26 de novembro de 2024

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Projeto da Uerj estuda tartarugas como indicadores de poluição na Baía de Guanabara

Projeto da Uerj estuda tartarugas como indicadores de poluição na Baía de Guanabara

Pesquisa do Laboratório de Genética Marinha (LGMar), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), examina a poluição na Baía de Guanabara através da observação de tartarugas-verdes na região. No mês de agosto, um artigo com os resultados do trabalho realizado em 2022 foi publicado em um periódico científico. O estudo identificou bactérias também patogênicas humanas nas amostras, ou seja, que podem causar doenças em seu hospedeiro. 

Ainda no segundo semestre de 2023, a equipe realizou a segunda edição da campanha “Caminhos das tartarugas cariocas”, coletando e analisando 84 animais nas águas da Marina da Glória e da Fortaleza de São João, zona sul do Rio de Janeiro, e no Clube Naval de Charitas, em Niterói. No momento, os pesquisadores examinam esses dados para, posteriormente, divulgar novas conclusões.

Tartarugas como biomonitores

Na literatura científica, biomonitores geralmente são organismos tolerantes à contaminação ambiental, que respondem simultaneamente a diferentes agentes poluentes, refletindo, assim, o nível de degradação do ecossistema.

De acordo com os pesquisadores, a tartaruga-verde (Chelonia mydas) é a espécie mais abundante no litoral brasileiro, é longeva e passa a maior parte da vida em ambientes costeiros, exposta a bactérias resistentes a antibióticos, oriundas do escoadouro humano, o que a torna um bom indicador de poluição marinha.

Durante a ação, a equipe, composta por alunos de Biologia e Oceanografia, além de servidores técnicos da Universidade, utilizou uma rede com malha apropriada para capturar as tartarugas. Em seguida, elas foram medidas, examinadas e tiveram amostras de seu tecido recolhidas para estudos genéticos e microbiológicos.

O perigo da resistência antimicrobiana

Segundo Gisele Lobo Hajdu, coordenadora do projeto e professora do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag), da Uerj, a investigação surgiu da necessidade de estudar a resistência antimicrobiana (RAM), que ocorre quando microrganismos são expostos a antibióticos, utilizados para tratar as infecções, em particular, as de origem bacteriana. Como consequência, os medicamentos se tornam ineficazes e surgem as superbactérias.

A resistência antimicrobiana é um problema de saúde pública há algum tempo. O uso sem controle de antibióticos na criação de animais para consumo humano é uma das maiores fontes de resistência microbiana. A RAM pode causar mortes e dificultar o controle de doenças infecciosas, ameaçando a saúde e a economia, devido aos altos custos com o tratamento por essas infecções. “Dada a troca frequente de bactérias e genes de resistência aos antimicrobianos entre espécies e ambientes, é crucial compreender e identificar as ligações entre os organismos humano, animal e ambiental”, explica a bióloga.

Trabalho durante o ano

As amostras são trabalhadas ao longo do ano, identificando os vários contaminantes presentes no tecido, sangue e fluidos dos animais. Além do trabalho de coleta, os alunos da Uerj promovem atividades de conscientização a respeito da poluição dos mares, com exposições, feiras de ciências e mutirões de limpeza das praias.

O projeto conta com a participação de pesquisadores das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Federal Fluminense (UFF), Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da ONG Caminho Marinho.

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