foi realizado pelo Observatório de Saúde Cardiovascular do INC no Sistema de Internação Hospitalar do DataSUS, do Ministério da Saúde. A abrangência são todos os pacientes brasileiros do SUS (em hospitais públicos e hospitais privados que têm convênio com o SUS), o que representa de 70% a 75% do total de pacientes no Brasil.
Aurora Issa cita como prováveis causas da elevação do número de infartos no país o envelhecimento populacional e aumento da obesidade, causada pelo sedentarismo e alimentação inadequada.
A médica enfatiza que a prevenção às doenças cardiovasculares passa pela adoção de um estilo de vida saudável: não fumar; fazer atividades físicas regularmente; e ter uma dieta saudável (menos alimentos gordurosos e ultraprocessados, mais verduras, legumes, frutas e hortaliças). Ela também chama a atenção para a importância da vacinação, em particular contra a Covid-19 e gripe, uma vez que as infecções podem ser um gatilho para o infarto do miocárdio.
De 2017 a 2021, 7.368.654 brasileiros morreram devido a doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte entre homens e mulheres no país.
O Dr. Bernardo Tura, pesquisador do Observatório de Saúde Cardiovascular e responsável direto pelo levantamento, alerta para distorções nos números de estados como Rondônia e Roraima, que apresentaram elevações extremamente elevadas. Ele explica que distorções estatísticas acontecem com frequência quando se analisam populações muito pequenas.
O pesquisador esclarece ainda que o levantamento do INC classifica os pacientes de acordo com seus locais de residência, não de internação. Ou seja, um paciente de uma região com pouco acesso a serviços de saúde transferido para tratamento em São Paulo, o que acontece com alguma frequência, consta no levantamento por seu estado de origem.
O INC é o centro de referência do Ministério da Saúde no tratamento de alta complexidade em doenças cardíacas e na pesquisa e ensino em Cardiologia. Localizado no Rio de Janeiro, o Instituto celebra em 2023 seu 50º aniversário de fundação.
Tabela: Variação no número de internações por infarto nos estados e DF de 2008 a 2022. |