Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE / Foto: Divulgação
Em ano de queimadas e enchentes, pesquisa RADAR FEBRABAN traz pela primeira vez o destaque de preocupação com questões climáticas
Em ano de enchentes e queimadas no país, a preocupação com o meio ambiente superou pela primeira vez a fome e a pobreza entre a população. Segundo a última pesquisa RADAR FEBRABAN – que perguntou, entre outras questões, quais áreas devem merecer mais atenção do governo nos próximos meses – o meio ambiente foi citado, em resposta estimulada, por 5% dos entrevistados, acima daqueles que elegeram a fome e a pobreza como prioridade (4%).
Em comparação com a mesma pesquisa realizada há um ano (junho de 2023), o meio ambiente como prioridade subiu de 2% para os atuais 5%, enquanto a fome e a pobreza caíram quatro pontos percentuais na avaliação, passando de 8% para os atuais 4%.
“O brasileiro chega ao início do segundo semestre do ano impactado pelos efeitos das mudanças climáticas, que se manifestaram de maneira extrema este ano. A percepção de que a questão ambiental se torna cada vez mais prioritária se reflete na pesquisa”, avalia o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.
Resultados por região
No Sul, o meio ambiente foi citado como prioridade por 8% da população. Na pesquisa feita há um ano, foi lembrado por apenas 3% dos entrevistados e ficou em oitavo lugar na lista de prioridades. Na pesquisa de 2024, é a quinta opção mais citada, ficando atrás de outros temas que tradicionalmente recebem mais menções como prioritários: saúde (29%), emprego e renda (15%), inflação e custo de vida (15%) e educação (11%). Fome e pobreza foram lembradas por 4% das pessoas na região.
No Centro-Oeste, o índice daqueles que apontaram o meio ambiente como prioridade subiu de 2% em junho de 2023 para 6% este ano. Na lista de prioridades, o meio ambiente também cresceu e já ocupa o quinto posto na pesquisa – era o oitavo há 12 meses. As maiores prioridades apontadas pela população do Centro-Oeste foram: saúde (32%), emprego e renda (26%), educação (12%), e inflação e custo e vida (10%).
No Norte, o índice daqueles que apontaram o meio ambiente como prioridade cresceu de 3% em junho de 2023 para 4% este ano. Apesar do crescimento de apenas um ponto percentual, o meio ambiente está no sexto posto na lista de prioridades da pesquisa, superando inflação e custo de vida (tinha 9%, agora tem 3%) e fome e pobreza (tinha 8%, agora tem 1%). As maiores prioridades apontadas pela população do Norte foram: saúde (35%), emprego e renda (30%), educação (10%), segurança (8%) e combate à corrupção (7%).
No Nordeste, o índice daqueles que apontaram o meio ambiente como prioridade cresceu de 1% em junho de 2023 para 5% este ano. Foi o maior crescimento percentual registrado entre todas as regiões. Na lista de prioridades, o meio ambiente está agora no sexto posto da pesquisa, empatado com fome e pobreza (em 2023, era oitavo). As maiores prioridades apontadas pela população do Nordeste foram: saúde (33%), emprego e renda (23%), segurança (11%), educação (8%), inflação e custo de vida (6%) e fome e pobreza (também 5%).
No Sudeste, o índice daqueles que apontaram o meio ambiente como prioridade partiu de 2% em junho de 2023 para 4% este ano. Na região, a fome e a pobreza ainda superam o meio ambiente como prioridade. O meio ambiente permanece com o oitavo posto na pesquisa – era também o oitavo há 12 meses. As maiores prioridades apontadas pela população do Sudeste foram: saúde (29%), emprego e renda (23%), inflação e custo e vida (12%), educação (9%), segurança (9%), fome e pobreza (5%) e combate à corrupção (5%).