Foto: Divulgação Mapzer.
Mapzer utiliza tecnologias de mapeamento equipadas em carros que transitam por ruas em cidades brasileiras para monitorar 32 irregularidades como mato alto, lixo irregular, entre outras
Independentemente do tamanho, qualquer cidade é praticamente um organismo vivo, com as interações humanas modificando a todo momento o ambiente e a estrutura dos municípios. Para o poder público, um dos grandes desafios é acompanhar essa dinâmica e monitorar os problemas que surgem, para agir com eficiência na solução dos mesmos. As novas tecnologias estão surgindo para permitir uma ação cada vez mais efetiva e precisa das prefeituras, como é o caso da Mapzer.
A startup utiliza carros equipados com sistema de visão, Inteligência artificial generativa e conectividade embarcados em veículos próprios que processam os dados em tempo real e os registram em nuvem para acesso e posterior análise de 32 irregularidades nas ruas dos municípios brasileiros. Ao longo de quatro anos de atuação, já foram mais de 5 milhões de ocorrências. “Essa tecnologia que foi desenvolvida no Brasil por brasileiros ‘aprende’ por meio de um processo contínuo de coleta e análise de dados em tempo real. Conforme os veículos percorrem as ruas, o sistema processa as informações e a IA, então, identifica os padrões e anomalias, como buracos, falhas na sinalização ou problemas na iluminação pública”, afirma Paulo Machado, diretor executivo da Mapzer.
“Este grande volume de dados levantados nas ruas serve para compor o plano diretor municipal, apoiar a lei de uso do solo, o código de posturas municipais e outros programas que as cidades possuem, promovendo uma gestão mais eficiente e proativa dos espaços urbanos. Isso permite que as prefeituras identifiquem e priorizem as áreas que mais necessitam de reparos, mantenham a infraestrutura pública em boas condições e aprimorem a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos,” completa Paulo Machado
Entre os “campeões” de ocorrências, estão mato alto, rachaduras em vias públicas, lixo irregular, materiais de comércio obstruindo a calçada, placas comerciais obstruindo a via, veículos estacionados ou abandonados nas ruas e calçadas, buracos nas ruas e sinalizações danificadas ou inexistentes. Recentemente, a Mapzer passou a atuar noturnamente e já detectou dados importantes para a iniciativa pública. “Em uma cidade, identificamos mais de 2.400 lâmpadas apagadas. O que poderia ser um risco de segurança tanto para os pedestres como para os motoristas está sendo solucionado de forma mais eficiente pelo setor responsável”, destaca Machado.
O executivo afirma que com o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial lançado recentemente pelo Governo Federal, tecnologias que utilizam a inteligência artificial em prol de benefícios para a sociedade, como é o caso da Mapzer, podem se proliferar, o que vai garantir uma evolução dos serviços públicos. “Nós somos parceiros da gestão pública e nosso objetivo é fazer com que a nossa solução contribua para um trabalho cada vez mais assertivo e eficiente do Estado. Este programa do Governo Federal pode nos dar um suporte para a pesquisa, criação e aplicação de novas tecnologias, possibilitando que a Mapzer melhore suas capacidades de análise e automação”, explica.
Segundo ele, a Mapzer está constantemente implementando novas funcionalidades, especialmente a partir do aprendizado do algoritmo com a entrada de novos dados. Mas a startup tem a intenção de ampliar em breve sua atuação com foco no meio ambiente e na conservação das rodovias brasileiras. “Ainda temos muito a fazer, mas o lado positivo é que trabalhamos com uma tecnologia que por natureza evolui constantemente. Através desse ‘machine learning’, vamos compreendendo as lacunas e oportunidades da nossa atuação junto aos gestores públicos, que são peças fundamentais do nosso trabalho”, destaca.
Atualmente, a Mapzer já monitorou mais de 290 municípios brasileiros e pretende expandir para todas as regiões do país. “Acumulamos cases de sucesso com vários municípios que utilizaram a nossa solução para agir com mais eficiência, previsão e celeridade nos problemas que diariamente surgem. São resultados que demonstram que estamos no caminho certo para expandir cada vez mais o conceito de cidades inteligentes”, reforça o executivo da empresa.
ATUAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL
A tragédia das enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul no início deste ano mobilizou uma grande força-tarefa de voluntários com a intenção de contribuir da maneira que podiam. A Mapzer também se engajou na causa e enviou automóveis inteligentes aos municípios gaúchos, com o objetivo de auxiliar no mapeamento das condições das vias.
“Nós sabíamos que depois que a água baixasse, outros problemas surgiriam. Afinal, depois das enchentes, as vias públicas estariam repletas de irregularidades causadas pelos alagamentos. Percebemos que o poder público necessitaria de todo o apoio necessário para mapear e corrigir essas situações e por isso decidimos oferecer nossa tecnologia”, conta Paulo.
Três municípios receberam veículos da Mapzer: Porto Alegre, São Leopoldo e Lajeado. Em dois meses de trabalho, foram mais de 140 mil ocorrências mapeadas e o lixo irregular liderou os problemas mapeados, com mais de 18 mil ocorrências. “Isso é uma decorrência natural das enchentes, que arrastaram tudo que estava no solo. Esse mapeamento foi fundamental para que as prefeituras pudessem agir com celeridade na coleta e destinação desse lixo, evitando a proliferação de pragas e doenças”, explica Paulo.
