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No mundo, 75% dos investidores afirmam que a sustentabilidade é importante para as suas decisões de investimento, enquanto 57% apoia mais clareza e consistência nos relatórios sobre o tema
Mais de nove em cada dez investidores brasileiros (98%) acreditam que os relatórios corporativos sobre o desempenho da sustentabilidade contêm informações não comprovadas, de acordo com a Pesquisa Global com Investidores 2023 da PwC, publicada recentemente. No mundo, esse índice é de 94%.
A terceira edição da pesquisa entrevistou investidores e analistas de diferentes regiões, classes de ativos e abordagens de investimento para obter informações sobre os fatores que mais afetam as empresas em que investem.
A pesquisa conclui que, globalmente, embora as preocupações macroeconômicas e inflacionárias continuem a ser as principais, elas diminuíram em 2022. Em 2023, os riscos climáticos aumentaram consideravelmente, comparando-se ao risco cibernético (32%).
Ao mesmo tempo, a pesquisa traça o quadro de um cenário de investimento impulsionado pela transformação tecnológica: 59% identificaram essa mudança como o fator mais provável de influenciar a forma como as empresas criam valor nos próximos três anos. Em particular, no Brasil, quase 70% disseram que a adoção mais rápida da IA é “muito” ou “extremamente importante”.
O tema da sustentabilidade também continua a ser fundamental para os investidores: globalmente, 75% afirmam que a forma como uma empresa faz a gestão de riscos e oportunidades relacionados ao tema é um importante nas suas decisões de investimento, embora tenha diminuído 4% em relação a 2022.
“A pesquisa deixa claro que existe uma gama importante de temas que os investidores levam em consideração ao investir em uma empresa. Além dos temas de sustentabilidade, os investidores consideram atributos como a competência e o histórico da administração, a capacidade de inovação, além de temas ligados a tecnologias emergentes e segurança de dados. De forma geral, a pesquisa revela uma seletividade cada vez maior, e um desafio para as empresas demonstrarem que estão avançando em uma gama de assuntos tão relevantes como diversos. ”, comenta o sócio da PwC Brasil Mauricio Colombari.
Padronização
As percepções de greenwashing podem explicar por que os investidores recorrem aos reguladores e organismos de normalização para serem mais claros e consistentes nos relatórios das empresas. No mundo, 57% dos investidores disseram que, se as empresas cumprirem os próximos regulamentos e padrões (incluindo CSRD, ou seja, regras de divulgação climática propostas pela SEC nos EUA, e padrões ISSB), isso atenderá “bastante” ou “muito” às suas necessidades de informação para a tomada de decisões. Além disso, 85% afirmam que uma garantia razoável (semelhante à auditoria das demonstrações financeiras) aumentaria a confiança nos relatórios de sustentabilidade “moderadamente”, “bastante” ou “muito”.
O foco dos investidores no cumprimento dos custos dos compromissos ESG também aumentou globalmente. Dos entrevistados, 76% consideram essa informação importante ou muito importante. Os investidores também pretendem obter informações sobre o impacto de uma empresa na sociedade ou no ambiente. No Brasil e no mundo, 75% concordam que as empresas devem divulgar o valor monetário do seu impacto no ambiente ou na sociedade, acima dos 68% e 66%, respectivamente, em 2022.
Neste contexto, Mauricio Colombari comenta sobre a necessidade dos investidores em validar informações por meio de órgão reguladores como a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), no Brasil, ou organismos internacionais como a Sustainability Standards Boards (ISSB). “O fato de 94% dos investidores entenderem que os relatórios de sustentabilidade contemplam algum tipo de divulgação não suportada por ações ou fatos (ex. greenwashing) é um dado muito emblemático, e que indica que mudanças são necessárias na forma como as empresas vêm divulgando as informações de sustentabilidade”, destaca.
Um outro aspecto que precisa ser considerado, comenta o sócio, é que essas normas são voltadas substancialmente para as informações que precisam ser divulgadas, e não para as práticas de uma organização em relação aos temas de sustentabilidade. “Acredito que as normas podem ser um instrumento interessante para que as empresas dêem alguns passos para trás, e reavaliam, por exemplo, a estrutura de governança para monitorar os temas de sustentabilidade, a estratégia em relação a esses temas, os riscos, entre outros”, completa.
Inteligência artificial
Os resultados da pesquisa deste ano mostram que os investidores consideram a rápida adoção da inteligência artificial (IA) como crítica para a criação de valor, reconhecendo, ao mesmo tempo, a importância da gestão de riscos. No Brasil, quase 70% afirmaram que uma adoção rápida da IA é muito ou extremamente importante. No mundo, o índice é de 60%.
De modo geral, no mundo todo, os investidores identificaram a mudança tecnológica como o fator com maior probabilidade de influenciar a forma como as empresas criam valor nos próximos três anos. De toda a amostragem, 59% fizeram essa observação.
Os investidores, globalmente, também classificaram a inovação e as tecnologias emergentes (incluindo a IA, o metaverso e o blockchain) como as suas cinco principais prioridades ao avaliar as empresas. No entanto, 86% consideram que a IA apresenta um risco considerável, de “moderado” a “muito grande”, quando se trata de segurança e privacidade de dados; governança e controles insuficientes (84%); desinformação (83%); e preconceito e discriminação (72%).
“Investidores têm o dom de ver oportunidades em riscos e crises. Por isso, querem entender como as empresas tratam a sustentabilidade e lidam com os possíveis riscos das tecnologias essenciais, como a inteligência artificial e o blockchain. Construir confiança é essencial para garantir que a sua empresa seja vista com bons olhos por eles”, afirma o sócio da PwC Brasil Lindomar Schmoller.
Sobre a pesquisa
Em setembro de 2023, foram entrevistados 345 investidores e analistas em 30 países e territórios e conduzidas 15 entrevistas aprofundadas. Os entrevistados eram predominantemente investidores institucionais, compreendendo gestores de carteiras (19%), analistas (18%) e diretores de investimentos (17%), com 48% tendo mais de dez anos de experiência no setor.
Seus investimentos abrangeram uma variedade de classes de ativos, abordagens de investimento e horizontes temporais, e os ativos sob gestão (AUM) em suas organizações variam de US$500 milhões a US$1 trilhão ou mais. Sendo que 65% dos respondentes são de organizações com um total de AUM de mais de US$1 bilhão.
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